Ainda em Boston eu precisava ir embora na sexta-feira de manhã. Disse que precisavam da minha presença na escola o quanto antes. Mentira! Veja, eu aprecio muito a companhia deles e de fato, eu não queria ir embora tão cedo mas eu não aguentava mais ficar perto da Robin e do Christian sem lembrar da Lauren e de tudo que aconteceu. Minha mente já fazia esse trabalho pelos dois 24 horas por dia.
Christian me acompanhou até a plataforma — estava impaciente, batendo o pé no chão, inclinando-se para observar os trilhos — ele odiava despedidas. Robin estava na banca, comprando um livro para que eu lesse no trem.
- Não quero que você vá embora —, ele disse.
- Também não quero ir.
- Então não vá.
- Preciso.
Ficamos parados, um olhando para o outro. Chovia. Ele fixou os olhos cor de chuva em mim.
- Camila, eu te amo —, falou como numa última tentativa de felicidade. - Case-se comigo.
Não consegui dizer nada por um longo tempo, apenas o olhando,
- Christian, sabe que eu não posso fazer isso.
- Por que não?
- Não posso. Não posso largar tudo e ir para a Califórnia pois eu tenho minhas aulas e minha Pós-graduação para fazer ainda.
- Então esqueça a Califórnia. Eu volto para o Leste.
- Christian, você não pode. E quanto a sua avó e a Charlie?
- Já não é como antes, droga! A Charlie sumiu, não reconheço minha própria irmã gêmea e minha avó fica jogando tudo para cima mim.
Continuamos a nos olhar por muito tempo. Depois, ele desviou o olhar.
- Deveria ver como estou vivendo agora, Christian —, eu disse. - Minha saúde não está tão boa assim, quando não estou dando aulas estou na biblioteca soterrada de livros. Nem me lembro quando dormi direito pela última vez.
- Posso ajudá-la.
- Não quero sua ajuda. — ergui a cabeça e seu olhar sobre mim era doce como uma dose de morfina mas ligeiramente desesperado.
- Posso pedir de joelhos se quiser —, ele disse tentando sorrir - sério mesmo.
Eu fechei os olhos. Não era para isso estar acontecendo. Sempre soube de sua paixão por mim. Charlie sempre deixava a paixonite do irmão por mim escapar entre alguns goles e outros.
- Não posso me casar com você, Christian. — repeti sendo mais firme.
- Mas por que não?
Pensei em dizer: "Porque eu não te amo", o que seria aproximadamente verdadeiro, mas em vez disso, falei o que meu coração gritava a tanto tempo: - Porque amo a Lauren.
- Lauren morreu.
- Não posso evitar. Eu ainda a amo.
- Eu a amei também —, falou.
Por um momento, pensei que ele fosse chorar, não apenas pelo pedido de casamento negado, mas por ela, por Lauren. Mas apenas desviou os olhos.
- Sei disso, mas não é o bastante. — falei por fim.
A chuva me acompanhou durante a volta para o Leste. Uma partida abrupta, bem o sei, talvez eu tenha sido dura demais; e da despedida só me restou a chuva. Assim que cheguei, peguei o carro modelo BMW — que Lauren estava transferindo para o meu nome — e saí pelas estradas até que a paisagem se modificou e cheguei ao Meio-Oeste. Pingos grossos no pára-brisa, emissoras de rádio entrando e saindo do alcance. Milharais na imensidão sem graça.
Suponho que agora não me resta mais nada, a não ser contar de antemão o que aconteceu realmente com todos nós para chegarmos nessa infeliz existência.
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A História Secreta - Camren
Fanfiction...Os fantasmas existem mesmo. As pessoas, em todos os lugares, sempre souberam disso. E acreditamos neles, assim como Homero. Só que hoje em dia usamos nomes diferentes. Lembranças. O inconsciente. E Camila sabia bem disso, pois os fantasmas do pa...