Capítulo 35

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Por favor, minhas caras leitoras, peço que leiam esse capítulo com demasiada atenção, pois é necessário para o desfecho da história. Tive que dividir o capítulo em duas partes, a qual a segunda irei liberar amanhã, sem falta. Todavia, peço que vocês dêem uma estrelinha no final do capítulo e comentem, isso ajuda muito.

                                  ***

Assim que nos afastamos de Hampden, ela me levou até o seu carro e assim, saímos da auto-estrada e seguimos por uma via de cascalho que eu não conhecia.

- Aonde vamos? -, perguntei, desconfiada.

- Pensei em dar uma passada numa casa da via Old Quarry, onde estão vendendo tudo. -, Lauren disse, sem desviar o olhar da estrada.

Tive uma das maiores surpresas da minha vida quando, uma hora mis tarde,  a estrada finalmente nos levou a uma casa grande, onde uma placa na entrada avisava: VENDA TOTAL.

Embora a casa fosse magnífica, o leilão não foi grande coisa: um piano de cauda coberto com prataria e cristais lascados; um relógio de carrilhão; diversas caixas cheias de discos, utensílios de cozinha e brinquedos; algumas peças de mobília estofada, arranhadas por gatos, na garagem.

Folheei uma pilha de partituras antigas, vigiando Lauren com o canto do olho. Ela examinava a prataria, distraída; tocou um trecho de Träumerei no piano com uma das mãos; abriu a porta do relógio e examinou o mecanismo; conversou longamente com a sobrinha do dono, que acabava de sair da casa principal, sobre a melhor época para o plantio de bulbos de tulipa. Depois que eu percorri a pilha de partituras por duas vezes, passei para os cristais e os discos; Lauren comprou uma enxada de jardinagem por vinte e cinco centavos.

- Lamento ter trazido você até aqui à toa -, ela disse na volta pra casa.

- Não foi nada. -, falei, encolhida no banco, bem perto da porta.

- Sinto um pouco de fome. Você não está com fome? Gostaria de comer alguma coisa?

Paramos para jantar na periferia de Hampden. O restaurante estava praticamente deserto, a noite mal começara. Lauren pediu um jantar enorme - sopa de ervilhas, rosbife com molho roti, salada, purê de batata, café, torta - e comemos em silêncio, com apetite metódico. Eu cisquei uma omelete, mas mal prestei atenção na comida, pois sentia dificuldade em parar de observar os detalhes do rosto da Lauren. O modo como ela pegava a xícara levando-a boca; seus cabelos soltos jogados por sobre os ombros; Era como se eu estivesse perante algum quadro renascentista. Ela não parecia real em toda a sua essência.

Quando terminamos ela tirou o cigarro do bolso da camisa social (ela fumava lucky strike; sempre que penso nela, lembro dela ascendendo o cigarro, tragando-o e soltando a fumaça de maneira satisfatória e sexy) e me ofereceu um, fazendo com que os cigarros saltassem um pouco para fora do maço e erguendo um pouco a sobrancelha, percebi que repentinamente ela estava nervosa, tensa, sem toda aquela áurea anterior de paz e tranquilidade.

Ela fumou um, depois outro, e na segunda xícara de café olhou para mim curiosa.

- Por que está tão calada esta tarde?

Dei de ombros.

- Não quer saber mais a respeito de nossa viagem para a Argentina?

Devolvi a xícara ao pires e a encarei. Depois comecei a rir de nervoso.

- Sim -, falei. - Claro. Conte tudo.

- Não sabe como eu descobri? Que você sabia a respeito?

Isso não me havia ocorrido, e calculo que ela tenha lido tudo em meu rosto, pois foi sua vez de rir.

A História Secreta - CamrenOnde histórias criam vida. Descubra agora