Mariane
Eu fiz questão de levar a Vitória até a casa dela. E quando cheguei lá, tava uma zona de tão bagunçado.
— Prometo vir aqui e tacar um metal no cú dele. Mas só pra ele sentir uma cosquinha do que é relar a mão em você. - Falei sorrindo docemente pra Vitória.
Ela arregalou os olhos e eu fui abraçar ela.
Ela entrou e eu desci guiando pra casa de Letícia. Tive que pegar um Uber e quando cheguei lá, ela tava varrendo na frente da casa.
— Pegou mania de velho foi? - Falei descendo do carro e rindo.
Letícia me riu e veio me abraçar.
— Como você tá mulher do pulmão preto? - Letícia perguntou me puxando pra dentro.
— Eu to bem graças a Deus e você? - Perguntei.
— Eu to bem também, sai do emprego... Eu to pensando em voltar pra favela, cara lá é o meu lugar Mari! - Letícia disse.
— Volta mulher, se você precisava de apoio. Eu apoio você a voltar lá, pra gente ir pros pancadão. - Falei rindo.
— Poxa vida em, sinto falta de marca presença sempre! - Letícia disse encarando o nada. - E o Caveira? Reve notícias? - Ela perguntou me encarando.
— Aquele pau no cú dos infernos andou empurrando Vitória, mandando ela ir morar com ele, e ela nem escolha tinha! - Falei negando.
— Eu ainda estranho sabe Ma? Cadê aquele Caveira que eu conheci e me apaixonei? Ele morreu, isso é foda sabe? - Letícia disse suspirando.
— Cê é afim dele ainda? - Perguntei.
— Sinto pena dele, de ter perdido eu e a filha, por que nem a Nicole quer ver ele mais, e olha que eu sempre empurro ela pra ver ele! - Letícia falou.
— E Paulinho? - Perguntei cortando o clima chato que tava.
— Eu saio com ele quando da vontade, eu to na fase que eu durmo transando de tão com sono que eu ando. - Letícia disse gargalhando com sons de porcos.
Que porra é essa Letícia?
******
Me despedi de Letícia e fui embora pra casa andando mesmo, minha mãe tava na sala olhando pro nada.
— Tá pensando no que? - Perguntei.
Ela não teve coragem pra falar oque ela queria contar pra mim e pra minha irmã.
— Na vida, como ela é engraçada... - Minha mãe disse.
— Oque você queria falar pra gente que não falou? Para de enrolar mãe! - Falei me jogando no sofá.
Ela me encarou séria e suspirou.
— Eu to grávida e vou casar! - Minha mãe disse.
*****
Leticia
Eu tinha ido atrás de uma casa lá pra favela.
Eu sai da favela, mas a favela não saiu de mim.
Consegui achar uma perto da minha mãe. Na outra semana eu já iria pra lá, só ia arrumar umas coisas e falar com o dono da casa que eu tava.
— Mãe, e o tio Paulinho? - Nicole falou me tirando dos meus pensamentos.
— Oi? Oque tem? - Perguntei olhando ela vindo no meu colo.
— Ele não vai vir me trazer sorvete não? - Nicole disse fazendo biquinho.
Interesseira.
— Se tiver com vontade, eu mesma compro. - Falei e ela negou com a cabeça.
Ficamos abraçada por um tempo, e logo Nicole se afastou me encarando.
— Quero ver meu pai. Eu sinto falta dele mamãe, porque ele não tá com a gente? - Nicole perguntou.
Fiquei paralisada olhando ela me encarar com o semblante caído. Puxei ela pro meu colo novamente e ela ficou me olhando esperando por uma resposta.
— Eu não quero esconder nada de você, você já tá uma mocinha... - Falei e Nicole me olhava atenta. - Seu pai me deixou muito triste. Mamãe preferiu ser feliz só com você sozinha, aprenda uma coisa Nicole. Nós mulheres somos suficientes, e não precisamos ter alguém pra ser feliz, nós temos que ser feliz com as pequenas coisas da vida que nos fazem bem, e não as coisas que nos magoam! - Falei e Nicole me encarou tentando raciocinar e veio me abraçar.
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• aperta na estrelinha •
Grata por cada estrelinha e comentários de vocês. Sou grata demais por vocês gente! ♥
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Do asfalto pra favela
Fiksi RemajaMariane vai pra favela para ajudar sua irmã Vitória e acaba sendo alvo do maior traficante do estado.