39 - Julia/Carina.

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Julia.

— Você já realizou esse processo antes? — Dona Lidiane perguntou botando uma luva

— Não, é a primeira vez! — falei nervosa, passando uma mão na outra

— Tem alergia algum remédio? — neguei


Uma conhecida minha me indicou essa senhora, ela já realizou esse procedimento aqui e disse que a recuperação foi bem tranquila, eu me sinto ansiosa, com um medo horrível, nunca fiz nada do tipo e nem sei como funciona.

Alana minha parceira pra toda hora, não ponderou nem um pouco, topou vir comigo de cara, eu não contei de quem era o bebê, ela também não perguntou, só veio.

Uma parte de mim não queria fazer isso, mas pela minha vivência, eu fiz, eu sei que se isso cair no ouvido do meu marido, ele surta, e por mais que seja um caso sigiloso meu e do Carlos, mas nunca se sabe né!

— Então, pode ir tirando a roupa, deitando  — falou me encarando, concordei quieta

Tirei a roupa e deitei, ela veio, um arrepio tomou conta do meu corpo, mãos começaram a tremer e eu tentei falar para ela que meu coração tava muito acelerado, mais acelerado ficou quando uma dor forte ms atingiu, ofeguei, meu peito, subindo e descendo, tudo ficando preto, eu tentava abrir os olhos e não consegui, meu corpo amoleceu e eu desmaiei.

Carina.

Desci do carro, desorientada, minha cabeça doendo de tanto nervoso, só de pensar em perder minha irmã, meu peito dói. 

Entrei no hospital, indo direto na recepção e dando o nome dela, quando a minha mãe me ligou, falando o que tinha acontecido, eu só pensei no pior, só escutava que a Julia estava morta.

Nossa, tanto que eu avisei a Julia, pra ela pensar antes de fazer, olha a que ponto isso chegou, a pressa e o desespero dela, quase leva isso á outros caminhos.

Não é hora de julgar nem apontar o dedo, imagino como que deve estar o psicológico dela, isso não é pra qualquer uma não, tem que ter a cabeça boa, se não isso afeta sua mente de uma maneira absurda.

— Você destruiu sua vida, Julia! Se afundou no fundo do poço! — escutei a voz da minha mãe, respirei fundo e empurrei a porta

— O que houve? — perguntei entrando no quarto, a Julia olhava pro nada, parecia bem tranquila

— Fizeram uma limpeza nela! A Julia por pouco nnão acontece o pior e nunca mais ia ter filho nenhum— minha mãe falou sentada na cadeira — Ela tanto fuçou que arrumou sarna pra se coçar! — suspirei alto

— Mãe não é hora pra isso, tá bom? Aqui nem é lugar pra lavar roupa suja — me aproximei da cama — Ela tem consciência que errou e eu tenho certeza disso, ela já tá bem grandinha, sabe que errou! — falei séria

— Eu quero ir pra casa — Julia murmurou revirando os olhos — Já tô bem! — neguei

— Tu deve ficar aqui de observação, o importante é que tu tá viva hein? — falei fazendo carinho no rosto dela — Cara, nós somos suas amigas, tu não precisa sair fazendo as coisas assim não! Atirando os pés pelas mãos — ela concordou chorando

— Desculpa, eu só queria fazer logo, já tava me sentindo incomodada vivendo como se estivesse tudo bem! — murmurou baixo, concordei

— Relaxa, tá bom? Agora já passou, eu to contigo! — beijei a testa dela

Passei a tarde ali mimando ela, mostrando que eu tava sim do lado dela, as vezes é falta de apoio mesmo, minha mãe dando de doida sempre, quase não presta atenção na Julia, tanto que ela vive na desse bofe que até hoje eu não sei nem quem é, eu tenho a minha vida, também quase não dou atenção, adolescente faz merda mesmo gente, ainda mais hoje em dia!

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Delírios - Livro 2.Onde histórias criam vida. Descubra agora