Nós estamos sorrindo e há palmas felizes para todos os lados.
- Querida, cuidado com os buracos na areia.
Michael ri, molhando os pés também.
- Faz tempo que não visitamos a praia. - diz ele.
Elle tem cinco anos.
Ela está brincando com o filho mais jovem de Tommy e o irmão, Johan, sob os olhos protetores de Polly.
Se eu me arrependo de tê-o escolhido? Não.
Eu aprendi a aceitar quem ele é porque ele é bom comigo, ele é amoroso com nossos filhos e sempre nos coloca acima de tudo. Pode parecer egoísta o que eu vou dizer agora, mas eu cansei de tentar salvar o mundo quando quem deveria me proteger foi quem me jogou fora. Meu pai e Theodora nos procuram de forma esporádica para pedir dinheiro, mas eu nunca mais quis vê-los, e muito menos os ajudei.
Pode parecer que eu me tornei quase como ele, mas talvez isso seja bom. Eu sempre fui tão boa, tão caridosa, e a vida me mostrou que não tem piedade de ninguém, somos todos somente dano colateral de algo que deu ou ainda irá dar errado, é preciso ser forte. A partir do dia em que decidi aceitá-lo como é, a vida foi mais fácil, e não digo que não sofri no começo, por que sofri.
Logo após o primeiro dia em casa ele se enfiou em um armazém com Arthur. Nas roupas que lavei havia sangue, e eu me senti impotente. Nós discutimos e ele não foi grosseiro em momento algum, me explicou de quem era, o motivo...
Como se casar com um mafioso e protestar sobre quem ele é?
Isso não existe, eles não vão mudar por você, eles não deixarão de matar, de lucrar. Mas Michael me respeitava, me amava, e isso bastou. Eu decidi que preciso aceitar para poder seguir em frente, e isso não me torna alguém como ele, não mesmo. Prefiro não perguntar sobre os negócios se ele não tem algo para desabafar, e em troca ele nos proporciona felicidade.
Ele é um bom pai e um bom marido.
- Nós vivemos muita coisa pra chegar até aqui, não é? - beijo-o.
- Infelizmente sim, mas a verdade é que eu não me arrependo de nada. - suas mãos são colocadas nos bolsos. - Você veio dos meus sonhos, faria tudo de novo pra te ter comigo por mais mil vidas.
- Pai, pai. - Elle puxa a barra da bermuda dele, erguendo os braços.
Ele se abaixa e a pega, rindo.
- Oi princesa, eu já estava com saudade.
Ela ri.
- Eu e o Johan queremos mais um irmãozinho.
Nos entreolhamos, boquiabertos com aquilo.
- Mais um? - beijo sua bochecha. - Querida, acho que é cedo demais pra isso, você não acha?
Sua cabeça nega.
- Eu quero mais um irmãozinho, quero cuidar dele igual vocês cuidam de nós, e ter mais alguém pra brincar também. - seus olhos se fixam no chão de forma melancólica.
- Acho que podemos pedir pro papai Noel um irmãozinho, o que você acha? - Michael diz, arqueando as sobrancelhas.
Eu o belisco de leve, arregalando os olhos.
- Sim, eu concordo muitíssimo.
- Eu concordo muitíssimo? - arfo, olhando-a. - Onde você aprendeu isso?
- O papai vive dizendo isso pra você quando vocês conversam.
Ela é tão espertinha.
Nós vivemos por eles, nossos bebês. E eles são tão assustadoramente parecidos com nós dois, os meus cabelos, os olhos dele, uma junção de nossos sorrisos, algumas sardinhas. Se viver cercada de amor é errado, então eu não quero nunca estar certa. Não somos perfeitos, estamos longe de ser e sabemos disso, mas o que nós temos é verdadeiro, e isso é o que importa.
Não há lugar melhor do que ao lado das pessoas que você ama.
- Acho que sim, querida, talvez sim. - concordo, me dando por vencida.
Quando você tiver filhos vai aprender que é melhor se deixar ser derrotado de vez em quando, eles chegam em uma idade em que nunca conseguem parar de perguntar as coisas e isso é exaustivo. Ela foi para o chão e correu para a entrada do mar novamente, nos fazendo ir atrás dela. A segurei pela barra da ceroula, gargalhando ao vê-la segurar uma concha de forma fascinada.
A praia é o seu lugar favorito.
- É rosa e brilha, olha mamãe. - sua mão ergue a concha, orgulhosa.
- Deixa eu ver Ellie! - Johan vem depressa, fascinado.
- É linda meu amor. - digo, afagando seu cabelo.
- Quer colocar na sua caixinha de conchas? - pede Michael, abrindo a mão.
Elle concorda, entregando-a.
Eles tem uma caixa cheia de conchas, todas elas diferentes umas das outras. Quando encontram uma nova adição para a coleção deles, se sentam e relembram do dia em que encontraram as demais, uma por uma. Era o momento deles, e eu amava aquilo. Nós vivemos assim, um dia de cada vez, sempre olhando pra frente.
Pode não ser perfeito, mas é a imperfeição mais incrível que eu já vi.
E olhando pra ele nesse exato momento eu sei que é a primeira vez que estou vivendo aquilo, e que realmente só poderia vir de outras vidas tudo aquilo que eu senti.
ACABOUUUUUU! AH.....
Espero que quem tenha chegado até aqui possa conversar comigo um pouquinho, me dizer o que achou.
Não esqueçam de ver minhas outras histórias! Beijinhos.
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All For Her ✔️
RomansaVocê acredita em amor de outras vidas? Ela se pergunta isso depois de sofrer a maior das atrocidades, ele tenta fingir ser o que não é. A violência resolve tudo. Era isso que Michael Gray pensava até conhecer Liesel, ele nunca quisera ser o bom moço...