Tommy boy

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Os homens de Jimmy chegaram mais cedo do que o esperado, todos bebendo de maneira despreocupada no Garrison. 

Alguns fumavam, outros conversavam, mas certamente todos ali observavam Arthur secando os copos de maneira mecânica, tenso como um cão perto de algo que o ameaça, o que de certa forma fazia sentido.

No momento em que Tommy cruzou a porta, atrás de si John e Michael, aquela tensão ficou tão grande, mas tão grande, que quase era possível tocá-la. Jimmy McCavern o convidou para que se sentasse ao lado dele, mas sua proposta foi recusada enquanto a porta da pseudo sala de reuniões do pub era aberta, revelando uma mesa e estofados aparentemente confortáveis para descansar o velho quadril. 

Somente Jimmy e ele entraram naquele cubículo, sob protesto de ambos os lados.

Tommy P.O.V

- Jimmy, o que vai beber meu velho? 

- Corta o papo furado Thomas, pensei que tivesse rejeitado nossa pequena proposta, mas vejo que pensou melhor. - Jimmy se sentava confortavelmente, passando os braços por cima da madeira. 

- Veja bem Jimmy, as coisas saíram do controle e você sabe muito bem disso. - aponto para ele, acendendo um cigarro. - Nós poderíamos ter conversado, como gente civilizada faz, não sair assim jogando a merda no ventilador.

Jimmy franziu o cenho, intrigado.

- Acho que não estamos pensando na mesma coisa Tommy, tenho quase certeza disso.

- E como pode saber? - ergo uma sobrancelha, demonstrando desdém pela posição que ele tomou. - Vocês mataram o filho do Aberama. 

- Aquilo? - ele ri, quase como se aquele rapaz não tivesse passado de um inseto. - Foi pelo desrespeito, vocês se esqueceram de quem nós somos.

- Então estuprar moças por onde vão é por qual motivo? Me diga por que estou muitíssimo curioso Jimmy. Quero saber que lição de vida temos que aprender com estupros.

Eu vejo aquela máscara de deboche começar a se desfazer, Jimmy McCavern tinha esposa e uma filha, ele podia ser tudo, mas não era um homem que admitia a violência contra qualquer mulher.

- Vá direto ao assunto Tommy, não tenho o dia inteiro para ficar brincando de resolver mistérios com você. - seu maxilar estava travado e a expressão se tornara nada amigável, ele queria me bater por insinuar que ele ordenou ou participou de qualquer agressão contra mulheres. - E estou começando a perder a paciência.

- Eu quero saber quais dos seus homens foram responsáveis por ir atrás da esposa do Michael.

- Como assim? 

- Vou repetir, com muito desprazer Jimmy. - bebo um gole do Whisky que servi poucos segundos antes, sentindo o ardente da bebida descer pela garganta. - Quem foi que sequestrou, violou, espancou e nem sequer se deu o trabalho de esconder direito o corpo em uma droga de vala decente da esposa do Michael?

- Isso é um absurdo! - Jimmy grita, batendo na mesa. - Nenhum dos meus homens seria capaz de agir assim, você está nos ofendendo profundamente Thomas Shelby.

Ele se levanta e veste novamente o casaco, nervoso como nunca. A face corada de vermelho me faz acreditar que, se agiram, foi por suas costas.

- Espero que não esteja protegendo ninguém Jimmy, vai ter muito sangue pra pagar o que foi feito. - cerro os olhos, lhe dirigindo um olhar carregado de ameaças. - Até agora nós fomos muito pacientes com vocês, mas aqui não é a Escócia, se continuarem cagando na minha cidade eu serei obrigado a tomar providências. 

Com olhos cheios de fúria e dúvida ele se vai, me deixando sozinho com meus próprios pensamentos. Eu revivi por alguns segundos a cena daquela noite, a vi parcialmente jogada de qualquer jeito em uma cova que mal cabia meu pé, o corpo coberto de terra e sangue, tão horrível que por segundos eu poderia ter confundido com a carcaça de um animal qualquer.

A sorte dela foi que decidimos sair para caçar aquela noite, queríamos comemorar o fato de Finn finalmente fazer parte da empresa de forma integral, como um homem de verdade. Era tradição de família. 

Um calafrio percorreu minha espinha, fazendo com que olhasse para fora e visse algo que arrancou um sorriso de prazer dos meus lábios.

Linda como o sol que chega pela manhã, a dona do meu coração fazia o caminho até o bar, e eu estava louco demais de saudades  dela para fazer qualquer joguinho ou ter qualquer intenção que não fosse a de pedir para que ficasse comigo, dessa vez para sempre.

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