Mariane
Eu andava de um lado pro outro, eu estava no quarto, roendo as unhas de tanto medo.
Os tiros pararam, e o foguete em sinal que tinha acabado foi solto. Fiquei mais tranquila, mas eu estava nervosa querendo que Fumaça chegasse logo em casa.
De tanto esperar acabei dormindo, e quando acordei, eu vi que já era meio dia, me levantei e fui pro banheiro fazer minhas higienes, sai do banheiro e fui descendo as escadas dando de cara com Fumaça abrindo a porta, ele me encarou e já abaixou a cabeça, eu corri até ele e ele simplesmente não falou nada, olhei ele todo pra ver se tinha tomado algum tiro mas nada. Ele subiu e eu fui atrás dele, ele entrou no banheiro e se trancou, eu desci fazer almoço e quando terminei fui chamar ele, mas ele já tinha saído e eu nem ouvido tinha.
Eu preparei um prato pra ele e fiz questão de ir até a boca. Já cheguei entrando, ele tava lá de olhos fechados e fumando um baseado, quando ele me viu, e fechou o olho novamente.
Eu Fechei a porta e eu deixei a comida em cima da mesa.
— Por que tá me ignorando? - Perguntei.
Ele assoprou a fumaça e deixou o baseado de lado. Ele abaixou a cabeça e suspirou.
— Só não to legal pô! - Fumaça disse sem me olhar.
— O que houve? Alguém de vocês morreu? - Perguntei me revirando a algum vapor.
— Não Mariane, ninguém morreu! - Ele disse seco.
— Eu trouxe sua comida já que você não comeu em casa. - Falei.
— Pode levar embora, to afim de comer não! - Fumaça disse.
— O que foi Fumaça, que merda eu te fiz pra ficar assim? Até hoje antes da invasão tava tudo de boa! - Falei cruzando os braços.
— Nada Mariane, qual foi cara, tu pesa na mente! - Fumaça dizia mexendo na caneta.
— Então olha na porra dos meus olhos e fala que não é nada! - Falei firme.
Ele fechou os olhos firmes e levantou o olhar devagar me encarando, mas logo já abaixou o olhar.
Eu fui até ele e sentei no colo dele, ele continuou intacto.
— Vamo fazer um sexo gostoso. - Falei me levantando na frente dele e subindo a blusa deixando meus peitos de fora.
Levantei a cabeça dele pra me olhar e ele virou o rosto. Eu fiquei parada ele abaixar a cabeça de novo e coloquei a blusa de volta. Sai dali batendo a porta e fui pra casa.
****
Fumaça
Pesou na mente já, cheguei nem a gozar com a mina, o nome da Mariane martelava na mente, isso foi o basta.
Não consigo olhar pra ela, coisa de louco, foi momento pô, fui fraco e entendo, mas a Mariane não vai aceitar esse bagulho não. To só criando coragem pra fala, fui homem de meter, tenho que ir e falar, coisa de ficar escondendo dela eu não consigo cara, Mariane é diferente.
— Porra, oque eu fiz! - Falei bolando um outro baseado.
O quanto antes eu mando o papo, vai doer pra porra, mas eu prefiro falar.
*****
cheguei em goma logo de noite, ela estava lá, sentada no sofá assistindo uma série de médico na tv e já chorando. O cheiro dela já estava de longe, aquele cheiro doce que só ela tem. Ela me olhou mas logo virou o rosto, fui pro banho e quando sai ea estava sentada na cama como tivesse me esperando.
Coloquei a roupa e ela continuou me encarando.
— Qual foi Mariane? - Falei passando aquele Rexona né.
— Qual foi digo eu, oque tá acontecendo? Tá de chico? - Mariane disse.
Sentei na cama e ela me encarou.
Eu não conseguia dar o papo, eu só me lembrei de um bagulho. Eu levantei a camiseta devagar e ela encarou o meu peitoral. Tinha três chupões, ela não disse nada, eu vi os olhos delas se inundarem por lágrimas, eu fui pra abraçar e ela se afastou.
— Me perdoa, eu amo você, vacilei... - Falei.
Ela não disse nada, só se levantou rápido e saiu daquele quarto me deixando sozinho!
• aperta na estrelinha •
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Do asfalto pra favela
Ficção AdolescenteMariane vai pra favela para ajudar sua irmã Vitória e acaba sendo alvo do maior traficante do estado.