Murder Love

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Ai vida na Drew era bem agitada, eu não parava um minuto e não tinha um dia sequer que eu não ia trabalhar. Eu gostava da correria, gostava de estar sempre ocupada, mas devo admitir que depois do casamento da Maeve algumas coisas mudaram em mim.

Não sei ao certo se foram mudanças… Eu mudei tanto nos últimos meses, deixei tanta coisa para trás e foquei em ser uma pessoa normal, que levanta cedo, vai para o trabalho, passa o dia em função de várias coisas relacionadas a uma só, depois vai para casa, divide o tempo com a filha e com o namorado, sim, eu me tornei essa pessoa, e me afundei tanto nela, que nem tive tempo de reparar nas pequenas coisas que aconteceram dentro da minha própria mudança.

Uma delas foi o fato de que o Justin estava sempre enganando o tempo, ele não estava tão dedicado quanto eu pensei, e eu me dei conta disso quando comentei com ele sobre o aniversário da Maia estar chegando, sim estava, faltava duas semanas. No outro dia ele surgiu com um cachorro e um balão escrito "feliz aniversário". Ele logo percebeu que não era aniversário dela, já que ninguém chegou lá em casa com presentes e ela não foi para o passeio com a avó. Eu fingi que não percebi, usei a desculpa de que ele tinha muita coisa na cabeça, mas não era uma desculpa plausível, pois eu também tinha muita coisa em mente, e jamais esqueceria o aniversário da Maia.

Depois eu notei que ele passava a maior parte do tempo no celular, e mal dormia a noite, estava completamente focado em seus negócios, e isso me incomodou.

Eu não sei ao certo quando foi, mas houve um momento daquelas últimas semanas em que eu me senti incomodada em acordar tão cedo para cuidar daquela empresa como se ela fosse a coisa mais importante da minha vida, enquanto Justin escondia coisas de mim e não se dedicava a nós como prometeu. Enquanto Kendall escondia uma gravidez que ela jurava que eu não sabia, e Maeve transava com o Ryan no elevador no fim do expediente e saiam quase todas as noites. Enquanto Chris e Kylie davam festas com bebidas e drogas ilícitas, e todos participavam, eu me sentia uma pessoa sozinha, cuja a única função era administrar uma empresa, brigar com a sogra e cuidar de uma menina de quase 4 anos, mais esperta que qualquer ser na idade dela.

Eu comecei a sentir falta da minha liberdade, não daquela que eu usava para matar pessoas, mas da liberdade que eu sentia lá fora, quando estava em alta velocidade ou invadindo um lugar arriscado… Eu sentia falta da adrenalina percorrendo minhas veias, mas tudo o que eu tinha, era um pilha de papéis para assinar e eu não queria lidar com tanto papel em plena sexta-feira.

Minha filha estava com a avó que modéstia a parte se rebelou contra mim e declarou ódio a minha pessoa, e o pior é que eu nem sabia o porque. Meus amigos estavam todos em suas vidas, claramente mais agitadas que a minha. Meu namorado… Eu nem sabia onde ele estava, e minhas tentativas de descobrir por ligação foram completamente ignoradas.

— Ok, já chega - Me levantei. — Eu sei que eu prometi que iria mudar, prometi pela Maia e até por mim mesma, mas qual é… Eu não faço nada além de trabalhar e me estressar enquanto o Justin tem um império todo para ele… Não é justo comigo.

Autopiedade. É humilhante. Mas naquele momento era o que eu tinha. Maeve não havia ido trabalhar, o Ryan provavelmente estava jogando videogame, Chaz e Alaia pareciam imas… Eu não tinha para onde correr, não tinha alguém que me dissesse: você tem razão, pegue uma arma e roube um banco.

Decidi que iria para casa. Um banho, um brau e logo as coisas estariam no lugar. Foi o que pensei, mas não ajudou.

O dia se foi, trazendo a noite fria e esquisita, um tanto solitária, e talvez por não estar tão cansada como nos outros dias, eu acabei percebendo que o Justin não iria chegar tão cedo, e foi o que me fez lembrar dos outros dias em que ele chegava tarde ou as vezes eu nem o via chegar. Então eu entendi que se a Maia não estava ali, ele não tinha porque estar e era assim, sempre que a Maia estava com a avó ou com a tia, ele chegava tarde da noite, mas eu não ligava, estava tão cansada que acabava não me dando conta.