More lies

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Aquele casal troca olhares intensos por breves momentos.

Fora dali a paisagem continua passando sem parar, ele volta vez ou outra o olhar para a estrada, mas percebe que a companheira continua na sua guerra silenciosa, e como ele irá dizer a verdade? Engolindo em seco, aperta o volante, em sua mente se passam todas as formas de ódio que ela poderia desenvolver por ele assim que as palavras começassem a sair, e se ele queria isso?

Não.

Mesmo não admitindo, Michael Gray havia caído nas graças da paixão, desde o primeiro momento em que pusera os olhos em Liesel, ele soube que a queria. Aqueles cabelos fogosos e os olhos expressivos simplesmente o arrebataram o seu coração, mesmo sendo arrogante por fora, ele via a pessoa que era de verdade quando estavam à sós. Se lembrou de vê-la descer a escadaria em uma pose perfeita e inalcançável, simplesmente a realeza pura, aquela boca perfeita pintada em um tom escuro de vermelho, mas os olhos perdidos, era nítido que pensava e sonhava estar longe dali.

Ele sabia pois já havia sido assim, o garotinho da cidade do poço. E foi aquele garotinho por mais tempo do que deveria, mesmo ganhando a coragem de um assassino, se matou? Ah sim, muitas vezes, e o fazia com prazer ao pensar em quanto o seu bolso se encheria uma vez que aquele obstáculo se fosse, que a empresa enriqueceria, nada mais era do que um disfarce. 

Michael já era perigoso e orgulhoso muito antes de aflorar o novo visual, enganava quem pensava que era somente um caipira inocente.

Se houve intenção de uma aproximação maliciosa por detrás de suas atitudes? Com certeza, ele queria sexo, queria possuir o que os homens sonhavam e ainda sim não conquistavam, e maquinou até conseguir, ainda sim... ali estavam eles, Michael de mãos atadas pela primeira vez, sem respostas para uma mulher.

E aquilo lhe parecia estranhamente familiar demais, como se já tivesse vivido isso antes.

Michael P.O.V

- Você não vai me responder? - Lisie pergunta de volta, retorcendo as mãos de nervosismo, ela queria respostas e não parecia disposta a se contentar com qualquer coisa.

Foco o caminho, despejando mentiras com facilidade ao abrir a boca.

- São nossos seguranças, eles cuidam da empresa e da família. - aquilo saiu natural.

Em parte porque não é mentira, nós fazemos a nossa própria segurança, cuidamos dos nossos interesses, e lidamos uns com os outros.

- Eu não entendo.

- Não há o que entender Lisie, é só isso, são pessoas com família e empregos como qualquer outro, só que lidam de um jeito diferente com as coisas. - fico nervoso com a imaginação que ela tem, consegue ligar tudo muito facilmente, eu não quero ficar sob seu olhar minucioso, sinto que pode me enxergar além do que eu estou disposto a mostrar. - Esqueça isso, por favor.

- Por qual motivo você expulsou Ezio do café naquela manhã? - eu ouço sua voz tremer e percebo de canto de olhos que seus olhos estão marejando, tornando mais difícil continuar com aquilo. - E por que estavam lá na farmácia justo quando ele apareceu de novo?

- Coincidência eu acho. 

Estou desesperado agora, eu só quero que ela pare de falar.

- Eu não acredito. Você está mentindo pra mim, não é só acaso, ele veio de Londres até aqui por mim não foi? - suas mãos voam até a boca, abafando um gritinho de horror. - Ele vai fazer algo comigo?

- Lisie! - adoto um tom de voz autoritário, eu não queria que ela chegasse em conclusão alguma agora, não no carro, não antes de estar em um quarto trancada e sentada, o mais calma possível e sem chances de fugir para me ouvir até o fim. - Eu senti ciúmes, foi só isso, eu não gosto desse cara, não tem nada demais, eu não o quero perto de você.

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