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Fred foi minha companhia no vôo, como nos velhos tempos. Ele era uma boa companhia, e ficou falando da Charlie e do Evan o que me ajudou a não pensar tanto nas desgraças que aconteceram nos últimos dias. Eu estava exausta, queria muito deitar na minha cama e dormir, mas eu não parava de pensar no Justin, em como seriam as coisas, em como seria olhar para ele depois de tudo o que aconteceu, eu não parava de pensar  em como eu queria ver ele, eu não parava de pensar em Maia, em como ela estava, se estava bem, se havia comido direitinho, se ela sentiu minha falta como eu senti dela.

— Acha que a Maia gosta de mim? - Perguntei ao Fred quando estávamos no carro indo para o refúgio.

— Acho sim, você tem medo dela não gostar de você? - Perguntou e eu pensei na resposta.

— É que é estranho, eu só a conheço a duas semanas e… Me sinto totalmente envolvida sabe? Como se ela fosse parte de mim, eu… Não entendo isso - Expliquei.

— Bom, você a conheceu em um momento confuso… Hailey você nunca teve uma responsabilidade assim, nunca teve que cuidar de alguém, e de repente ela chegou, você estava em um momento de fragilidade e se apegou a ela - Disse ele com uma certeza nas palavras que me chegou a fazer sentido. — Não estou dizendo que gosta dela só por isso, mas… É a primeira vez que você se permite gostar de alguém sem medo, sentir falta é normal.

— Eu devo estar bem louca - Maneei a cabeça. — Eu nunca concordo com você e agora acho que você pode estar certo.

— Você é cabeça dura - Riu.

— A Maia mudou alguma coisa em mim - Confessei. — Tenho medo de que em algum momento, o Justin não me queira por perto e eu tenha que me afastar dela também.

— Acho que o Bieber não chegaria a esse ponto - Olhei para ele de lado. — Hailey ele ama você.

— E eu amo ele - Suspirei. — E estou falando isso para você.

— Você está mesmo amolecendo em senhorita - Fred disse esboçando um sorriso alegre e eu rodei os olhos.

Chegamos no refúgio, eu sentia um frio no estômago, como se estivesse ansiosa. Já se passavam das 20:00h, e o silêncio ali era ensurdecedor. Tinha alguns balões de gás hélio flutuando pelo teto da sala, provavelmente da festa do Justin. Vendo que não havia ninguém por ali, eu subi direto para o quarto.

Tirei os saltos e a jaqueta, espreguicei o corpo e me olhei no espelho. Eu estava abatida. Os olhos fundos, o semblante cansado, e de fato eu estava. Tinha tanta coisa na cabeça, tanta coisa que eu não conseguia parar de pensar. Pensamentos confusos, sentimentos novos que estavam tomando conta de mim e eu não conseguia controlar. Tinham coisas boas é claro, mas tinha uma angústia, um nó na garganta, talvez pelo meu pai ou por Lizzie, talvez por Alaia, eu não conseguia ignorar que ela não estava feliz, não conseguia parar de pensar que meu sobrinho estava vivendo em uma bolha de mentiras… Não era problema meu, mas era meu sobrinho, alguém que não tinha a menor ideia de como o mundo é infeliz e cruel, alguém que deveria receber amor de verdade mesmo que a situação não fosse perfeita, ele não merecia crescer num círculo de mentiras disfarçado de proteção, e isso me fazia pensar em Maia.

Maia estava vivendo no meio de pessoas completamente corrompidas e perigosas. Todo mundo ali tinha um lado bom, mas todos optaram pelo lado ruim, e mesmo que só o lado bom fosse apresentado a ela, não era justo. Ela ia crescer no meio de criminosos, sendo vigiada 24h por dia, perderia sua liberdade de criança, seus passeios no parque seriam acompanhados por seguranças armados, ela não iria para a escola no ônibus com as outras crianças, seus professores seriam todos corrompidos para que ela fosse privilegiada… Tudo para que ela fosse protegida de uma vida que não escolheu, e isso não é justo, mesmo sendo necessário devido às condições em que optamos viver. Me preocupava muito o que poderia acontecer com Maia, como ela ia reagir a tudo isso em alguns anos, já que agora era pequena e não entendia a movimentação estranha, não entendia o porquê de viver em uma casa de papel, numa área florestal de difícil acesso. Tanto luxo, tanto mimo, isso serviria nos primeiros anos, mas e depois? E quando ela quiser fazer uma festa do pijama com as amigas e percebesse que nenhum pai em sã consciência deixaria as filhas irem para uma mansão numa área considerada inabitável para quem mora em condomínios ou casa em ruas comuns.

Murder LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora