Mariane
1 mês depois...
Minha mãe mandou meu pai embora. Eu tava trabalhando o dobro por que sem o dinheiro do meu pai tava foda. Minha mãe ganhava pouco, e Vitória não ajudava em nada.
*****
Voltei de mais um dia de trabalho. Era meia noite e eu andando rápido na rua. A cada passo era uma oração. A rua estava vazia, de longe avistei uma moto vir.
— Ah Deusinho, não, não pode ser a minha hora agora. - Falei me benzendo.
Fui andando mais rápido e já olhando em volta, porque se viesse pra cima eu iria fazer o maior escândalo e correr pra dentro de alguma casa.
Aquela moto começou a ir mais lento até parar na minha frente, a minha vontade foi de berrar, mas quando vi quem era senti um alívio mais fiquei nervosa.
— Tá devendo caralho? Tá com essa cara porque? - Fumaça perguntou de cara fechada.
Eu estava tremendo, eu comecei a ficar mole e sentir a minha pressão cair.
— Colfoi menor, tu tá pálida. - Fumaça disse me pegando pelo braço.
Não sei oque deu em mim, não sei se era carência de a muito não ter alguém.
Mas eu o abracei.
Ele não retrubuiu, ele ficou parado e quando eu me afastei dele e o encarei ele tava me olhando como se isso fosse uma coisa de outro mundo.
— Desculpa, eu... - Fui falar e ele me interrompeu.
Ele me puxou com tudo, quando eu vi já estávamos nos beijando, a mão dele segurava firme em minha bunda enquanto a outra em meu cabelo. Eu viajei naquele beijo, mas logo me afastei arregalando os olhos e vendo a cagada que eu tinha feito.
Mariane do céu, não acredito.
— Sobe. - Fumaça me encarou sério como se nada tivesse acontecido.
— Não, eu vou andando... - Falei toda sonsa.
Ele fez uma cara feia e eu rapidinho subi.
Ele é casado, olha a merda que eu faço.
Ele me levou até em casa, eu desci da moto e ele ainda me encarava, ele acendeu um cigarro e eu ajeitei meu cabelo.
— Obrigado... - Falei toda sem graça.
Ele me puxou com tudo mais uma vez mas desaa vez ele chupou o meu pescoço, eu já até imaginava que iria ficar um roxo.
— Boa matina aê gostosa! - Fumaça falou piscando pra mim e dando partida na moto.
Eu tava assustada, entrei rapidinho em casa. Não bastar tudo isso, dei de cara com Vitória me encarando com uma cara safada.
— É né Mariane, falou de mim quando aconteceu os rolos com o Benê, mas tá saindo com o Fumaça que não muda nada não, até piora. - Vitória disse negando enquanto ria.
— Ele me puxou e aconteceu... - Falei.
— Oque um não quer, dois não faz. - Vitória disse rindo e saltitando até o quarto.
×××× ××××
Acordei e fiz tudo que eu tinha que fazer, hoje era folga minha. Aproveitei e fui na favela com Vitória.
— Vai ir ver o mozi. - Vitória disse me zoando.
Encarei feio ela.
— Vitória, não é pra falar pra ninguém, tá me ouvindo? - Falei brava e ela sorriu concordando.
Chegamos na favela e eu fui direto pra casa de Letícia, dei de cara com ela saindo.
— Oi delicia. - Letícia disse vindo me abraçar.
— Preciso te contar uma coisa... - Falei me afastando.
— Qual é a do babado nega? - Letícia perguntou.
Fomos descendo enquanto eu contava pra ela oque tinha acontecido, ela ficou de "boca abrida ".
— Você tá fodida Mari, ele e a mulher dele vai tá lá no bar. - Letícia disse.
Ativando o modo sonsa e cega.
— Eu nunca nem vi, nunca aconteceu isso. - Falei dando de ombros.
Fomos descendo até um barzinho e tocava um sambinha. Encarei e vi alguns homens e umas mulheres.
— Logo cedo? - Falei revirando os olhos.
— A gente ama. - Letícia disse chegando e já sambando.
Ela foi direto pro colo de Caveira e eu me sentei ao lado. Olhei a mulher de Fumaça e ela me encarava séria. Ela se acomodou no colo de Fumaça e...
— Que blusa linda essa tua em Letícia. - Laura, mulher de Fumaça falou.
Letícia encarou a blusa e sorriu.
Até cego enxerga o sorriso falso de Letícia.
— Comprei na lojinha da dez. - Letícia disse.
Laura me olhou e sorriu.
— E você? Como se chama? - Laura perguntou.
Olhei rapidamente pra Fumaça e ele me encarava sério enquanto soltava a fumaça do cigarro.
— Mariane... - Falei tomando um gole da cerveja.
— To te vendo muito por aqui em, pelo jeito arrumou um namorado, pelo chupão... - Laura disse encarando meu pescoço.
Sorri falsamente e neguei com a cabeça.
— Eu gostei daqui, eu venho pra ver a Letícia. - Falei e Laura me encarou meio desconfiada.
— Vai falar que nenhum envolvido te encantou?! - Laura perguntou num tom de desconfiada.
— Claro que não, eu prefiro não me envolver com envolvido... - Falei séria.
Caveira tava bebendo cerveja, só foi eu falar isso e ele engasgou com a bebida, Letícia no maior desespero tentando fazer com que ele desengasgasse.
— Puta que pariu. - Fumaça disse soltando a fumaça do cigarro e me encarando dando uma piscadinha.
Cachorro.
• aperta na estrelinha •
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Do asfalto pra favela
Ficção AdolescenteMariane vai pra favela para ajudar sua irmã Vitória e acaba sendo alvo do maior traficante do estado.