• capitulo 6 •

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Mariane

Minha rotina tava a mesma de sempre, mas eu sempre ia ver Vitória, sempre ia pra ver ela e pagar a dívida dela. Eu estava ficando quase sem salário, minha mãe estava vindo na minha cabeça que eu não ajudava mais em casa.

Hoje mesmo era minha folga, depois de muito tempo, graças a Deus uma folguinha.

Aproveitei e fui pra casa de Vitória, eu precisava ver como ela estava. Quando cheguei lá, ela estava encolhida num canto.

— Ei, como você tá? - Perguntei indo até ela e abraçando.

— To melhor, e você? - Ela perguntou se sentando.

— Eu to bem... Você vai voltar pra casa, eu vou falar com a mãe e você volta! - Falei e ela negou com a cabeça. - Vitória não tem porque você ficar aqui. O carinha lá é casado, não quero você entrando em mais problemas. - Falei suspirando.

— Fala com a mãe sim, mas eu vou resolver com ela isso! - Vitória disse se levantando.

— Resolver com quem? - Perguntei.

— Com a mulher do Benê, ela matou o meu filho, você tem noção disso? - Vitória disse amarrando o cabelo.

— Isso não é uma boa idéia Vitória, já acabou, pronto, vamos embora! - Falei.

— Eu vou, mas antes eu quero acertar com ela! - Vitória disse saindo e indo pro quarto.

Meu Deus, eu quando tinha 15 anos não tinha essa cabeça que ela tem, Deus me livre.

A gente sempre foi diferentes, por mais que eu seja 4 anos mais velha que ela, ela nunca foi comportada que nem devia ser.

Vitória trocou de roupa e mandou mensagem pra aquela tal amiga “ Jaque ”. Em minutos a Jaque já estava na frente de casa.

— Vitória, eu sei que o que ela fez foi maldade, mas pelo amor de Deus, ela é mulher de bandido! - Falei nervosa já.

— E eu era a amante do bandido! - Ela disse saindo rebolando.

Ela foi indo na frente com a amiga dela e eu fui indo atrás torcendo pra que não achasse a mulher.

Vitória foi na porta da casa da mulher, fiquei do outro lado só olhando, logo encostou uma menina do cabelão vermelho do meu lado.

— É perreco ali né mona? - Ela perguntou rindo cruzando os braços.

— Eu queria que não fosse viu, mas minha irmã não se aguenta. - Falei negando com a cabeça.

— Mas ela tá pelo certo? - Ela perguntou.

— Uma longa história viu... - Falei vendo a porta abrindo.

Logo saiu uma mulher com a maior cara de barraqueira.

— Qual é teu nome em? - A menina do meu lado me perguntou.

Eu aqui querendo prestar atenção e ela não para de falar.

— Mariane e você? - Perguntei.

— Letícia. - Letícia disse sorrindo.

Essa gosta de sorrir em.

— Tu quer apanhar mais ainda né safada? - A mulher que saiu de dentro da casa foi indo pra cima de Vitória.

Não me aguentei, fui andando até ela e quando vi, eu já estava em cima dela enchendo de tapas.

Eu que nunca fui de brigar e nem nada, to aqui batendo em uma guria que nem conheço e que é mulher de bandido.

Quando me dei conta, era tarde demais, senti me puxarem e quando olhei era o cara que comandava a favela aqui. Senti aquele arrepio e fechei meus olhos.

— Sua vagabunda, você não sabe aonde tu tá se metendo. - A mulher falava alto enquanto era segurada por um outro cara.

Vitória veio me puxar mas o dono me puxou de volta.

— Que putaria é essa? Tá achando que tá aonde? - Ele perguntou enquanto apertava meu braço.

— Desculpa... - Falei baixo.

Logo veio a Letícia.

— Ei Fumaça, solta ela, a Kátia que ia ir pra cima da irmã dela. - Letícia disse tentando me puxar.

Fumaça?

Ele me encarou sério e um carinha mandou todo mundo vazar, menos os que estavam na “ treta ”. Chegamos um perto do outro e a tal Kátia tava sendo segurada pelo tal Benê.

— Qualé parceiro, te vira ai que a confusão é contigo, só não quero esses barato aqui caralho! - Fumaça disse acendendo um cigarro.

— Oque você tem pra dizer Bernardo?  - Kátia perguntou brava pra Benê.

— Ela é malucona cara, tu entende os barato errado Kátia. - Benê disse bufando.

— Eu sou a maluca? Eu tava grávida de você seu ridículo. Vai se foder caralho! - Vitória disse correndo pra baixo.

A amiga dela foi atrás correndo e eu fiquei ali com todos me olhando.

— Quero bater um lero contigo ai menor! - Fumaça disse me encarando sério.

Ele soltou a fumaça do cigarro em mim e eu tossi igual uma condenada.

— Isso na vai ficar assim na piranha. - Kátia disse berrando e eu dei de ombros.

Benê puxou ela pra dentro da casa e eu fiquei ali com Fumaça.

— Pode falar, eu preciso descer atrás da... - Fui falando mas ele me interrompeu.

— Tu é de qual morro em? Veio de x9 vagabunda? - Fumaça disse me puxando até um beco.

Senhor do céu, me ajuda.

Arregalei meus olhos assustada e neguei com a cabeça. Certamente a minha voz não saia.

— Fala porra, tu tá achando que sou trouxa? Te meto pipoco lazarenta! - Ele disse puxando meu cabelo.

Como isso dói...

— Não vim... Como... X9! - Falei e ele soltou meu cabelo.

Ele simplemente me encarou e saiu dali.

• aperta na estrelinha •

Do asfalto pra favelaOnde histórias criam vida. Descubra agora