• capitulo 16 •

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Letícia

O pagode rolando no maior fogo, eu estava ali sambando na frente de Caveira. Fumaça e ele estavam conversando sobre invasão de uma outra favela, eles gargalhavam falando sobre um envolvido de outro morro, pareciam até mulher falando mal.

Me sentei no colo de Caveira e suspirei.

— Eu vou ir lá no posto, quero conversar com a Mari... - Falei sentindo um enjôo.

— Quer que eu leve tu? - Caveira perguntou e eu neguei com a cabeça.

Me levantei encarando Laura que me encarava com um certo deboche e fui caminhando até o posto.

Fui na maior lentidão, tive que parar umas duas vezes pra vomitar. E quando cheguei lá no posto a recepcionista veio me falar que a Mariane não tinha ido trabalhar.

Ué, que estranho.

Voltei no pagode e fui até a Vitória que estava se atracando com o Benê no escondido.

— Desculpa tá atrapalhando esse esfrega esfrega, mas sua irmã não foi trabalhar e nem veio aqui? - Falei e Vitória me encarou sem entender.

— A Mariane foi trabalhar sim, ela se arrumou pra ir e foi até de Uber. - Vitória disse já nervosa.

Respira e não pira.

Peguei meu celular e fui saindo pra fora do pagode. Só chamava e não atendia, voltei até Caveira e me sentei impaciente.

— Que que tá pegando? - Caveira perguntou.

— A Mariane, saiu pra trabalhar mas não foi trabalhar. - Falei roendo as unhas.

Laura me encarou na mesma hora, Fumaça então, empurrou Laura do colo dele e se levantou.

— Mandou radinho? - Fumaça perguntou.

— Sim, o celular só chama e não atende. - Falei.

— Ai gente, as vezes a menina foi sair com as amigas e não quis ir trabalhar, só isso! - Laura disse negando e saindo dali.

— Como a voz dessa pirua me irrita! - Falei cruzando os braços.

— Fica tranks, ela tá de boa, certeza! - Caveira disse me puxando pro colo dele.

Logo senti aquele mesmo enjôo, sai correndo até o banheiro pra soltar tudo oque restava no meu estômago.

*****

Vitória

Tentei ligar pra Mariane mas ela não atendia, liguei pra minha mãe e perguntei se Mariane estava lá e minha mãe disse que não.

Eu fiquei preocupada, Mariane sempre foi de avisar aonde ia.

Fui descendo até o posto pra ver se ela já não tinha chegado e realmente não. Desci até a barreira e conversei com um vapor, cheguei a mostrar até foto da Mariane e um deles disse que viu ela passando aqui tempos antes.

Eu tentei levar ele lá no pagode, mas quem disse que ele foi? Foi nada, subi correndo até o pagode e guiei até aonde Letícia estava.

— Leticia... - Falei respirando rápido de tanto que eu havia corrido. - Um vapor viu a Mariane entrar aqui na favela! - Falei com a respiração ofegante.

Todos se levantaram na mesma hora.

— Será que sequestraram? - Perguntei nervosa.

— Que vapor? - Caveira perguntou.

— Um neguinho de cabelo amarelo, que parece um toddy. - Falei fazendo um coque.

Fumaça foi o primeiro a sair, Caveira foi atrás e logo eu fui junto com Leticia. Descemos em menos de cinco minutos, de tão rápido que fomos.

Chegamos lá e Fumaça já foi puxando o menino.

— Tu viu a Mariane subir? - Fumaça perguntou com os braços cruzados.

O menino arregalou os olhos fe uma forma.

— É... É patrão, ela subiu, desceu do Uber e entrou Trampa! - O vapor disse.

— E tu viu ela subir pra que lado? - Fumaça perguntou.

— Pra lá... - O vapor apontou.

Fumaça saiu dali frenético, ele andava rápido entrando e saindo de becos e vielas.

A gente seguia ele, mas ele andava rápido demais, quando ele parou em um beco, fomos caminhando até ele encarando o chão, Caveira acendeu a luz do celular dele e vimos Mariane caída no chão sangrando, sem roupa e com o cabelo curtinho.

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• aperta na estrelinha •

Do asfalto pra favelaOnde histórias criam vida. Descubra agora