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Antes que eu sequer abrisse a boca, algo me enforca e puxa para trás com violência.

O celular voa para qualquer canto do banheiro enquanto tento arrancar aquele arame que está quase me matando. Tem alguém muito grande e forte atrás de mim.

Com uma mão tentando afrouxar o aperto e outra tateando o cômodo escuro, busco empurrar o corpo com as costas, eventualmente nos chocando contra os objetos no banheiro. Ele me empurra pra frente, batendo minha cabeça no mármore do balcão. Coisas caem e fazem barulho, o que o faz afrouxar por um segundo seu aperto, tempo suficiente para que eu pegasse um frasco do que torço ser perfume, apertando sem parar e sentindo o cheiro enjoativo encher o lugar.

A pessoa grunhe, levando as mãos ao rosto e me permitindo escapar. Vou engatinhando até estar com metade do corpo praticamente para fora do banheiro, sentindo esperança. Meio segundo depois os meus pés são agarrados, me arrastando de volta para dentro. Tateio qualquer coisa para me segurar, esperando conseguir gritar.

Na segunda ou terceira tentativa, a voz finalmente volta, logo quando o aperto recomeça.

- Michael. - é um gritinho quase inaudível, engasgado e sofrido.

A luz se acende e um barulho absurdamente alto ecoa, me fazendo pensar que é o fim.

Encosto a cabeça no piso de forma cansada, soltando o arame. Aos poucos tudo começa a ficar escuro, e sinto uma mão novamente atrás do meu pescoço. 

Só que dessa vez, respirei.

Tossi mil vezes e puxei o ar mais mil, deitando de barriga pra cima, tentava focar a visão que insistia em ser turva.

- Liesel.

Chamava.

- Liesel.

Outra vez.

- Merda! - um grito gutural e extremamente raivoso é emitido, seguido de um soco forte no espelho. - John, vem correndo pra cá.

Tento me por de pé, mas tudo que consigo fazer é engatinhar por meio segundo de forma estúpida, caindo no chão frio novamente.

Sou erguida e levada para um lugar macio e quente, com um lugar próximo ao meu sendo afundado. Algo que arde com força é passado no lugar onde antes estava o arame, me fazendo derramar uma lágrima involuntária de dor.

Um desmaio aqui e outro ali.

Acredito que, muito tempo depois, finalmente consegui recobrar a consciência. Imaginei que fosse ser somente outro sonho idiota, até tentar me levantar de forma brusca.

- Ah. - sinto uma dor horrível, levando a mão ao pescoço.

Havia uma tala fofa e grossa ao redor de todo ele, me impedindo de sentir a carne.

- Lisie.

Um arrepio.

- O que... - franzo o cenho, sentindo a voz rouca e falhada. 

- Não fale, só vai piorar. 

Michael se senta ao meu lado, tocando minha mão. Eu não tenho forças para repeli-lo.

- Ontem a casa foi invadida, nós não sabemos quem foi ainda, nem por quê.

Um acesso de tosse me impede de expressar o que penso ao passo que um canudo dentro de um copo de água chega até minha boca. Eu bebo alguns goles, encarando Michael de forma esquisita.

Ele vai para fora do quarto e eu me levanto, mesmo que sem poder. Caminho até o banheiro e levo a mão a boca, horrorizada com a cena. Haviam muitos cacos de vidro, objetos quebrados e sangue por todo o lugar. Uma arma estava dentro da banheira, largada e esquecida. 

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