28 - Rick.

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Momento difícil pra caralho mas é um momento pra nós ficar ligado, nunca se sabe, vagabundo se aproveita da fraqueza alheia pra aprontar, dei o papo nos moleques, olho vivo geral, segurança máxima, vagabundo tá aí pra querer fuder nós, mas a tropa aqui tá mais ligada do que eles pensam.

Maior parada ver a vó assim tá ligado, quem conhece ela sabe que ele fazia tudo por ela, tinha vida de rainha, já me alimentou muito essa coroa, mãe do meu pai tá ligado, minha vó mermo, sou meio afastado da minha família mas po, vó é vó, não importa o momento, me dava vários esporros, mas eu amo ela pra caralho. 

Não lembro da última que chorei, mas o paizão, foi um pai pra mim na ausência do meu, sempre vi ele como referência de tudo, o cara era foda em todos os aspectos, fazia tudo com cautela, confiando e desconfiando ao mesmo tempo, pra dar uma volta nele, era difícil, cobrava sem dó, batia de frente com qualquer ko, o BRABO.

Presença da Giulya nesse momento tá somando pra caralho, Beatriz apareceu do nada, botei pra ralar e se ficar de muita graça, proibo ela de pisar aqui, tô tristão piranha quer ficar tonteando minha mente, se liga po.

Entrei em casa com a Giulya atrás, quero esquecer esse acontecimento, mente chega vacila pra fazer uma besteira, peguei um tablete na parte de cima do guarda roupa, botei em cima e rasguei o plástico, peguei um cartão e comecei a fazer a carreira.

— Riquelme? — Giulya me chamou parada da porta, encarei ela, os olhos vermelhos — Tá maluco? Você não vai usar isso! — falou vindo na minha direção

— Ou, se envolve não, valeu — falei dando as costas para ela

— EU NÃO VOU DEIXAR VOCÊ DESTRUIR SUA VIDA ASSIM — agarrou meu rosto me obrigando a olhar para ela

— Giulya! Presta atenção! Eu sei o que eu to fazendo. — me afastei dela procurando uma nota de dinheiro

— Sabe? Sabe? Sabe nada Riquelme — falou me fazendo rir — Você não vai usar, NÃO VAI, NÃO VAI — falou passando a mão em cima da mesa e jogando tudo no chão

— Tá maluca porra? — perguntei sério indo pra cima dela

— Vai me bater? BATE — ela falou me peitando — Você não vai se afundar assim, enquanto eu estiver aqui, EU NÃO VOU DEIXAR — gritou séria, sustentando meu olhar

Encarei ela, cheio de ódio, odeio que se meta nos meus bagulhos, ela bufava, o peito subindo e descendo, agarrei o cabelo dela com força, colando minha boca na dela, em um beijo desesperado, ela me beijava rápido, sua cabeça se movimentando conforme o ritmo, minha mão espalmou a bunda dela, com força.

- RK, tá enterrando, brota pra homenagem - menor falou no rádio

Me afastei da Giulya e encarei ela — Vou fazer nenhuma besteira não, fica tranquila — falei pegando meu fuzil

— Promete? — ela perguntou, concordei

Deixei a Giulya perto da entrada da favela, não perguntamos em como ficaríamos, nem tocamos no assunto, deixa rolar.

- Filho, como você ? indo prai - minha mãe falou rápido quando eu atendi a ligação
- Suave, nem vem, clima tensão aqui
- Riquelme, que tristeza! Teu tio com todos os defeitos sempre te carregou pra onde ele ia, arrasada!
- Papo reto, é foda.
- E sua vó? Você foi ver ela?
- Fui, ta malzona, como a Victoria tá?
- Ta bem, quando eu for levar a vic eu vou , vê Leandra e ela
- Jaé mãe, tenho que desligar, fica bem aí
- Cuidado! Te amo muito!

Cheguei no campo, vários balões pra soltar, paizão merece toda homenagem do mundo, menor mandou o alô, tava enterrando, os moleques começaram a levantar vários balões, eu e VN demos seis tiros pro alto, era o número da sorte dele.

Tava geral cabisbaixo pra caralho, sentamos na mesa, hora séria, sem brincadeirinha — Geral sabe que vai ser feito a decisão do paizão! Comando vai continuar comigo, a divisão das bocas tá na responsa do Nego, assim que ele retornar, vamos agilizar isso, ele continua sendo frente da principal, VN na 08, a segurança é a mesma, quatro soldados do paizão vão pra minha segurança, quatro pro Nego e mais quatro pro VN — eles concordaram — O que aconteceu na operação passada, não pode mais acontecer, quase perdemos o tudo, perdemos nosso paizão e mais vários parceiros nossos, eu não quero ninguém de cu doce aqui! Trabalho é trabalho, quem tá dentro tá, quem não tá pode meter o pé, geral aqui é livre para ter suas escolhas!

— Tá certo Rick, nós vai morrer honrando nossa bandeira, geral aqui é cria e quem tá chegando agora já tá mais do que ligado em como é o sistema — VN falou, concordei — Se trair nossa bandeira, nós caça até no inferno — alguns ficaram sérios, pensativos

— Paizão tá orgulhoso, entendeu! Plano dele sempre foi esse mermo, já deu tudo certo! — Maiquin falou do meu lado

Fiquei lá na boca até escurecer, sensação estranhona. eu e VN começamos a contar dinheiro e beber, fumei uns cigarros e usei uns bagulhos.

Olhei a mensagem da Giulya falando que já tinha chegado e que a Carina tinha avisado que o nego tava bem, Deus é com ele po, já já meu irmão tá aí na pista de novo.

— Vou brotar na piranha, precisando distrair a mente — VN falou limpando o nariz, — Cadê Giulya, vazou? — concordei

— Tinha uns compromissos dela lá, vou dar uma descansada daqui a pouco — falei ele concordou

— Madruga aí não Rick, vai dormir um pouco, tá ligado, tá difícil pra geral, mas nós tá junto po — concordei

Matei uma garrafa de whisky e fiquei ali, só organizando a mente, a vida que nós leva é difícil pra caralho, por isso muitos não aguentam, só fica quem tem disposição mesmo.

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Delírios - Livro 2.Onde histórias criam vida. Descubra agora