Mariane
Depois do bar, fomos pra casa de Caveira, Fumaça levou Laura pra casa e logo chegou na casa de Caveira.
— “ Eu não me envolvo com envolvido ”. - Caveira tentou imitar minha voz.
Fumaça soltou um sorriso leve e Letícia negou com a cabeça.
— Isso vai dar bosta, ela já tá desconfiando. - Letícia disse.
— Desconfiando de que? Eu não fiz nada. - Falei.
— Esse teu chupão tem cara de Fumaça. - Caveira disse rindo enquanto fumava maconha.
Arregalei os olhos e tremi.
— Não, pode ter sido qualquer um! - Falei e encarei Fumaça.
— Tu não é nem maluca! - Fumaça falou com aquela voz grossa que só ele tinha.
An? Não entendi.
Letícia foi pra cozinha pegar cerveja e eu fiquei ali com Caveira e Fumaça.
— Pô, tava pensando aê numas parada... - Caveira falou fechando os olhos e sorrindo. - Quero me prender na Letícia, papo de casar! - Ele falou encarando Fumaça e depois eu.
Sabe quando você fica feliz pela pessoa, como se fosse você que taria no lugar dela? Então, eu estava feliz pela Letícia.
— De colfoi irmão vai deixar as gandaia? - Fumaça falou sério pra ele.
— Eu levo minha mina junto pô, e tu que nem leva a tua mulher. -Caveira disse rindo.
— Lugar dela é em casa. - Fumaça disse fechando a cara. - Boa, to subindo pra resolver os bagulho das drogas, tem nego de furto aqui parceiro! - Fumaça disse negando com a cabeça.
Ele deu com a mão pra Caveira e nem me olhou. Nem me importei mesmo. Letícia voltou com as cervejas e se sentou com a gente.
— O traste foi embora já? - Letícia perguntou.
— Graças a Deus. - Falei suspirando.
— Mari, eu vou ser bem sincera com você, não vale a pena isso em, o Fumaça não é flor que se cheire... - Letícia disse.
— Ela tá certa menor, papo retão mermo? É papo de comer e boa. - Caveira disse.
— Ainda mais que ele tem mulher, ele não vale nada cara, depois o b.o cai pra você mesmo, e no fim ele não faz nada, ele vê você apanhando da mulher dele e caga e anda. - Letícia disse.
— Mas gente, eu nem quero nada com ele, vocês imaginam coisas que não tem. Ele só me deu uma carona e me beijou, o que não tinha que acontecer. - Falei.
— Cê acredita? - Caveira perguntou rindo pra Letícia.
— Nem fodendo. - Leticia disse rindo.
*****
Fiquei na Letícia até escurecer. Deu oito horas da noite eu decidi ir embora porque eu tinha trabalho já no dia seguinte.
Despedi de Letícia e fui descendo a favela, era incrível como aquele lugar era agitado, era uma energia tão boa.
Fui andando tranquila até eu sentir aquele puxão, bati minhas costas na parede e quando abri os olhos me vi em um estreito beco com...
Fumaça?!
— O que é isso? Sequestro? - Falei com a respiração desregulada.
— É vontade de te pegar de jeito! - Fumaça disse vindo me prenssando na parede.
Ele veio com a mão dele por dentro da minha calcinha, eu tentei empurrar mas ele começou a estimular o meu clitóris, ele começou a beijar o meu pescoço e pronto. Eu me derreti, eu não consegui, eu me entreguei, ele percebeu e com a outra mão ele segurava forte minha bunda.
Ele foi subindo os beijos até minha orelha e...
— Eu quero te foder de todos os jeito gostosa! - Fumaça sussurrou na minha orelha.
Senti aquele arrepio, aquele frio na barriga mas na mesma hora deu um “ acorda ” em mim.
Empurrei ele e ele ficou me encarando com aquele olhar de desejo.
— Meu Deus, eu to errada. - Falei indignada tampando a boca.
— Pô, fica na boa aê princesa, tá só nois dois aqui, sigilo é o papo. - Fumaça disse me abraçando.
Tentei me afastar mas aquele cheiro forte de perfume dele, me deixou embargada, eu abracei ele junto e ficamos abraçados por um tempo, mas logo ouvimos e vimos aquele foguete no céu.
Não é nem ano novo ainda, ué.
— Vem caralho, invasão porra! - Fumaça disse me puxando com tudo e sacando a arma que estava na cintura dele.
Eu corri, logo começamos a ouvir aquela chuva de tiros, eu me assustei, eu estava apavorada já com os olhos cheios de lágrimas pensando que se eu tivesse ido embora antes eu não estaria passando por aquilo.
Fumaça me puxou até a biqueira e me deixou numa salinha.
— Tu não sai daqui porra, tu tá entendendo? - Fumaça gritou comigo e eu assenti com a cabeça.
Ele saiu e eu corri pra de baixo da mesa, fiquei lá ouvindo aqueles tiros enquanto chorava muito, eu tremia pra caramba e eu queria logo a minha casa.
****
Os tiros pararam, eu continuei de baixo da mesa, logo ouvi a porta de abrir, eu me levantei correndo achando que era Fumaça, mas quando vi quem era, arregalei os olhos.
— Oque você tá fazendo aqui? - Laura perguntou cruzando os braços.
Fiquei encarando ela e minha voz não saia.
Logo chegou Fumaça e encarou nós duas.
— Te fiz uma pergunta menina. - Laura falou já de alterando.
— Colfoi Laura, que tá peitando a menina aê?! - Fumaça falou suspirando.
— Ela tava de baixo da sua mesa trancada aqui! - Laura disse me encarando séria.
Fumaça se jogou no sofázinho e eu suspirei fundo.
— Começou a invasão e eu estava na rua, eu entrei aqui pra me proteger! - Falei firme mas no fundo eu estava nervosa.
Laura me encarou desconfiada mas não disse nada. Ela foi até Fumaça e se jogou em cima dele.
Eu sai dali sem falar nada, comecei a correr rápido até a barreira enquanto eu chamava um Uber pra me levar embora. Eu estava assuatada demais, eu chorava muito.
• aperta na estrelinha •
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Do asfalto pra favela
Novela JuvenilMariane vai pra favela para ajudar sua irmã Vitória e acaba sendo alvo do maior traficante do estado.