Era um bom plano. Um único problema: encontrar Lauren não foi tão fácil quanto esperávamos. Ela não estava no apartamento, e quando passamos pelo Albemarle não vimos seu carro lá.
Retornamos de carro ao campus para checar a biblioteca, depois resolvemos ir ao Albemarle mais uma vez. Robin e eu descemos do carro e entramos no hotel.
O Albemarle, construído no século XIX, como retiro para convalescentes endinheirados, era discreto e luxuoso, com janelas altas e uma varanda imensa, fresca - a nata da sociedade, de Rudyard Kipling a F. D. Roosevelt, hospedara-se ali -, embora não fosse muito maior do que uma casa grande.
- Tentou alguém na recepção? -, perguntei a Robin.
- Nem pense nisso. Eles se registraram com nome trocado, e aposto que Lauren contou uma história qualquer à recepcionista, pois quando tentei conversar com ela outra noite, ela se fechou em um segundo.
- Existe algum meio de seguir além do saguão.
- Não tenho a menor ideia. Minha mãe hospedou-se aqui com o namorado dela certa vez. O local não é muito grande. Há apenas uma escada, que eu saiba, e é preciso passar pela recepção para subir.
- E quanto ao térreo?
- Bem, sei que eles estão lá em cima. Christian falou algo sobre subir com as malas. Deve haver escada de incêndio, mas não saberia como fazer para localizá-la.
Subimos os degraus da varanda. Pela porta de tel vimos o saguão frio, escuro, e atrás do balcão um sessentão de óculos em meia-lua baixos no nariz lendo um jornal.
- Você já falou com aquele homem? -, murmurei.
- Não. Com a esposa.
- Ele te conhece?
- Não.
Empurrei a porta e espiei por um momento, depois entrei. O recepcionista levantou os olhos do jornal e nos examinou de alto a baixo com ar superior. Era um daqueles aposentados metidos que a gente encontra sempre na Nova Inglaterra, o tipo que assina revistas de antiguidades.
Sorri para ele, com toda a simpatia que consegui. Atrás do balcão notei o quadro com as chaves dos apartamentos, organizadas em fileiras de acordo com o andar. Faltavam três chaves, 2-B, -C e -E no segundo andar, e só uma, 3-A, no terceiro.
Ele nos encarava antipático.
- Posso ajudá-las? -, perguntou.
- Por favor -, falei -, gostaria de saber se meus pais já chegaram da Califórnia.
Ele levou um susto. Abriu o registro de hóspedes.
- Qual é o nome deles?
- Gilbert. Senhor e Senhora Gilbert.
- Não têm reserva.
- Não posso garantir que tenham feito reserva.
Ele me olhou por cima dos óculos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A História Secreta - Camren
Fanfiction...Os fantasmas existem mesmo. As pessoas, em todos os lugares, sempre souberam disso. E acreditamos neles, assim como Homero. Só que hoje em dia usamos nomes diferentes. Lembranças. O inconsciente. E Camila sabia bem disso, pois os fantasmas do pa...