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Michael P.O.V

Estamos reunidos no escritório de Tommy, já é tarde e Liesel está em casa. 

Todos estamos tensos depois que Aberama destruiu metade na recepção da empresa por negarmos agir agora contra os Billy Boys, e eles estão cada vez mais dispostos em nos infernizar por uma disputa de controle ridícula.

- Preciso contar uma coisa. - tiro o cigarro da boca e solto o copo na mesa.

- O que foi? - John pede, palitando os dentes.

- Liesel está grávida.

Um silêncio sepulcral se faz, até mesmo Finn e Arthur estão atentos ao que eu acabei de dizer.

- Quanto tempo? - Tommy pergunta, travando o maxilar e passando a mão pelo rosto.

Sim, essa era uma boa pergunta. 

Se fosse recente isso significava que não somente fora estuprada, como carregava o fruto dessa violência, e eu torcia muito para que não fosse, por Deus, era uma criança inocente mas assim também era Lisie antes de tudo.

- Nós não sabemos ainda.

- Vou ligar pra Grace, foda-se. - batendo a porta, Tommy some da sala como um furacão.

Nós sabíamos que esse tipo de coisa mexia com ele mais do que gostava de admitir e fazia muito tempo que estava capengando sem pensar direito. 

Grace, por mais que era diferente de nós, o fazia botar a cabeça no lugar e agir como precisava.

- Cara...

Fito John, fazendo a dança entre o cigarro e minhas mãos.

- Como ela está? - Finn pede, tirando a boina.

- Com medo. - respondo, levantando da poltrona. - Vou indo, já é tarde. Até amanhã.

O percurso foi rápido até em casa, chego e vou direto para o quarto, a casa já estava escura e sem sinal de vida. Me surpreendo ao abrir a porta e ver o abajur acesso, ela estava deitada lendo alguma coisa, bato na porta e pigarreio para avisar que estou entrando.

- Oi. - digo, tirando o chapéu e acenando. - Só vim pegar algumas coisas, já estou de saída.

- Não. - a resposta rápida me fez voltar a olhá-la, surpreso. - Eu não quero mais dormir sozinha, tenho medo do escuro.

Como negar aquele pedido?

Concordo, indo tomar banho e botando o pijama em uma velocidade recorde. Em menos de dez minutos estou ao seu lado, aconchegado entre as cobertas e lendo um livro também. Era estranho gostar daquilo? Essa paz, coisas ordinárias e sem qualquer motivo para serem excitantes?

Eu me sentia muito feliz, mesmo com as circunstâncias.

O dia começou de forma ótima, estava saindo do restaurante no almoço quando avistei algo que fez meu sangue ferver. Sem algum aviso sequer, cruzo a rua e avanço contra o homem que caminhava tranquilamente, pegando-o desprevenido e surrando-o sem dó.

- Fique longe da minha mulher seu filho da puta. - aperto o rosto de Ezio entre os dedos com violência.

- Você não tem medo dos Billy Boys não é mesmo? - ele ri entre os dentes, cuspindo um pouco de sangue na calçada. - É melhor tomar cuidado garoto, pode se arrepender mais tarde.

Pego-o pela gola de seu casaco e o prenso contra a parede, furioso com aquela ameaça. De dentro do meu próprio retiro uma arma, encostando a mesma de forma firme embaixo do queixo dele.

- Repete.

- Garoto... não vai fazer besteira.

- Michael, larga ele. - Arthur fala, apertando meu ombro. - Vamos embora daqui.

Me viro e encaro Arthur. 

Assovios chegam até nós, tem mais deles vindo exatamente em nossa direção.

- Seja esperto, nós não estamos em vantagem aqui. - ele fala ao pé de meu ouvido, me obrigando a admitir que a situação poderia mudar facilmente.

Viramos as costas e caminhamos de forma neutra para o carro, ouvindo as risadas de alguns deles. Eu vejo de canto de olho quando juntam aquele saco de estrume pelos braços, ele ria com os demais de forma estúpida, quase como se quisesse que aquilo tivesse acontecido.

Já chegando ao escritório, vou até a sala de Tommy com Arthur, ambos estamos nervosos.

- Você o quê?

- Eu não consegui me controlar Tommy, foi mal. - justifico, baixando os olhos em sinal de vergonha.

- Arthur, você não tem juízo? Como deixou que isso acontecesse?

- Tommy, foi tudo muito rápido, quando vi já era tarde demais.

Com um soco na mesa e um xingamento, meu primo mais velho acendeu um cigarro, claramente nervoso.

- Quantos eram? - pede ele.

- Talvez cinco ou sete, não deu pra contar bem. - respondo, sabendo aonde aquilo iria chegar.

- Eles estão em Small Heat, a pergunta que devemos fazer é: desde quando? - Tommy parece absorto em seus próprios pensamentos, traçando uma linha do tempo imaginária. - Vamos chamar Jimmy para uma conversinha, temos que tentar controlar a situação.

Ele aperta as têmporas, pensando mais do que deveria.

- Será que o Jimmy mandou os homens fazerem aquilo? - Arthur tenta procurar um motivo para o que aconteceu, e me parece muito claro naquela altura que poderia sim ter sido em retaliação a nossa negação em ajudá-los. - Quer dizer, é muito covarde, mas acho que faz sentido.

Tommy concorda com um suspiro.

- Estejam prontos, às oito aqui. - ele nos dispensa e vai até o telefone, discando para a telefonista.

Vou do escritório até o consultório da médica em que Liesel estava, ela iria realizar alguns exames para sabermos sobre o bebê. Nem preciso me anunciar, simplesmente entro e bato na porta da sala em que ela está, sendo agraciado pela desconfortável visão dela em uma posição constrangedora.

Me sento na cadeira ao seu lado e seguro sua mão enquanto Daisy volta a examiná-la. Elas conversam sobre coisas tolas e sei que é somente para dissolver o clima, Lisie aperta minha mão com tanta força que sei que meus dedos estão roxos a essa altura do campeonato.

- Terminamos. - a médica diz, jogando algumas coisas fora. - É muito cedo ainda para termos certeza de alguma coisa, se quiser... Vai ter que esperar até o parto.

- Posso pensar um pouco mais? - pede Lisie, retorcendo as mãos no colo.

- Claro, podemos nos encontrar semana que vem se quiser. - Daisy lhe responde, sorrindo fino.

- Certo, pode ser então.

Nós saímos de lá com o coração mais pesado do que antes, uma vez que não tínhamos como saber de quem seria o filho, meu ou deles.

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