Please Tommy

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Aquela estranha despertou a atenção de John e Michael.

Era como se algum deles já a conhecesse de algum lugar, mas não conseguissem se lembrar de onde.

Ambos decidiram guardar para suas mentes o encontro com a empregada do palácio, ela não parecia disposta a lhes dar qualquer informação sobre o barão e sua filha, e apesar do beijo inocente trocado com um deles, ela nem mesmo parecia muito a fim de encontrá-los novamente.

Em uma noite, os rapazes estavam reunidos no clube, bebendo e se divertindo. Uma figura diferente entra pela porta, chamando a atenção de todos ali presentes.

- Michael, ei, é ela. - cutuca John Shelby pelas costelas de seu primo. - É a garota do palácio.

A figura de olhos verdes e cabelos ruivos rodopia pelo salão com outras garotas, todas rindo e se acabando em olhares desejados dos homens. Michael se põe de pé imediatamente, alisando o terno com rapidez.

Se vestia diferente do que da outra vez, mais glamorosa.

- Dessa vez ela não escapa. - diz ele, piscando para John. - Aprende aí.

O jovem desce até onde as mulheres estavam, sentando-se no bar, muito próximo da tal criada.

- Um para a moça ali. - pede ele ao bartender, que aceita de bom grado o pedido ao ver o dinheiro depositado no balcão.

Quando a bebida chega até ela, seu semblante se acende.

Um sorriso tímido mas radiante corta seu rosto, e ao encontrarem os olhos um do outro, ela inicia uma caminhada até ele.

- Eu mereço tudo isso, meu senhor? - pergunta astutamente. - Uma simples serviçal sendo tratada com tanto luxo, logo irão pensar que sou rica.

Michael ri, brindando com a jovem.

- Não consigo ignorar a mulher mais linda que eu já vi. - a cantada parece surtir efeito. As bochechas pálidas tomam um tom rosado e engraçado. - Somente a verdade.

Dando de ombros, ele direciona a ela um olhar devorador.

- Seria rude cortejar a garota que beijou seu amigo, não é mesmo? - ela levanta a cabeça na direção de John, acenando para ele.

Não demorou um minuto para que o mesmo estivesse ao lado dos dois, um sorriso bobo dançando nos lábios.

- Senhorita, que prazer vê-la novamente. - cumprimenta ele, beijando a mão da garota. - Quer dançar?

Nem precisou de resposta. Os dois rumaram pela pista em harmonia, ao som de boa música e companhia.

- Pode me dizer o seu nome? - John pede aos ouvidos dela.

- Elise. - responde ela, depois de uma longa pausa. - Meu nome é Elise.

Aquela madrugada foi longa para os dois. Parecia que a noite não teria fim, e para Elise, ela nem mesmo gostaria que tivesse, aquele rapaz era deslumbrante e charmoso demais para querer abandoná-lo logo cedo.

Os dois foram para um hotel muito caro da cidade depois que o clube fechou, perto das duas da madrugada. John pediu o quarto mais bonito e ostentador, e juntos eles subiram cada andar com nervosismo e sorrisos tolos.

- É lindo! Nunca vi nada parecido. - exclama Elise, com o que parece ser uma pontada de falso entusiasmo ao abrir a porta, virando-se para John. - Mas você não me disse o seu nome ainda.

Em uma risadinha nervosa, ela coloca uma mecha de cabelo atrás da orelha e olha ao redor, quase como se estivesse arrependida de estar ali.

- É John.

Ele se aproxima de Elise, e claramente os dois hesitaram antes de trocar um beijo quente, mas uma vez que a iniciativa fora tomada, não se podia mais voltar atrás. Talvez o andar de baixo tenha ouvido o que eles fizeram naquela noite, e verdade seja dita.

Quando John acordou, sua amante tinha ido embora.

Elise P.O.V

Céus, o que estava pensando. Somente duas vezes e pronto, foi o suficiente para um homem qualquer levar a sua tão especial primeira vez.

A ansiedade queima em meu estômago, passo o dia inteiro assim. Todos do palácio perguntam curiosos o que será que deu em mim. Quebrei um vaso, tropecei e caí no meio do chá, topei com canela e dedinhos dos pés em tudo que havia à vista.

Nada tirava aquele tal John da cabeça.

- Querida, onde vai? - pergunta meu pai.

- Irei na casa de uma amiga papai, voltarei durante a noite. - respondo aquele velho homem, beliscando de leve sua bochecha.

- Cuidado, sabe que essas ruas são perigosas.

Nem mesmo me dou ao trabalho de responder, apenas aceno em despedida já longe dali.

Eu queria ver mais dessa cidade, conhecer cada esquina dela. Um pequeno café elegante me chama atenção e eu entro, me sentando em uma mesa mais reservada no canto do lugar.

Doces e chá me foram servidos, e esbaldei naquelas delícias.

- Está fugindo de mim ou me perseguindo?

Em meio a uma dentada furiosa em um bolinho, ergo os olhos e lá está ele, a descrição é inconfundível. Um sorriso vergonhoso brota em meus lábios sujos de glacê, e desço o bolinho de coração partido de volta para o pequeno pirex.

- Acho que eu é que devo lhe fazer essa pergunta. - recostei-me na cadeira, cruzando os braços.

Ele se senta e começamos uma conversa tola e constrangedora, nenhum de nós querendo tocar diretamente no assunto sobre a noite passada.

Bem, eu nem mesmo poderia lhe dizer algo sobre aquilo, não cabia a mim. Como iria falar sobre algo que não necessariamente era meu?

- John, vamos. - um homem de cabelos escuros e alto, de olhos azuis profundos, chama por ele.

O olhar dele sobre mim me deu um calafrio, como se soubesse coisas sobre mim que nem eu mesma sei. Seja lá quem ele era, eu não parecia estar muito a fim de descobrir.

- Ah Tommy, por favor, agora não. - resmunga John, acendendo um cigarro.

- Temos que continuar nossos preparativos para o baile, ele será na semana que vem. - o tal Tommy retruca, claramente impaciente.

- Sabia que a Elise aqui, trabalha no palácio? - aponta John, com um sorrisinho no rosto.

Uma pontada de nervosismo me sobe, eu sentia que era apenas usada naquela hora. Ele havia questionado sobre o barão na primeira noite, e imaginei o quanto queria de nós somente por diversão e informações.

- Eu devo retornar ao palácio, já está ficando tarde. - dou de ombros, saindo da mesa. - Foi um prazer revê-lo John.

Dito isso, nem mesmo olho para trás, mas ouço o que termina de tirar o chão de meus pés.

- Você é casado John, faça-nos o favor de que pelo menos a cidade inteira não saiba desse seu casinho.

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