Royalty

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Michael P.O.V

Hoje seria o grande dia.

Eu não aguento mais ficar em Londres, estou louco para voltar pra casa. Essa cidade é barulhenta demais, agitada demais. Apesar de estar pouco tempo com minha família, acho que às vezes queria ficar mais de fora, ter mais tranquilidade. 

Tudo anda tão rápido.

Nós vamos ao barbeiro, lustramos nossos sapatos, colocamos nossos melhores ternos e ajustamos da melhor forma possível as gravatas, tudo para agradar aqueles seres que se colocavam acima de nós da sociedade.

- Como vamos saber quem ela é Tommy? - pede Finn, ele se olha no espelho enquanto passa as mãos por todo e qualquer lugar que ache estar desarrumado.

- Vocês saberão, na hora certa. - Tommy acende um charuto e toma um gole de bebida, mirando além de nós com seus pensamentos.

Eram cinco em ponto quando saímos de casa.

O palácio brilhava, parecia algo mágico ou de contos de fada. As topiarias exuberantes, estátuas, cada detalhe extremamente bem pensado, e isso somente no pátio principal. Ao entrarmos, vários criados andavam de um lado para o outro, não havia um centímetro daquele exuberante lugar que não gritasse a palavra luxo.

Era tanta riqueza que nem haveria tempo suficiente para os olhos mirarem tudo que gostariam.

O salão de baile estava cheio de gente dos mais diversos tipos, arrumados ou bagunçados, da realeza e do subúrbio como nós. Eram massas interessadas em conhecer quem eram aquelas duas figuras misteriosas chamadas de kaiser e baronesa.

- Tem belas mulheres aqui primo. - John bebe um gole de seu espumante, servido por um garçom, rondando cada garota do salão. - Hoje vai ser divertido.

Coço as têmporas, irritado.

- A sua esposa está logo ali John. - relembro-o do óbvio.

- Tenho certeza de que ela não irá se importar. - dá de ombros, continuando a dirigir olhares obscenos.

- Acho que deveria honrar seu compromisso. - essa questão de infidelidade me incomodava bastante. 

Todos os rapazes tinham em suas cabeças que casamento era como uma brincadeira, não importava se tinham esposas ou não, a maior conquista da noite sempre seria levar uma mulher estranha para cama. 

Tommy olha torto para nós, buscando alguém em especial na multidão. Ele jamais se recuperou desde que Grace o deixou. Começo eu então a procurá-la. Era uma criada então deveria de estar em algum lugar, senão aqui lá fora. 

Vejo infinitas cabeças se espremendo para ouvir o anúncio do rei, mas nenhuma delas é a que eu quero.

- Presta atenção Michael. - ralha Tommy ao me dar um tremendo cutucão na costela.

Decepcionado, volto a atenção ao rei e sua família. 

Churchill acena para Tommy discretamente ao fundo do rei, o que satisfaz o ego de nosso pequeno comandante, Winston jamais cumprimentava alguém de livre e espontânea vontade.

- Nosso querido amigo, kaiser Guilherme II, seja bem-vindo. - termina o rei.

Aplausos são ouvidos estrondosamente, não acho que entendi muito bem quem é o tal kaiser.

- É ele. - John sussurra em meu ouvido, apontando para o homem que aperta a mão do rei com um sorriso.

Kaiser Guilherme II, loiro de cabelos até o ombro, alto e largo como uma muralha e sorriso obscenamente branco. As mulheres suspiraram até o último ao vê-lo, acenando e rindo como garotinhas adolescentes por ele e para ele.

Era como ver um pavão exibindo suas penas. 

- Estou entediado Tommy, acho que vou dar uma volta por aí. - digo, fazendo questão de dar meia volta.

- Fica aí, o barão é o próximo. - ele me impede, apontando para o topo da escada.

- Barão George von dem Bussche-Haddenhausen! - uma voz anuncia mais alto.

Um homem de bigode grosso e também igualmente alto aparecera ao lado do kaiser. Era uma presença imponente, de olhos afiados.

O sobrenome gigantesco deveria significar que era alguém importante, mas me parecia levemente estúpido.

- É um prazer estar aqui, vossa majestade. - o barão diz, em sotaque arrastado. - Tenho certeza de que será um privilégio apresentar minhas herdeiras para essa nobre corte.

Ele disse herdeiras? No plural?

- Tommy, ele tem duas filhas? - questiona John, claramente confuso. 

Confusão também era algo que estava claro no rosto de Thomas.

- Churchill só me disse que havia uma. - ele sussurra então algo inaudível ao resto de nós no ouvido de Arthur. - Fiquem atentos, vamos para mais perto do pé da escada. 

Em movimentos sutis, nos colocamos dois ou três passos mais próximos.

- Eu tenho o prazer de chamar minhas filhas, Theodora e Liesel, baronesas von dem Bussche-Haddenhausen! - exclama o barão, animado demais com tudo aquilo.

Todos os fôlegos se prendem ao verem ambas paradas lado a lado no topo da escada, acenando como bonecas de porcelana. 

- Meu Deus. - John tapa a boca, visivelmente incomodado. 

- John, é melhor você segurar sua onda. - Tommy parece irritado demais para sequer piscar.

Elas começam então uma lenta descida, seguidas pelo barão e o kaiser. Os olhos buscando um rosto familiar na multidão, até encontrarem os nossos e ali se demorarem. 

Essa noite iria longe.

- Acho que vou vomitar. - constato, indo para fora.

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