Capítulo 3 - Wooyoung

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Eu e Jongho nos encaramos boquiabertos por um longo tempo e suspiramos quase que em sincronia após o choque que a informação que o capitão passou causou em nossos cérebros.

-Só pode ser brincadeira! - bufo irritado - Como poderemos nos enfrentar? - pergunto mais para mim mesmo do que para meu amigo.

-Ah, cara... E agora? - ele fala levemente triste - A gente sempre imaginou os dois passando ou o caso de acabarmos perdendo, mas nunca cogitamos a ideia de um enfrentar e derrotar o outro.

-Não sei se consigo fazer isso, Jongho. - os suspiros são constantes a cada frase dita por nós - Uma coisa era a gente treinar juntos e outra muito diferente é a gente se enfrentar de verdade, valendo algo que nós dois queremos e precisamos tanto.

-Você não pode desistir, Woo! Se vamos nos enfrentar que seja com os dois dando o seu melhor, não me dê a luta, nós dois temos chances, nós dois lutamos bem, quem vencer será por mérito no dia de hoje, não exatamente porque é o melhor de nós. - ele fala e assinto - Eu te apoio, você me apoia, independente do que aconteça.

-Você tem razão. - concordo e ficamos em um silêncio horrível até que as lutas se iniciem.

As lutas iniciam e está bem explícito o quanto está tudo acirrado. Quem ganha, ganha por muito pouco e nos rostos de todos consigo enxergar o cansaço físico por conta da primeira luta e mental pela pressão e medo de não conseguir levar a vitória pra casa.

O pior de tudo é saber que seremos os últimos a lutar, ou seja, a ansiedade está corroendo nós dois e isso é demonstrado no bater de pé frenético de Jongho e no meu roer de unhas que já é um mau hábito de quando fico ansioso. Posso até sentir o leve gosto de sangue e com muito esforço, levo as mãos aos bolsos da calça pra que não acabe comendo meus próprios dedos até chegar minha hora de lutar.

Olho para o lado e vejo como o capitão Kim parece nem ao menos piscar assistindo a luta e o soldado Jeong ao seu lado está do mesmo jeito soltando algumas expressões vez ou outra - Será que farei parte dessa equipe algum dia? - Isso não sai da minha mente e sem dúvidas eu quero muito chegar até esse nível.

Olho para o lado e vejo a expressão de meu amigo que está tão apreensivo quanto eu. Nós dois queremos muito vencer, nossa família merece mais e só seremos capazes de lhes dar isso, fazendo parte do exército do rei, pois os empregos nesse lugar podem ser chamados na verdade de trabalho escravo, já que você trabalha muito pra ganhar quase nada.

A renda de quase todo o reino se dá pela fabricação de carvão e o Reino Norte é o maior produtor devido ao número de pessoas desesperadas por um emprego. Eu mesmo trabalhei por um tempo em uma carvoaria, até ficar doente e ser despedido como se não fosse nada. Jongho ainda trabalha lá e caso não passe hoje, correrá um sério risco de ser demitido por faltar ao trabalho em plena sexta-feira.

Quando a 30° luta começa, meu estômago começa a se revirar e volto a roer as unhas. Eu não sou um cara medroso, na verdade, são poucas as coisas de que tenho medo, mas minha ansiedade é o que me mata. Não consigo controlá-la e ela vem estado cada dia mais presente em minha vida e ainda não achei um modo de controlá-la ou ao menos amenizar seus danos. Quando fico ansioso, além de roer as unhas, durmo mal, tenho uma dor de cabeça terrível e por vezes não me alimento direito, então tenho que achar um modo de tirar essa ansiedade de mim, antes que minha saúde reclame.

Junto com o gosto de sangue em minha boca, chega enfim, a hora de lutar. Eu e Jongho caminhamos lado a lado em direção ao centro do círculo e nos posicionamos um de frente pro outro e a tensão entre nós é imensa. Dois oponentes que não querem nem um pouco essa luta, mas que se vêem obrigados a prosseguir.

Me deixa ser seu príncipe? #WoosanOnde histórias criam vida. Descubra agora