Capítulo 71

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Eu sei, eu sei, o capítulo é longo. Mas esse capítulo, minhas caras, é uma ponte para o que vai acontecer nos próximos capítulos. Entendam por favor. Todavia, tenham uma boa leitura e me sigam no twitter @was_past

                              ***

Embora a agitação em torno da Dakota tivesse praticamente passado, a faculdade ainda não retornara ao normal - impossível, com o novo espírito Dragnet de repreensão às drogas que se espalhou pelo campus. Pertenciam ao passado as noites em que alguém me ligava às duas da madrugada para sair correndo para algum lugar. Ao passado distante, pertenciam.

Mas - embora os negócios de drogas tenham sido seriamente prejudicados - não me surpreendi ao descobrir que Ashley se mantinha no ramo. Ela adotou, porém, um perfil bem mais discreto em comparação aos velhos tempos. Certa noite de quinta-feira, antes de uma festa, passei no quarto de Ariana para pedir uma aspirina, e depois de exigir que eu me identificasse, de modo incisivo e misterioso, do outro lado da porta trancada, autorizaram meu acesso. Encontrei Ashley dentro do quarto, com as persianas abaixadas, entretida com o espelho e a balança de precisão dela.

- Oi -, ela disse depois de me ver entrar, preocupada em trancar de novo a porta. - O que vai querer hoje?

- Nada, obrigada -, falei. - Só estava procurando pela Ariana. Sabe onde ela está?

- Oh -, ela disse, retornando ao trabalho. - Foi ver uns figurinos. Pensei que ela a tivesse enviado. Gosto da Ariana, mas ela sempre quer fazer a maior produção de tudo, o que definitivamente não é seguro. Nem um pouco... Mas enfim, como vai Christian?

E cuidadosamente despejou uma medida de pó num papelote. Suas mãos tremiam, sem dúvida andava consumindo boa parte de seu estoque.

- Bem -, respondi. Não queria pensar em Christian. Não queria pensar em nada que tivesse a ver com grego nem com o curso de grego.

- Ele está gostando da casa nova? -, Ashley disse.

- Como? -, perguntei.

Ela riu.

- Não sabia? Ele se mudou.

- É mesmo? Para onde?

- Sei lá. Para a mesma rua, provavelmente. Parei para visitar os gêmeos - passe a gilete, por favor -, acho que foi ontem, e Lauren estava lá, ajudando a encaixotar a mudança. Charlie vai passar o verão em Boston, e ele pretende continuar aqui. Disse que não queria ficar sozinho, nem sublocar o apartamento. Pelo jeito vai haver muita gente por aqui neste verão. - Ela me ofereceu o espelho e uma nota de vinte enrolada. - Eu e uma amiga estamos procurando um lugar para morar, sabe.

- Isso é ótimo -, falei meio minuto depois, quando senti os primeiros lampejos de euforia atingindo minhas sinapses.

- É. Não é excelente? Os caras do FBI sabem onde moro. - Ela limpou o nariz. - Você foi interrogada, por falar nisso?

- Pelo FBI? Não.

- Fico surpresa. Depois daquela história de barco salva-vidas que contaram para todo mundo.

- Do que está falando?

- Minha nossa. Eles vieram com uma história maluca. Disseram que havia uma conspiração em andamento. Que sabiam do envolvimento da Lauren e da Charlie comigo. Que estávamos encrencadas até o pescoço e só havia espaço para uma no barco salva-vidas. Para quem contasse tudo primeiro. - Ela cheirou mais uma e esfregou o nariz com as costas da mão. - De certo modo a coisa piorou depois que meu pai mandou o advogado. 'Por que precisa de um advogado, se é inocente?', e coisas do gênero. Bom, nem mesmo a porra do advogado entendeu o que eles queriam que eu confessasse. Viviam dizendo que minhas amigas - Lauren e Charlie - tinham me dedurado. Que elas eram culpadas, e que se eu não começasse a contar poderia levar a culpa por algo que não tinha feito.

A História Secreta - CamrenOnde histórias criam vida. Descubra agora