Bodies in the dark

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Liesel se mantinha parcialmente consciente naquele momento em que os uivos se tornavam cada vez mais próximos. 

Tinha tanto medo de sofrer ainda mais que desejava que seu coração simplesmente parasse de bater, sem dor, sem nada.

- Por aqui rapazes! - gritou uma voz masculina rouca. - Acho que os cães encontraram algo.

Ela imediatamente começou a lacrimejar de um jeito desengonçado e digno de toda piedade do mundo. Os olhos quase fechados, o rosto caído um pouco para trás, a boca formando um bico por estar extremamente inchada, e aquelas lágrimas rolando, nublando o pouco que conseguia ver ainda. Sons que se pareciam um lamurio de fantasma escapavam, se houvesse alguém ali que não fossem aqueles monstros, certamente se assustaria ao ponto de pensar que aquele lugar era mal assombrado antes mesmo de chegar até ela.

Liesel P.O.V

Por favor Deus, por favor Deus.

Que eu morra de uma vez.

Só consigo pensar nisso, eles estavam voltando para se certificarem de que o crime jamais será descoberto, ou para fazer muito pior.

Não quero chorar mas é impossível de resistir quando o que chegam são cães, cheirando e ganindo em aviso aos donos sobre o que encontraram. Minha mão parcialmente desenterrada ganha vida, eu tento chamá-los para perto de mim, e eles vem, lambendo-a com alegria e aqueles rabinhos balançando de um lado para o outro.

- Meu senhor... - um homem chegou, acompanhado de outros três. Estava a pé, segurava uma arma e um lampião. 

Ele era alto, de olhos azuis e cabelos bem cortados e escuros como a noite.

- Puta que pariu. - outro deles fala, jogando a mão sobre a boca em repulsa ao me ver. 

Era jovem, alto como o outro, cabelos claros e olhos vivos.

Tento me remexer, e com um esforço digno de prêmio consigo desenterrar toda a mão dessa vez, estendendo-a na direção deles.

- Por favor, me ajude. - as palavras finalmente se libertam da minha garganta desesperadas, liberando um turbilhão de emoções impossível de se descrever. - Me ajude.

Agora as lágrimas já são tantas que molham uma parte considerável de terra ao meu redor.

- Tira ele daqui, manda ir buscar o carro, qualquer coisa. - o primeiro manda ao rapaz que o acompanhava, enquanto os outros cavavam com as próprias mãos para me tirar de dentro da cova. - Ele não pode ver isso.

- Tem alguma coisa aí? - outro homem se aproxima, uma voz estranhamente familiar.

- Vai buscar o carro. - o rapaz de cabelos claros diz, empurrando-o pra longe.

- Como assim? - aquela voz novamente questiona, fazendo meu coração se agitar no peito.

- Só vai porra, o Tommy mandou. - ralha.

O farfalhar das folhagens é alto e assim sei que ele se foi, cumprindo o que foi imposto à ele.

Os rapazes me pegam um de cada lado, tentando me por de pés, mas é inútil, eu não conseguia, simplesmente não tinha forças para aquilo. Escorreguei como folha de papel até perto do chão, mas fui amparada novamente, e quando um deles passou o braço por minhas costelas gritei de dor.

- Para! - choramingo. - Tá doendo muito.

Tommy passa a mão no rosto, parecendo-se mais desesperado do que nunca antes fora na vida.

- Você precisa aguentar firme Liesel. - ele passa uma das mãos em meus cabelos, de forma a me encorajar a continuar. - Eu sei que dói, mas agora falta pouco.

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