Sentar em uma sala onde estão todos os seus amigos e observar cada um minuciosamente. Observar os olhos e a profundidade que há em cada olhar, observar o sorriso e ouvir o tom de voz, a risada de cada um sendo eternizada em sua memória. Seus olhos se desviam de um para outro e consequentemente você sorri quando se lembra o quão especial é aquele que está com uma garrafa de cerveja na mão, ou o que está tendo uma crise de risos porque alguém contou uma piada idiota. Logo você está acompanhando com o olhar as crianças correndo pela sala, uma delas se destaca. Tem um sorriso tão cativante. Ela mexe nos cabelos os tirando do rosto, incomodada pois detesta o cabelo solto que a atrapalha correr e minutos depois tira os sapatos pois a incomodam, você espera ela vir até você pedindo para trocar de roupa pois aquelas a deixa desconfortável para correr e brincar. Sou eu ali, observando tudo. É a minha criança, que agora entrega um elástico para o pai que sem deixar a conversa com os amigos, prende o cabelo dela de um jeito experiente, então ela volta a correr. Meus olhos continuam nele, que umedece os lábios ouvindo o que sua amiga Kendall tem a dizer sobre o assunto. Ele ri, pois ela fala de uma forma entediada, então a fala volta para ele, e eu não consigo mais observar nada além dos olhos castanhos que estavam sendo iluminados pela luz do sol que entrava pelas portas de vidro. No meio da fala ele olha para mim e dá um sorriso, meu coração está em paz.
Eu não esperava nada de tão extraordinário para mim. Talvez um final trágico, dada as consequências de quem sou ou quem fui um dia. Mas eu estava em um momento extraordinário. Eu estava feliz.
Pensar no passado me fazia ser grata pelo presente e de tal forma por tudo o que me fez chegar até ali. Eu pensei tantas vezes que acabaria sozinha em um quarto de hotel em um país onde fosse impossível ser localizada. Ou talvez em uma cela pagando por todo o mal que eu fiz e talvez esse fosse um final justo, mas não, eu não estava em um quarto na Rússia e nem em uma cela, muito menos sozinha, e que bom.
Eu tinha amigos. Tinha meus dois companheiros de vida que agora brindavam e riam sobre algo interno. Maeve e Fai. Eu daria a vida por eles facilmente.
Eu tinha uma amiga, minha alma gêmea, de alguma forma e talvez em outra vida. Kendall, que era alguém que eu podia contar sempre e que sempre poderia contar comigo. Ela era o mais próximo que eu tinha de uma melhor amiga, que briga, dá sermão, erra, mas no fim, é seu grande amor, alguém que se tudo der errado, vai te acolher depois de puxar sua orelha.
Eu tinha o Chaz, que mesmo agindo feito um filho mimado quando queria algo de mim, também agia como pai quando eu pisava na bola, estava errada ou precisando de um colo. Ele era meu anjo da guarda e graças a ele eu passei a acreditar que pudesse de fato ter com quem contar.
Ali também estavam Ryan e Jaden que eram como irmãos, estavam sempre atentos a mim e eu os protegiam com garras e dentes. Tinha Kylie, minha amiga festeira e confidente de bebida. Tinha Khalil e Christian com quem eu tinha uma amizade estranha, eu gostava deles. Tinha Diana que me olhava com admiração e era uma boa amiga. E tinha Alaia.
Eu não sabia como era ter uma irmã e muito menos como era difícil. Um irmão vai te implicar, vai fazer coisas que te machucam, vai fingir que não liga para você, mas ele vai estar ali, vai te amar, te acolher e ser seu porto seguro sempre que você não tiver chão, essa era Alaia e mesmo sentindo que eu não merecia tanto amor e apoio, ela estava ali. Eu aprendi a amar Alaia.
— Você está quieta e pensativa - Justin se sentou ao meu lado. — Devo me preocupar?
— Não - Olhei para ele. — Eu só… Bom, eu não imaginava ter metade dessas pessoas na minha vida, não esperava ter uma filha e muito menos um amor como o seu. Tudo isso é tão extraordinário.
— Está mesmo pensando nisso? - Sorriu. — Você tem, tem todo o meu amor, me tem por inteiro.
— Isso é o que mais me surpreende - Olhei em seus olhos e vi sua testa franzir levemente. — Eu estive tão perto de matar você e agora… Eu acabaria com qualquer pessoa que tentasse te fazer algum mal.
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Murder Love
FanfictionHailey Baldwin é uma assassina de aluguel, temida pelo legado de sua família, ela foi contratada, para exterminar o maior traficante do Canadá. Determinada a cumprir sua missão, a jovem de 22 anos se muda para Toronto, e passa a monitorar de perto o...