Soon

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Eu ainda tremo de medo ao me lembrar daquela noite.

Flashback

- Moça, você tá bem? - uma voz me chama, sinto meu corpo chacoalhar. - Pai, liga pra ambulância.

Abro os olhos aos poucos, tudo ainda parecia borrado.

- Ela tá acordando! 

Olhos castanhos vívidos me encaram de volta, sorrindo de forma banguela.

- Tá tudo bem?

- Onde eu estou? - olho ao redor, vendo uma sala de estar bonita. 

- Na nossa casa ué, o papai te achou hoje de manhã no quintal. 

A garotinha coça a cabeça, fazendo um bico curioso. Eu parecia ser algo muito diferente pra ela naquele instante.

- Você tá bem, moça?

O pai da garota deveria de ser próximo dos quarenta, era grisalho e tinha um sorriso gentil.

- Estou, obrigada. - agradeço sinceramente.

- Charles, ela tá bem. - o pai grita para uma direção, suspirando de alívio. - Meu marido ficou super preocupado quanto te viu lá fora, ainda mais gravidinha desse jeito meu bem, estava quase congelando no frio da noite.

Outro homem aparece, esse era moreno e parecia ser mais velho do que o outro.

- Quem bom querido. - ele coloca uma mão no peito, fechando os olhos. - Você quase nos matou de susto, não é Carl?

Procuro meu celular, recordando da ligação para a polícia e a chamada de John.

Eles percebem que estou confusa e prontamente sinalizam para a criança para que pegue algo em uma mesinha no canto da sala.

- É seu? - diz ela, estendendo o celular.

Concordo, sorrindo para ela de forma calorosa.

Haviam mais de vinte chamadas de John perdidas pipocando na tela, todas com notificações chamativas me fazendo sentir culpada ao extremo. No momento em que vou ligar para ele de volta, o aparelho vibra e é ele quem está ligando novamente.

- Oi... - sussurro, envergonhada.

- Você atendeu! - um grunhido alto escapa de sua boca e ouço o vento bater contra o telefone dele, criando um chiado. - Onde você está Lisie?

- No vizinho, não ao nosso lado, o próximo. 

Não foram dois segundos desde a minha resposta até que a porta deles fosse esmurrada.

Carl vai até ela, abrindo-a e eu vejo que John está parado ali, ofegante e com os cabelos despenteados e bastante desarrumados. Tem um tom vermelho concentrado em suas bochechas e os lábios estão pálidos.

- Lisie!

Me levanto com dificuldade mas ele avança para dentro da casa em um piscar de olhos, me interceptando no meio do caminho em um abraço firme.

- Precisa ficar mais em casa meu jovem, sua esposa claramente vai precisar muito de você a partir de agora. - Charles fala, sentando-se na poltrona.

- Obrigado. - responde John, tocando minhas costas. - Eu não vou mais sair do lado dela a partir de agora.

- Vocês moram aqui? - a garotinha pede.

- Duas casas depois da sua. - digo, afagando seu cabelo. - Pode vir me visitar algum dia desses, eu e ele vamos gostar muito da sua companhia. - aponto para a barriga.

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