Hurted

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*Alerta de gatilho - violência sexual*
Liesel P.O.V

Eu caminhei despreocupada pelas ruas noturnas de Londres no cair da noite estrelada.

Ainda queimando de raiva pela maneira como Michael havia me tratado e depois feito aquela cena ridícula de joguinho possessivo, qual era o problema dele? Hora amável, hora carrancudo como uma mula, outra atencioso, depois ignorante, credo que ódio!

- Idiota, imbecil... - murmuro para mim mesma, abraçando o próprio corpo e olhando para baixo, alheia ao meu redor.

- Ei princesa. - um assovio me chama de volta ao mundo, acelerando as batidas de meu coração.

Na esquina mais distante, três homens fumavam e mexiam com qualquer garota que passava, mesmo acompanhada. Eu estagnei ao me encontrar praticamente a única pessoa ali próxima deles agora, virando a cabeça rapidamente em busca de um caminho alternativo.

Decido cruzar a rua, apressando o passo em tamanha necessidade que meus calcanhares ardem em protesto.

- Onde pensa que vai gata? - trombo em um deles, que veio como mágica para frente de mim. - É cedo ainda.

Olho ao redor, nenhum maldito carro ousou passar. Amedrontada, aproximei a bolsa do peito.

- Por favor, só quero ir pra casa. - imploro, sentindo-me amolecer de medo. - Pode levar a bolsa, é tudo que eu tenho. - busco mentir, eles pareciam-se com ladrões e bandidos, mas jamais pensei que me encontraria cara a cara com esse tipo de gente.

- Meu amor, eu não quero sua bolsa. - outro chega por trás, cheirando meu cabelo e agarrando meu braço.

- Me solta! - tento me desvencilhar, puxando com força o braço para longe dele.

O meu coração batia como uma orquestra de tambores, todo o meu corpo formigava de medo e eu queria desmaiar, sentindo o corpo ficar mole.

- Ei Steve, ela é brava. - o terceiro ri, mordendo o lábio e me olhando de forma lasciva. - Vai ser divertido.

Eu imploro mais vezes, muitas mais.

Mas foi inútil.

Ninguém me ouviu.

- Ah princesa, você é uma delícia. - regojiza-se algum deles, me penetrando novamente.

Eu chorei, gritei, rezei, mas nada adiantou. Estávamos no meio da floresta, no que parecia ser uma cabana de caça, aquilo já durava horas a fio.

- Sua vez Andy. - ele reveza com o parceiro, e este me invade em um lugar que me faz gritar de dor, é horrível, é nojento, humilhante e desumano.

O rapaz que estava no lugar antes do tal Andy me dá um soco no rosto, apertando com tanta força minha boca que sinto-a se cortar mil vezes, o sangue misturando-se no salgado das lágrimas gordas que insistiam em cair.

- Se você me morder eu vou te matar sua vadia. - ameaça ele, colocando seu órgão em minha boca em um oral forçado e podre.

Por mais que tentei segurar, não consegui.

Ele me invadia sem dó, o outro me machucava por trás como se montasse uma égua, o terceiro decidiu se juntar na brincadeira quando já eu me sentia morta, deitada naquele chão sujo e desprovida de qualquer sentimento. Ele ficou lá, grunhindo como um porco enquanto meu corpo somente balançava, o suor, o sangue, aquele monte de porra que fedia mais do que o inferno, tudo misturando-se no ar, e aquele filho da puta não acabava nunca.

Meus olhos se fixaram em um ponto do piso de madeira que se parecia com uma flor, e lá eu fiquei, viajei para outro lugar, onde tomava chá, era ensolarado e seguro. Não sei quantas vezes aqueles atos se repetiram naquela noite sem fim, mas sim que quando o dia chegou, me encontrava sozinha.

Eu queria correr, queria gritar, queria quebrar tudo e colocar fogo em cada um daqueles fodidos ainda vivos, mas não conseguia sair do chão, não conseguia parar de me sentir dolorida, de me sentir mal.

Os ouvi voltando, e ainda sim permaneci ali, os olhos fixos naquele pedaço de nada.

- A vadia tá morta Steve. - o tal Andy fala, chutando com força minhas costelas, eu poderia gritar, mas não conseguia. - De certeza, não aguentou o tranco. O que a gente faz agora?

- Vamos jogar ela na floresta, cavar uma covinha só pra botar de qualquer jeito, os lobos vão comer o que sobrar quando a noite chegar. - Steve opina, abrindo uma lata de cerveja.

- Rápido com isso então, minha mulher vai encher o saco por não ter chegado em casa ainda. - o terceiro, sem nome, diz, me causando mais repulsa ainda.

Ele era casado, tinha uma esposa.

- Minha filha quer vestidos novos pra uma droga de festa, acredita nisso Andy? Eu lá tenho cara de ser rico por acaso? - e uma filha... aquele desgraçado tinha esposa e filha, e agora conversava normalmente com outros três filhos da puta sobre coisas poucas, como se nada tivesse acontecido.

Eles me jogaram como boneca velha dentro de um saco, para depois parar em um lombo de cavalo, ainda sendo acertada pela chicotada que serviria para instigar o animal a ir mais rápido. Tempos depois eles param, eu os ouço rir e cavar minha cova, e continuo lá. Talvez eu queira morrer de vez, a morte parece muito melhor do que aquilo tudo.

Eles me tiram do saco e me jogam sem cuidado algum dentro do buraco, permanecendo parados por alguns segundos.

- Falta só uma coisa pra gente ir. - Steve abre a braguilha da calça, urinando sobre meu corpo. Eu devia gritar ou chorar, mas estava tão perto... - Pronto, agora sim. Tô aliviado, vamos embora rapazes.

- Não vamos tapar? - questiona Andy, apontando as pás.

- Não cara, só joga dois três punhadinhos e vamos logo, quero ir pra casa. - o terceiro resmunga, empurrando um grande monte de terra para dentro da cova.

Andy e Steve fazem o mesmo, só jogando uma merda de camada fina para esconder.

Minha cabeça continuava para fora, os olhos ainda abertos e imóveis, sem piscar. Eles todos se vão, e eu continuo ali, olhando o céu acima de mim, sentindo as formigas e os insetos passearem por dentro da terra e por cima de mim. O vestido que eu usava estava completamente destruído, rasgado e manchado, se parecendo com um trapo velho e esquecido.

E o que mais eu poderia fazer?

Entre desmaiar e acordar, uivos chegam aos meus ouvidos, o farfalhar entre as moitas aumenta e então percebo que perdi o controle sobre o tempo, a noite já havia caído e ido embora uma vez, e novamente era fim de tarde.

Se fossem lobos, tomara que me devorassem bem rápido para terminar de uma vez com esse sofrimento.

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