• capitulo 22 •

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Mariane

Eu me sentei na cadeira e fiquei encarando a minha unha.

— Tu foi pra Sampa pra que? - Fumaça perguntou.

Levantei meu olhar e vi ele acendendo um baseado.

— E desde quando te devo explicações? - Perguntei arqueando a sobrancelha.

Ele me encarou surpreso e logo veio na minha frente segurando meu maxilar.

— Desda época que nóis deu uns beijo. - Fumaça falou beijando rapidamente o canto da minha boca.

Eu empurrei ele e ele me encarou sério.

— Eu fui pra lá porque fiquei traumatizada, e eu voltei pra vencer o meu trauma. - Falei cruzando os braços.

— Nunca ficamo sabendo quem fez isso contigo... - Fumaça disse ainda me encarando.

Eu ri pelo nariz e neguei com a cabeça.

Como podia isso?

— Engraçado como você é tão cego. Eu fui embora por conta da sua mulher, quem me espancou aquele dia a cinco anos atrás foi ela, mas isso não é nada, aliás, eu que fui a errada de dar idéia em homen casado né! - Falei saindo dali e descendo rápido.

Eu fui direto pra casa de Letícia, quando ela me viu já veio me pedindo desculpas mas eu logo desabei chorando. Eu segurei por muito tempo esse choro, e agora era a hora certa de soltar tudo que eu estava guardando pra mim.

— O que houve Mariane? - Letícia perguntou me encarando preocupada.

— Eu não sei por que eu vim... Minha mãe tá magoada, o Caveira te faz sofrer e o Fumaça... - Falei chorando.

— O que tem o Fumaça? - Letícia perguntou acariciando meu cabelo.

— Ele me fez lembrar da vagabunda da mulher dele. - Falei.

— Mas o que tem a mulher dele Mariane? - Letícia perguntou.

— Foi ela que me espancou aquele dia Letícia, ela que estragou com a minha vida emocional. - Eu falava com um certo nojo de mim mesma.

Eu tentei, por muitos anos tentei, e eu consegui, mas hoje vendo que estou de volta aqui, vejo que a ferida ainda dói.

Letícia me encarou assustada. Eu peguei minhas coisas e sai de lá o mais rápido possível, indo pro hotel.

*****

Fumaça

Era bagulho forte. Essa mina era diferentona, depois de mo cota, eu queria ela, ela me fazia ter um desejo por ela inexplicável.

*****

Tava de noite, cheguei em casa depois de ir na casa de uma amante ai, trombei de cara Laura e mulher de Benê no maior papo. Subi pro banheiro tomar aquela ducha e depois desci de novo pra sala, mas a mulher do Benê não tava mais.

— Fiquei sabendo de uma coisa que andou acontecendo aqui... - Laura disse se fazendo de sonsa.

— Abre o bico logo, tenho cota pra isso não. - Falei indo pra cozinha.

— Aquela vagabunda voltou? - Laura perguntou.

— Que vagabunda Laura? - Perguntei encarando ela.

— Aquela biscate amiga da Letícia! - Laura disse alterada já.

— Tu abaixa tua bola aê Laura, eu não to sabendo de fita nenhuma se ela voltou. E se voltou qual é do problema? Tu deve por acaso? - Perguntei encarando ela.

Ela fez aquela cara de deboche e saiu.

Te foder mermão, tenho cara que preciso saber de fulano e Ciclano.

Bati aquele rangão e depois sai guiando pra goma de Caveira, precisava bater um lero com a Letícia.

Ela tava logo na rua sentada com a menor dele.

— E aê menor, cadê o beijo do tio? - Falei vendo Nicole correr pra cima de mim.

— Tio você me trouxe bala? - Nicole perguntou.

— Pô menor, foi mal aê nem deu... - Falei e ela saiu batendo o pé até a coroa dela.

Letícia me encarava séria e eu me agachei até ela.

— Aonde tua parceira tá? - Perguntei.

— Que parceira? - Letícia perguntou.

Encarei ela sério e ela bufou.

— Mariane tá no hotel São Dimas... - Letícia disse.

******

Mariane

Sai do banho e me deitei no sofá ligando a TV, ouvi a porta bater e fui abrir dando de cara com Fumaça.

— Que porra é essa? - Fumaça perguntou encarando meu minúsculo shorts com meu top.

— Que porra é essa digo eu. Tá fazendo oque aqui? - Perguntei assustada.

Fumaça já foi entrando, tirou o chinelo e já foi se jogando no sofá.

— Vou dormir contigo hoje pô, relaxa, só dormir! - Fumaça disse arrancando a camiseta.

Fechei a porta e fechei a cara olhando ele, ele me encarou e se levantou vindo até a mim.

— Te devo perdão minha gata, tu tá ainda magoadona aê, Laura vai pagar do jeito que merece, mais não fica de bico não caralho! - Fumaça disse vindo me abraçar.

Eu tentei empurrar, mas era aquele mesmo cheiro de anos atrás.

— Por que você é assim comigo? Eu não vou te dar, que droga. - Falei manhosa.

— Sem maldade, quero tu, mais se for pra ficar sem transar eu fico pô! - Fumaça disse me encarando.

— Você é casado. Me deixa! - Falei me afastando.

Virei de costas e ele veio atrás de mim.

— Eu largo ela pra ficar contigo minha gata! - fumaça sussurrou em meu ouvido.

Arrepio do caralho.

• aperta na estrelinha •


Do asfalto pra favelaOnde histórias criam vida. Descubra agora