Abro os olhos lentamente assim que escuto a voz de minha mãe do outro lado da porta.
-Wooyoung, se levante ou irá se atrasar para o teste. - ela repete mais alto para ter certeza que escutei.
-Já estou indo, mãe. - respondo ainda sonolento.
Após me levantar, me visto e saio em direção ao banheiro no final do corredor para fazer minhas higienes.
-Bom dia, mãe! - falo beijando sua testa assim que adentro a cozinha.
-Bom dia, querido! - ela sorri e me indica a cadeira - Fiz seu café preferido, para te dar ânimo e energia hoje.
-Mãe, não precisava fazer tanto, eu sei que as coisas estão acabando em casa. - suspiro - Assim não teremos o que comer direito antes do dia do banquete.
-Eu sei, querido, mas hoje é um dia importante... Se você passar no teste, não precisaremos nos preocupar mais com isso. - ela sorri e suspiro novamente.
As condições no Reino Norte não são das melhores. A terra está quase infértil, devido a tanta plantação sem o cuidado devido como por exemplo a fertilização da mesma após o uso e o rei não se preocupa com isso, ou seja, estamos a mais de um ano sem conseguir plantar nosso alimento, sobrevivendo apenas com o que o pouco dinheiro que temos pode comprar dos viajantes de outras províncias que cobram um absurdo até pelo arroz.
E como mencionei, existe o dia do banquete, que acontece todo mês no palácio. Que consiste em a família Choi fazer um banquete para o Reino Sul e mais algumas pessoas influentes da região, onde ao final de tudo, as comidas que sobram das preparações e até mesmo do banquete em si, são distribuídas aos funcionários do reino e como meu pai trabalha como ajudante de cozinha no palácio, conseguimos algo para nos alimentarmos todo final de mês.
Mas temos na casa ao lado a família Choi, do meu amigo Jongho, que vive em condições piores que a nossa. Jongho vive com o pai, que está debilitado na cama a alguns anos, sem ao menos saber qual é a enfermidade, pois nosso reino tem apenas um pequeno posto de saúde para casos simples e ele não tem dinheiro o suficiente para ir até o reino Sul, onde existem bons médicos por preços mais acessíveis. Isso foi um dos motivos que levou meu amigo a se inscrever para o teste de hoje. Com o dinheiro que poderá receber, seu pai conseguirá pagar algum bom médico e melhorar sua saúde.
O teste para a guarda do palácio a um tempo atrás acontecia somente uma vez ao ano, mas com os crescentes ataques a corte e alguns casos de morte de soldados, as inscrições para o teste estão abrindo a cada 3 meses. De acordo com os panfletos espalhados pelo reino, o teste é nada mais, nada menos que dois oponentes se enfrentando até que algum desista ou se machuque sério e no final Capitão da guarda real decide quem irá seguir com eles. Tenho treinado tanto que meu corpo ainda dói em tantos lugares, que só de pensar a dor piora, mas vou dar meu máximo para conseguir passar no teste e conseguir meu emprego no palácio pela minha família.
-Mãe, estou indo. - falo após me aproximar para beijar sua testa - Torça por mim.
-Estarei fazendo minhas preces até você voltar, querido. Você vai conseguir, acredito em você! - ela sorri me abraçando.
Sigo até a casa ao lado e após chamar apenas duas vezes, vejo meu amigo sair com um semblante preocupado.
-Olá, Woo. Como está? - ele força um sorriso.
-Olá. Eu estou bem, mas e você? - pergunto preocupado, enquanto começamos a caminhar em direção ao centro.
-Estou bem. - ele suspira.
-Nos conhecemos a quanto tempo mesmo? Acha que não sei quando algo te preocupa? - ouço ele suspirar novamente.
-Eu não consigo esconder nada de você, não é mesmo? - nego com um pequeno sorriso - Meu pai tem piorado, hoje estava ardendo em febre quando acordou, consegui fazê-la baixar um pouco agora e estou preocupado com uma possível piora novamente. - ele suspira e abaixa a cabeça.
-Olha, Jongho, eu tenho visto tudo e que tem passado e sei melhor do que ninguém o quanto você merece passar nesse teste hoje, então use o que ocorreu nessa manhã como um incentivo para se esforçar ainda mais. - coloco a mão em seu ombro em forma de consolo - Você tem tantas chances de passar nesse teste que já é quase seu. - sorrio e ele se anima um pouco.
-Obrigado, Woo. - ele dá um leve sorriso - Eu só estou preocupado com minha velocidade, você sabe, eu sou forte, mas não tão ágil quanto você.
-Ah, não se preocupe tanto com isso, você melhorou tanto nos últimos treinos. E além disso, quando as pessoas te vêem, não imagina o quão forte você é, você tem o elemento surpresa, se atacar primeiro, eles nem vão ver o que os atingiram! - rimos sabendo que isso é a mais pura verdade.
Se tem alguém que tem uma força muscular incrível, esse alguém é o moreno ao meu lado. Ele não é lá dos mais altos, então meio que não aparenta ser tão forte, mas quando esse menino entra pra ação, não tem quem o segure.
-Uau! Tem muita gente aqui. - Jongho fala olhando pra quantidade enorme de garotos esperando o início das lutas.
-Mais do que eu pensei que teria. - nos encaramos em um misto de surpresa e apreensão.
-Provavelmente, todos estão querendo dar condições melhores as suas famílias, assim como nós. - assinto concordando com meu amigo.
-ATENÇÃO! BOM DIA A TODOS, EU SOU O SOLDADO JEONG YUNHO. - um dos soldados da guarda real grita e todos ficamos em silêncio - QUERO QUE TODOS FIQUEM UM AO LADO DO OUTRO FORMANDO UM CÍRCULO. COMEÇAREMOS OS SORTEIOS DAS DUPLAS E DA ORDEM DAS LUTAS E SÓ SABERÃO QUEM SERÁ O SEU OPONENTE NA HORA DE LUTAR. - o loiro explica, fazendo meu estômago se contorcer em antecipação.
Ficamos na formação instruída e esperamos por longos 20 minutos até que o soldado Jeong se pronuncia novamente.
-Como todos devem saber, após a luta o capitão Kim escolherá quem seguirá conosco, mas como hoje o número de presentes foi maior do que imaginamos, teremos 2 fases ou seja, quem passar na primeira, terá que lutar novamente e nos mostrar que é bom o suficiente para seguir conosco. Serão dois bons oponentes lutando pela segunda vez do dia, então, se preparem e boa sorte!
Ele explica e sinto meu estômago revirar em antecipação.
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Me deixa ser seu príncipe? #Woosan
FanfictionNo reino Norte, uma rebelião contra a corte começava a se instaurar. De um lado, um rei omisso, que não levava seu reino para frente, não ajudava seu povo e com certeza, não se preocupava com os habitantes daquele reino que não fossem sua esposa e s...