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Já se passava da meia noite, ou seja, já era quinta feira e Hailey havia acabado de acordar, depois de 26 horas dormindo. Seu corpo estava exausto, ela não tinha noção de hora ou de dia. Não sabia se havia acabado de escurecer ou se estava perto de amanhecer. Ficou sentada no vaso e aos poucos se lembrando de tudo que havia acontecido até aquele momento. Sua boca estava seca e seu estômago roncou de fome. Ela tomou um banho, voltou para o quarto e se sentou na cama.

Estava meio perplexa consigo mesma, nunca dormiu tanto, e para ser sincera, se deixasse, ela dormiria por mais doze horas. Olhou a hora no celular, eram três da manhã, e ao ver que já era quinta, sequer teve ânimo de ativar o chip, pensou que provavelmente o Justin teria lotado sua caixa postal com ameaças, e que no instante em que ativasse, ela voltaria ao pesadelo de brigas.

Estava exausta mentalmente. Repassava os últimos meses e só conseguia chorar em pensar que ainda estava ali, e pior, que voltaria para para o refúgio. Lembrou de como ficou chateada naqueles últimos dias, lembrou da cabeçada que deu no Justin, e como lembrou, pois sentia a dor da pancada. Não era tão intensa quanto a dor no local onde o banco a atingiu.

Ela tomou outro comprimido e ficou ali no quarto se hidratando com água e criando coragem para voltar. Por volta das 09:00am, seis horas depois de pensar muito, ela decidiu que era hora de voltar. Estava morrendo de fome pois não havia comido nada, e o hotel onde se hospedou não tinha café da manhã, era um hotel de beira de estrada, ela escolheu a dedo, porque era um dos últimos lugares onde Justin a procuraria.

Dirigiu de volta para Toronto pensando no inferno que estava lhe esperando. Só de pensar seu estômago embrulhava.

Quando a Lambo Urus apareceu no portão todos os seguranças pegaram seus celulares, alguns até a arma, e Hailey riu, pois o Fred deu um grito bem claro.

— Se atirarem nela, eu acabo com vocês!

Estacionou o carro, e passou direto para o elevador. Dez segundos. A porta se abriu. Ela respirou fundo e caminhou até a sala.

Não tinha ninguém ali além de Justin. Sentado como um cão de guarda esperando seu dono. Quando a viu ele se levantou apressado, seu coração estava tão acelerado e ele era um misto de alegria e tristeza, não sabia se sorria, se dizia algo, ele queria mesmo era correr para os braços dela, aliviado. Beija-la até o ar faltar.

Ele estava visivelmente destruído. Os olhos fundos e avermelhados. O nariz roxo e nem sabia se podia confiar se ela era real ou fruto da sua imaginação, ele havia fumado maconha horrores e dormiu bem pouco.

Hailey estava com o rosto inchado de quem havia dormido muito e chorado, mas isso não escondia a tristeza e a angústia que sentia. Ela olhava para ele e sentia seu peito doer, não sabia o porque, ela não sabia o que queria, achou que sentiria raiva ao olhar para ele, mas não, não tinha uma gota sequer de raiva em seu sangue naquele instante.

— Você está bem? - Ele criou coragem e perguntou. — Está tudo bem? Aconteceu algo com você?

— Eu estou… Eu estou bem - Fez uma leitura nele. — Você é que não parece estar - Deu dois passos na direção dele. — Está tudo bem por aqui?

— Não - Respondeu maneando a cabeça minimamente. — Não está nada bem na verdade, está todo mundo preocupado, achando que algo te aconteceu ou que você foi embora - Disse ele com calma e ela ficou presa nos olhos marejados dele.

— Eu disse que ia voltar - Lembrou confusa.

— É, mas… Todo mundo acha que não, que você se agarrou a primeira oportunidade de fugir do ser desprezível que eu sou - Disse e ela engoliu a seco. — Está todo mundo com você.

Murder LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora