Caveira
Pô, toda vez a Letícia vem na oreia, uma hora cansa cara, eu ainda continuo com ela pela Nicole. Lembro quando era pivete e meus coroa vivia em guerra, era paia ter que aguentar ainda mais depois que meu coroa meteu o pé, foi mais complicadão.
Quero o melhor pra minha Nicole, mais vê se a dona encrenca da Letícia vê isso, vê nada, fica o dia todo lá sem fazer porra alguma.
*****
Levei minha princesa pra tomar um sorvete e depois deixei ela em casa, guiei pra boca e logo avistei Fumaça.
— Dona onça comeu teu rabo foi? Demora do caralho em! - Fumaça disse negando com a cabeça.
— A minha dona onça tava de papo com a tua dona onça. - Falei rindo já.
— Qual foi parceiro a tua mulher com Laura não de bicam pô, era perreco? - Fumaça perguntou jogando a bituca de cigarro pro lado.
— Não, a Mariane voltou, tava lá na sala de papo com Letícia. - Falei e vi os zoios de Fumaça salta.
Vai da perreco.
*****
Mariane
Tinha contado tudo pra Letícia, ela acabou entendendo. A gente tava na cozinha fazendo um bolo enquanto ela contava as coisas que aconteceu e que tava acontecendo.
— Caveira mudou em... - Falei.
Ela me encarou e concordou com a cabeça.
— Depois que tive a Nicole, ele se transformou. Não é mais o mesmo, ele deve tá andando me traindo, veio gente na minha orelha já, mas eu quero ver com meus olhos. - Letícia disse colocando o bolo no forno.
— Deu pra ver mesmo o jeito que ele tá, ele não era assim! - Falei estranhando.
— Pois é, nem saio mais daqui, no máximo ir no mercadinho e levar a Nicole pra creche! - Letícia disse suspirando.
Dava pra ver o quanto ela era infeliz.
— Ué mas ele não deixa? - Perguntei e ela negou com a cabeça. - E desde quando o homem manda em mulher? Letícia acorda pra vida, você é um mulherão, você não merece viver presa enquanto ele na farra! - Falei e ela foi indo pra sala.
Logo a porta de abriu e a Nicole entrou correndo.
— Aonde tá seu pai? - Letícia perguntou.
— Foi trabalhar. - Nicole disse numa tal inocência.
Nicole subiu as escadas e eu me sentei no sofá.
— Ele te bate? - Perguntei encarando ela.
Ela me encarou e ficou calada, logo as lágrimas começaram a encher os olhos dela e eu corri abraçar.
— Letícia, olha pra mim, vem morar comigo, eu não vou deixar você e a Nicole aqui! - Falei desesperada.
— Você é maluca? Ele mata eu e você junto... - Letícia disse limpando as lágrimas.
— Eu não to nem ai pra oque ele faria comigo, eu me importo com vocês, se você continuar aqui, ai sim ele vai matar você Letícia. Acorda pra vida caralho! - Falei chaqualhando ela.
Ela me encarou por alguns segundos e saiu correndo pra cima. Eu corri atrás, a começou a encher as bolsas de roupas, eu fui pro quarto da Nicole e vi ela sentadinha brincando de boneca.
— Oi minha flor, vamos passear, e pra isso precisamos fazer sua mala... - Falei e ela me encarou desconfiada.
— Mamãe vai junto? - Nicole perguntou e eu assenti.
Ela logo se levantou e pegou uma bolsa colocando alguns brinquedinhos dela. Eu comecei a colocar a roupa de Nicole e uma malinha que ela tinha e quando terminei fui atrás de Letícia.
— Pronto... - Letícia disse com três bolsas cheias.
Eu peguei as malas dela e ela pegou Nicole no colo, saímos da casa e fomos colocando as bolsas no carro.
*****
Chegamos no hotel em que eu estava hospedada e Nicole simplesmente de encantou pela banheiro, não saia do banheiro mais.
— Ele vai vir atrás Mariane, não vai dar certo! - Letícia disze nervosa.
— Não ia dar certo você lá apanhando todo santo dia e fingindo que nada tava acontecendo! - Falei negando.
Ela veio correndo me abraçar.
— Obrigada por me fazer ter a coragem que nunca tive. Eu senti tanta sua falta! - Letícia disse me abraçando.
— Eu também senti muita sua falta... - Falei abraçando ela forte.
• aperta na estrelinha •
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Do asfalto pra favela
Novela JuvenilMariane vai pra favela para ajudar sua irmã Vitória e acaba sendo alvo do maior traficante do estado.