Mariane
Eu me sentei na cadeira e fiquei encarando a minha unha.
— Tu foi pra Sampa pra que? - Fumaça perguntou.
Levantei meu olhar e vi ele acendendo um baseado.
— E desde quando te devo explicações? - Perguntei arqueando a sobrancelha.
Ele me encarou surpreso e logo veio na minha frente segurando meu maxilar.
— Desda época que nóis deu uns beijo. - Fumaça falou beijando rapidamente o canto da minha boca.
Eu empurrei ele e ele me encarou sério.
— Eu fui pra lá porque fiquei traumatizada, e eu voltei pra vencer o meu trauma. - Falei cruzando os braços.
— Nunca ficamo sabendo quem fez isso contigo... - Fumaça disse ainda me encarando.
Eu ri pelo nariz e neguei com a cabeça.
Como podia isso?
— Engraçado como você é tão cego. Eu fui embora por conta da sua mulher, quem me espancou aquele dia a cinco anos atrás foi ela, mas isso não é nada, aliás, eu que fui a errada de dar idéia em homen casado né! - Falei saindo dali e descendo rápido.
Eu fui direto pra casa de Letícia, quando ela me viu já veio me pedindo desculpas mas eu logo desabei chorando. Eu segurei por muito tempo esse choro, e agora era a hora certa de soltar tudo que eu estava guardando pra mim.
— O que houve Mariane? - Letícia perguntou me encarando preocupada.
— Eu não sei por que eu vim... Minha mãe tá magoada, o Caveira te faz sofrer e o Fumaça... - Falei chorando.
— O que tem o Fumaça? - Letícia perguntou acariciando meu cabelo.
— Ele me fez lembrar da vagabunda da mulher dele. - Falei.
— Mas o que tem a mulher dele Mariane? - Letícia perguntou.
— Foi ela que me espancou aquele dia Letícia, ela que estragou com a minha vida emocional. - Eu falava com um certo nojo de mim mesma.
Eu tentei, por muitos anos tentei, e eu consegui, mas hoje vendo que estou de volta aqui, vejo que a ferida ainda dói.
Letícia me encarou assustada. Eu peguei minhas coisas e sai de lá o mais rápido possível, indo pro hotel.
*****
Fumaça
Era bagulho forte. Essa mina era diferentona, depois de mo cota, eu queria ela, ela me fazia ter um desejo por ela inexplicável.
*****
Tava de noite, cheguei em casa depois de ir na casa de uma amante ai, trombei de cara Laura e mulher de Benê no maior papo. Subi pro banheiro tomar aquela ducha e depois desci de novo pra sala, mas a mulher do Benê não tava mais.
— Fiquei sabendo de uma coisa que andou acontecendo aqui... - Laura disse se fazendo de sonsa.
— Abre o bico logo, tenho cota pra isso não. - Falei indo pra cozinha.
— Aquela vagabunda voltou? - Laura perguntou.
— Que vagabunda Laura? - Perguntei encarando ela.
— Aquela biscate amiga da Letícia! - Laura disse alterada já.
— Tu abaixa tua bola aê Laura, eu não to sabendo de fita nenhuma se ela voltou. E se voltou qual é do problema? Tu deve por acaso? - Perguntei encarando ela.
Ela fez aquela cara de deboche e saiu.
Te foder mermão, tenho cara que preciso saber de fulano e Ciclano.
Bati aquele rangão e depois sai guiando pra goma de Caveira, precisava bater um lero com a Letícia.
Ela tava logo na rua sentada com a menor dele.
— E aê menor, cadê o beijo do tio? - Falei vendo Nicole correr pra cima de mim.
— Tio você me trouxe bala? - Nicole perguntou.
— Pô menor, foi mal aê nem deu... - Falei e ela saiu batendo o pé até a coroa dela.
Letícia me encarava séria e eu me agachei até ela.
— Aonde tua parceira tá? - Perguntei.
— Que parceira? - Letícia perguntou.
Encarei ela sério e ela bufou.
— Mariane tá no hotel São Dimas... - Letícia disse.
******
Mariane
Sai do banho e me deitei no sofá ligando a TV, ouvi a porta bater e fui abrir dando de cara com Fumaça.
— Que porra é essa? - Fumaça perguntou encarando meu minúsculo shorts com meu top.
— Que porra é essa digo eu. Tá fazendo oque aqui? - Perguntei assustada.
Fumaça já foi entrando, tirou o chinelo e já foi se jogando no sofá.
— Vou dormir contigo hoje pô, relaxa, só dormir! - Fumaça disse arrancando a camiseta.
Fechei a porta e fechei a cara olhando ele, ele me encarou e se levantou vindo até a mim.
— Te devo perdão minha gata, tu tá ainda magoadona aê, Laura vai pagar do jeito que merece, mais não fica de bico não caralho! - Fumaça disse vindo me abraçar.
Eu tentei empurrar, mas era aquele mesmo cheiro de anos atrás.
— Por que você é assim comigo? Eu não vou te dar, que droga. - Falei manhosa.
— Sem maldade, quero tu, mais se for pra ficar sem transar eu fico pô! - Fumaça disse me encarando.
— Você é casado. Me deixa! - Falei me afastando.
Virei de costas e ele veio atrás de mim.
— Eu largo ela pra ficar contigo minha gata! - fumaça sussurrou em meu ouvido.
Arrepio do caralho.
• aperta na estrelinha •
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Do asfalto pra favela
Teen FictionMariane vai pra favela para ajudar sua irmã Vitória e acaba sendo alvo do maior traficante do estado.