• capitulo 21 •

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Mariane

Dia seguinte...

Sai do hotel e fui pra casa que eu morava. Quando cheguei na frente respirei fundo e sai do carro indo lá no portão, bati palmas e fiquei ali esperando, até eu ver que havia alguém abrindo a porta.

Fiquei encarando até eu ver minha irmã. Ela tava mudada, ela tava encorpada, o semblante era de cansada. Quando ela me viu, ela veio correndo abrir o portão e me abraçar.

— Por que não me avisou que viria? - Vitória disse de afastando.

— Eu decidi de última hora. - Falei.

— Vem, vamos entrar pra gente papear! - Vitória disse me puxando pra dentro da casa.

Entramos e eu vi que estava do mesmo jeitinho de sempre, nada mudava. Me sentei e Vitória foi fazer café enquanto falava sobre estar se envolvendo com um carinha da favela.

— E o Benê? - Perguntei e ela apareceu na sala.

— Eu vi que nem valia a pena. Eu não vou menti, esses dias acabei tendo uma recaída e tudo mais, mas ai eu conheci o Pelé... - Vitória disse sorrindo.

— Toma jeito menina! - Falei rindo.

— Ué, e você? Ficou lá em São Paulo sem ninguém? - Vitória perguntou com um certo deboche.

Eu ri lembrando de Alex.

— Eu conheci um cara ai, mas ele teve que ir trabalhar pra fora... - Falei suspirando.

O Alex eu fiquei até ele ir pro Canadá, ele foi faz cerca de uns seis meses já. A gente mantém contato, mas sem nenhum relacionamento. Ficamos juntos por três anos, me apaixonei logo de cara, com ele tive a minha primeira vez, e foi maravilhoso...

— Ihhh, tá apaixonada! - Vitória disse rindo.

— Não vou mentir, eu ainda sinto algo por ele... - Falei e ela continuou rindo.

A porta foi aberta, eu gelei encarando a minha mãe, ela me olhou e ficou parada na porta, ela não vinha e nem ia. A minha irmã ficou nos olhando e eu logo me levantei.

— Por que você foi sem avisar? - Minha mãe disse ao me encarar por inteira.

— Eu achei que assim seria melhor... - Falei.

— E desde quando você acha alguma coisa melhor Mariane? Você sabe o quanto eu sofri? - Minha mãe disse indo direto pro quarto.

Encarei Vitória e ficou paralisada.

— Eu acho que vou indo, eu preciso resolver umas coisas... - Falei.

— Mas e o café? - Vitória perguntou.

— Outro dia... - Falei e fui saindo.

*****

Eu cheguei no hotel e nada de ninguém, eu andei até o quarto e acabei vendo um papel...

“ Me perdoa, eu amo o Caveira, eu não vou conseguir ver a minha filha longe dele. Obg por me ajudar, mas eu quero ficar com o Caveira. ”

Deixei de lado a cartinha e sai pegando novamente a minha bolsa e saindo do hotel. Fui pra favela, subi direto até a boca, e pro meu azar eu dei de cara com vários homens na boca, e o...

Fumaça!

Os homens ficaram me olhando e cochichando, Fumaça me encarou de cara fechada e eu logo avistei Caveira. Fui até ele e ele me encarava de cara fechada também.

— Eu quero falar contigo! - Falei cruzando os braços.

Ele me encarou por inteira e negou com a cabeça.

— Ok, então eu falo aqui mesmo na frente de todo mundo. - Eu falei e ele deu de ombros. - A Letícia... - Fui falando em um tom alto e ele me puxou até uma salinha.

Ele cruzou os braços e eu fechei a cara.

— O bagulho é eu e a Letícia, zé porva nenhum tem que cisca por aqui! - Caveira disse.

Realmente ele tá diferente.
Minha vontade é de mandar tomar no cú, mas o medo de tomar um tiro é maior.

— Independente, do momento que eu fico sabendo que você tá batendo nela, tu não tem moral pra falar nada Caveira. - Falei firme. - Desde quando tu era assim? Eu não conheci você assim, eu conheci o Caveira que a Letícia era apaixonadona, que daria o mundo pra você. Hoje eu vejo uma Letícia que tem medo de ficar perto de você. E você? Você não tá vendo que você tá perdendo ela e dua filha Caveira. - Falei e suspirei vendo o semblante dele mudar.

Ele sentou na cadeira e eu sentei no pequeno sofázinho que havia ali.

— Papo reto pra tu, que não saia daqui isso... - Ele disse e eu assenti. - Pô, eu reencontrei uma mina que eu catava nas antiga, antes da Letícia, pô eu era amarradão nela, ela voltou pra cá, e ai voltei com ela... - Caveira disse encarando o chão.

Eu tentei fazer a pose de egípcia mad logo nos interromperam, Fumaça entrou com tudo nos encarando.

— Tem entrega pá tu pela saco, vai lá parceiro... - Fumaça disse pra Caveira.

Caveira se levantou e saiu da salinha, eu fui me levantando e quando eu ia sair, Fumaça me puxou e trancou a porta.

— Tu fica! - Fumaça disse...

• aperta na estrelinha •

Do asfalto pra favelaOnde histórias criam vida. Descubra agora