Laura
Ele não voltou, eu passei a noite toda com a minha filha no colo chorando. Ian tinha ido dormir na Letícia com Nicole, ele olhou pra minha cara e disse que preferia ficar lá, porque lá a Nicole brincava com ele.
Eu estava exausta, a minha filha Samira não parava de chorar, pra ajudar eu não tinha muito leite, eu tinha que dar uma fórmula, oque me deixava frustrada. Na gravidez do Ian tinha sido a mesma coisa, eu não tinha leite pra dar.
Tive que dae a fórmula pra Samira, els parou de chorar e eu a coloquei pra dormir, eu fiquei encarando ela e comecei a chorar.
Como eu aguentava esse tipo de humilhação? Porque?
******
Samira acordou umas três vezes na madrugada pra tomar a fórmula e uma delas pra trocar a fralda. Eu fiquei acordada a madrugada toda, quando vi amanhecer a minha vontade foi de chorar pelo cansaço que eu estava.
Me encarei no espelho e eu estava só o pó, com olheiras, espinhas, manchas, gorda, cabelo com um coque regaçado, a roupa do Fumaça.
— Cadê a antiga Laura? - Falei assustada.
Eu to cansada disso tudo...
****
Mariane
Acordei vendo Fumaça chutar a quina da minha cama.
— Ai porra. Cama do caralho! - Fumaça disse todo bravinho.
Segurei a risada e logo lembrei da madrugada.
Puts...
Me levantei e sai vendo aonde minha mãe estava, e ela estava bem na sala assistindo Ana Maria Braga. Bufei e voltei pro quarto.
— Você vai ter que sair pela janela, minha mãe tá lá na sala, ela não gosta de gente aqui! - Falei e ele arqueou a sobrancelha.
Eu sai do quarto e fui pro banheiro fazendo as minhas higienes, aproveitei e tomei uma ducha rápida. Quando sai do banheiro ouvi algumas risadas, eu gelei e fui caminhando lentamente até a sala vendo Fumaça falando com a minha mãe.
— Devia trazer mais vezes seu namorado aqui Mari... - Minha mãe dizia chorando de rir.
Eu encarei Fumaça que estava parado com aquela cara de sonso dele.
— Ele é meu amigo... - Falei sem entender.
— Pô, ela fala amigo porque ela queria que eu viesse pedir pra tu se tu liberava sogra. - Fumaça dizia.
Como assim minha mãe não se importou com ele?
— Venha jantar qualquer dia genrinho... - Minha mãe dizia sorrindo.
Que porra tá acontecendo aqui?
— Tá tá tá, agora vamos, ele precisa ir trabalhar... - Falei puxando Fumaça do sofá.
— É? E ele trabalha com oque? - Minha mãe perguntou.
Eu encarei Fumaça e ele todo se sentindo foi sentando no sofá de novo.
— Eu trampo com contabilidade, tá ligado? Eu comando... - Fumaça ia dizendo e eu interrompi.
— Como se fosse uma empresa, ele comanda uma empresa enorme de grande mãe... - Falei trêmula.
Eu estava nervosa, a minha mãe só sorria.
— Agora vamos, você tem uma empresa pra comandar bonitão! - Falei e puxei ele.
— Um prazer sogra, eu volto pra comer o rango em... - Fumaça disse e eu o puxei pra fora.
Ele foi andando até a moto dele e eu o encarei bravo.
— Que foi minha gata? - Fumaça perguntou colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.
— Você é maluco de ir falar com a minha mãe? - Falei cruzando os braços.
— Eu sou maluco mermo, to malucão por tu, sai de goma de matina porque tava nos pensamentos contigo princesa. - Fumaça disse me encarando sério.
A gente acredita ou não em homem?
— Você precisa ir... - Falei.
— Cadê meu beijo? - Ele perguntou.
Eu neguei com a cabeça e ele me puxou pra um abraço apertando minha bunda.
— Não vou esquecer que você é apertadinha, quero mata a saudade já. Papo reto Mariane, to afimzão de tu, se liga! - Fumaça disse me soltando e beijando o meu pescoço.
Ele subiu na moto e foi. Fiquei encarando ele sair rasgando naquela rua e entrei dando de cara com a minha mãe me olhando.
— Gostei dele, trás mais vezes... - minha mãe disse sorrindo.
Ele apontou a arma pra ela por algum acaso? Meu Deus, como pode isso?
• aperta na estrelinha •
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Do asfalto pra favela
Fiksi RemajaMariane vai pra favela para ajudar sua irmã Vitória e acaba sendo alvo do maior traficante do estado.