Like a virgin

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Michael P.O.V

Acordamos com um barulho estrondoso de porradas sendo desferidas contra a porta do quarto.

- Merda, merda. - sussurro enquanto pego as roupas todas espalhadas pelo chão o mais rápido possível. - Como eu saio daqui sem ser visto?

Liesel fazia o mesmo, tentando esconder o estrago das suas, vestindo-se com uma camisola de seda branca, prendendo os cabelos de um jeito desgranhado mas estranhamente charmoso.

- Vai pra debaixo da cama. - aponta ela, indo em direção ao som. 

Fazendo o que mandou, me encolho o máximo possível, torcendo para não ser morto por ter dormido com a filha do barão. 

Eu rezo a todas as divindades possíveis para que me livrem dessa situação, mas aqueles tornozelos me distraem momentaneamente. Passeando pelo quarto com o tempo quase parando, finos e deliciosos, subindo mais para cima temos as panturrilhas branquinhas... A parte interna das coxas... O bumbum...

- Você sumiu ontem! - grita uma voz feminina, entrando no local e se jogando encima do colchão, me dando calafrios. - Onde esteve?!

Vejo que Liesel está batendo os pés, impaciente e com razão.

- Só fiquei cheia daquela droga de baile idiota. - responde ela.

- Conta tudo sua safada! Você dormiu com ele, o primo do John. - a vozinha irritante continua, ignorando a clara falta de vontade de conversar. - Pois eu e ele também conversamos bem de pertinho...

Como se finalmente meu cérebro conectasse que um mais um são dois, eu descubro que a voz pertence a Theodora, irmã gêmea de Liesel.

- Olha Theo, eu realmente não estou no clima hoje. - o tom da outra se torna amuado, quase como se algo a tivesse chateado. - Podemos conversar mais tarde? Por favor.

A cama range e pés se colocam perigosamente ao meu lado.

- Que seja Lisie, mas já vou avisando que o kaiser está uma fera. - confidencia Theodora, agora próxima à irmã.

- Por qual motivo? 

- Ele ficou tristinho pois nenhuma de nós duas lhe deu atenção... - o corpo da primeira se coloca atrás do da segunda, cutucando-lhe o pé com a unha. - Você sabe que é a favorita dele, se Guilherme descobrir que você está se engraçando por aí com um pobretão ele manda te degolar viva depois que se casarem.

Sem mais nada, apenas um barulho de beijo exageradamente alto ecoando pelo quarto, a porta torna a se fechar e com isso a chave sendo novamente virada.

- Precisa ir. 

Saio debaixo da cama e cruzo os braços, querendo uma explicação.

- A favorita dele? - ironizo, fazendo aspas com os dedos. - Desculpe se o pobretão aqui acabou tendo um caso com a noiva de outro cara!

- Qual é meu bem? - Liesel rola os olhos, transformando os lábios cheios em uma linha fina. - Você já se olhou no espelho? Parece um garoto inocente, filho de fazendeiros. - ela continua, se aproximando e me deixando furioso a cada passo. - Isso foi o que mais me atraiu, essa sua pureza, mas não pense que eu deixaria a monarquia por você, sou mais do que qualquer outra garota dessa cidadezinha.

Aquelas palavras me deixaram enjoado. 

Eu nunca fora tratado de forma tão grotesca, sempre me esforcei para ser a melhor pessoa que pude, demonstrando humildade e sabedoria, mas aquilo... 

Aquilo foi demais.

- Você vai se arrepender disso Liesel. - murmuro, apertando com força a camisa amarrotada da noite anterior.

Sem mais nem menos, abro a janela e me deparo com o andar térreo e uma cerca viva na outra extremidade da propriedade, se bem me lembro após ela haveria o jardim e o muro que me levaria para fora do palácio.

Cruzo todo o terreno sem olhar para trás, chegando extremamente suado em casa devido a velocidade do passo em que percorri. Eu me olho no espelho enquanto tiro as roupas e preparo o banho, analisando cada centímetro daquele rapaz que me encarava de volta. Era verdade, parecia um filho de fazendeiro, virgem e inocente, esperando apenas o momento certo para se casar e ter cinco filhos.

Odiei aquilo.

Essa verdade escrota me corroeu por dentro, a raiva borbulhando através da pele, com certeza era por esse motivo que Tommy não me confiava nada mais do que papéis, os rapazes jamais saiam comigo para além de um drinque ou dois. 

Me sinto idiota, talvez até mesmo bobo.

Pela manhã vou ao barbeiro, decidindo fazer as coisas virarem ao meu favor. Quando cheguei na empresa, uma reunião sobre o baile estava acontecendo.

- E então? - John diz, me vendo interrompê-lo ao entrar pela porta.

Um silêncio se instaurou levemente pelo local, me fazendo remexer desconfortável na cadeira.

- Algum problema aqui? - questiono, direcionando ares duros para minha postura.

Tommy nega, levantando levemente as mãos.

- Como dizia, precisamos de voluntários para acompanhar as irmãs e o barão em um tour por Birmingham. - continua em tom suave, acendendo um cigarro e tocando a testa de leve, quase parecia preocupado com algo.

- Não seja por isso, eu vou. 

Um sorriso despontou dos lábios dele, como se esperasse isso mas no fundo não acreditava que fosse acontecer. 

Tommy se levantou e se colocou atrás de mim, apertando firme meus ombros.

- Vamos ao trabalho então.

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