We?

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Eu as observo e depois fecho os olhos com força, e me assustando ao saber que quando está escuro é a eles quem eu vejo.

Os vejo por cima de mim, revivendo tudo aquilo que passei, o que me faz abri-los com rapidez e sentir que nenhum lugar jamais será seguro o suficiente de novo.

- Terminamos. - Daisy fala, afastando-se e voltando ao meu lado. - Você pode ir pra casa, contanto que tenha acompanhamento médico lá. - seus cabelos louros e curtos brilham e acredito que ela seja um anjo, olhos azuis intensos e lindos.

Antes que pudesse respondê-la, outra pessoa o faz por mim.

- Não se preocupe, ela terá.

- Me procure sempre que quiser Liesel. - ela volta a me olhar, retirando a máscara e sorrindo com calor. - Deixarei o número de um terapeuta com seu responsável, é bom ter alguém profissional para conversar.

- Obrigada Daisy, por tudo. - agradeço em um sorriso fino e cansado.

Vejo enquanto ela se vai e eu permaneço ali, partida em infinitos pedacinhos que poderiam nunca mais se unir perfeitamente outra vez. Michael se senta ao meu lado de novo, seu rosto está um pouco inchado e rechonchudo, eu acho engraçado mas não consigo rir.

Eu me sinto vazia.

- Você vai pra casa comigo. - sua voz está trêmula, ele mete a cabeça entre as mãos e depois aperta o rosto, reprimindo algo. - Vamos deixar você segura.

- O meu pai...

- E-eu fui até ele e disse que estávamos apaixonados, que eu pedi sua mão e é comigo que você está. - ele treme de leve enquanto retira de uma pasta um documento. - Assine aqui por favor.

Não me movo, eu só queria ficar sozinha, em algum lugar onde ninguém jamais fosse me encontrar.

A minha mente divaga para longe, no que se parece uma lembrança distante de uma vida que não sei ao certo se me pertenceu.

"... - Assine aqui. 

Observo o rosto do rapaz, estendendo a mão para pegar a caneta de forma trêmula.

Os dedos estão machucados, ralados, e havia uma sensação de dor distante. Meu peito ardia em angústia, mas não havia vontade de chorar, eu somente encarava seu rosto sombrio de uma forma que buscava segurança.

Ele estava nitidamente transtornado, a postura marrenta indignada com o que havia acontecido, sem conseguir se perdoar. 

Aqueles olhos familiares gritavam por vingança, enquanto eu gritava por solidão. "

- É só por enquanto, até nós acharmos quem fez isso com você. - Michael parece ver a falta de vontade em mim, então busca justificar o motivo por trás daquilo tudo. - Vai ser rápido, eu juro.

Pisco, tentando compreender aquilo que eu acabei de imaginar.

- Como pode dizer algo assim? Você não é da polícia. - retruco, voltando para a realidade, um pouco mais grossa do que o esperado. - Vai fazer o que? Sair gritando aos quatro ventos que me violaram? - a irritação só crescia.

Eu não queria que ninguém soubesse que aquilo havia acontecido.

- Não Lisie, mas nossa família tem muita influência, é a melhor chance de fazer as coisas sem alarde. - sua calma me desarma, destoando aquele sentimento de melancolia novamente dentro de mim. - Me deixe te ajudar.

Respiro fundo algumas vezes, tomando uma decisão. 

Assinei aqueles papéis, assim como a moça ferida da minha cabeça também os assinou. Foi como se não houvesse uma escolha, como se era o que eu devesse fazer, o que o meu corpo me dizia ser o certo.

Travando o olhar na ponta da cama, fecho os olhos e respiro fundo, sendo pregada por outra peça da minha imaginação.

" ... - Você não pode me proteger! Oh Deus, eu tenho um maldito alvo nas costas...

O rapaz respira fundo, coçando a nuca.

- Eu posso, e vou. - ele se aproxima. - Nada nunca mais vai te acontecer, eu prometo Hannah. 

- Isso parece uma forma de conseguir me prender em você. - sinto o amargor na boca, contrariada. - É errado, nós não vamos dar certo.

- Só por que eu não nasci rico? É isso? - sua voz tem uma pitada de asco, e seu rosto bonito se deforma. - Pelo menos eu sou livre pra escolher com quem eu quero ficar, ao contrário de você.

Arfo, achando ser inacreditável aquela discussão.

- Acorda, você é justamente quem vai ser o responsável por me matar. - minha voz sobe um décimo, exasperada. - Você é um criminoso! Um bandido, assassino, tudo que é perigoso. Pare de tentar me arrastar para esse mundo.

- Você está certa, é exatamente isso que eu sou. - seu rosto está perto demais do meu. - E confesse de uma vez por todas para si mesma que é justamente disso que você gosta, de sexo sujo e proibido com um cara perigoso. Isso te excita, não é? Saber que as pessoas te respeitam por que você é minha.

Nego, dando um passo para trás.

- Não, isso não era o que você foi antes, quando nos conhecemos. 

Ele ri.

- Tem razão, eu era o seu brinquedinho... só mais um fazendeiro inocente e caipira aos seus pés."

E então o tempo começou a passar muito rápido.

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