40 - Giulya.

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Encarei o Riquelme séria, ele bebia uma caipirinha, Victoria brincava no meu colo, completamente distraída, ele estava completamente aéreo, mais aéreo que o normal, chegou em casa, não falando nada com nada, me deixando confusa, depois de ter passado a noite toda fora, saiu atrás de Rayane, sabe lá o que houve.

A garçonete botou nossos pratos em cima da mesa e saiu, Victoria se mexeu animada no meu colo — Fo-me — falou me fazendo rir

— Eu vou te dar, bebê — falei pra ela, Riquelme encarou a gente

— Perdi a fome! — ele falou botando o garfo no prato — Vou meter o pé — fez menção de levantar

— Hã? O que houve, Por quê? — perguntei baixo franzindo o cenho

— Perdi a fome, porra! — ele falou ignorante me deixando impressionada — Se tu quiser fica aí, depois o menor te leva lá em casa! — seus olhos brilhavam e ele não conseguia ficar parado, se coçando, todo estranho.

— Ok! — falei indiferente dando atenção à Victoria, ele continuou sentado, sério, apertando com força o garfo, botei um desenho no YouTube e dei na mão da Victoria — Você tá cheirando né? Dá pra ver nitidamente isso! — falei baixo pra ele sem conseguir me controlar, ele me encarou, como se fosse me matar

— Tá me chamando de viciado? Olha a porra que tu tá falando em Giulya, se liga! — ele falou baixo, neguei com a cabeça engolindo a seco, que homem louco!

— Não tô te chamando de nada, só estou falando a verdade, você tá mesmo! — ele levantou, jogando a cadeira longe e indo em direção à moto, assustando a Victoria que estava distraída com o celular, bufei dando atenção à criança no meu colo — Vamos terminar de papá tá bom? E depois a tia vai levar você no parquinho — ela riu concordando

Ela comeu tudo e eu só bilisquei a comida, tava com uma vontade de vomitar horrível, uma vontade de chorar, eu odeio ser destratada, odeio também o Riquelme com esses surtos repentinos dele, me dói muito saber que ele tá indo por esse caminho, fico completamente sem saída, nunca sei quando é a hora de conversar, é um assunto sério, quando eu penso em falar, ele já está com esse troço na mente.

O menino levou a gente em casa, quando eu abri a porta, meu corpo todo tremeu, o Riquelme tava quebrando a casa toda, literalmente, tinha cacos de vidro pelo chão, roupas espalhadas por toda casa, a Victoria tava abraçada em mim com a cabeça no meu pescoço, quando ela pensou em levantar a cabeça, eu voltei pra trás com ela na mesma hora.

— Vamos no parquinho hein? Vou te levar lá na Melody! — falei andando com ela, ela concordou animada

Cheguei na casa da Carina, meu corpo todo tremia e meu estômago embrulhava de tanto nervoso, eu não tive tempo de explicar pra ela o que tava acontecendo, mas ela entendeu que era coisa séria e deixou a Victoria ficar lá.

Eu cheguei na casa do Riquelme, dessa vez abrindo a porta com mais força, meu sangue fervendo, ele tava sentado no chão do quarto, olhando pro alto, sem camisa, completamente nem aí pro que estava fazendo.

— CARA? VOCÊ TÁ MALUCO? OLHA O QUE  VOCÊ FEZ! — gritei indo na direção dele, ele levantou cambaleando pra trás

— Minha vida tá acabando, tô perdendo tudo , Rayane procurou tanto que achou — murmurou pegando uma garrafa quase vazia de vodka — Não aguento mais esse inferno, cada dia é uma porra — neguei com a cabeça suspirando nervosa

— Olha o que você tá fazendo com você mesmo cara! — falei sentindo minha garganta apertar e meus olhos arderam — Você tá se destruindo, olha a casa como tá, Riquelme! Porra! — neguei com a cabeça deixando minhas lágrimas caírem

— FODA SE, QUERO QUE ESSA PORRA TODA SE EXPLODA, NÃO TO NEM AI PORRA — gritou levando a garrafa até a boca e terminando com ela, puxei a garrafa da mão dele

— PARA! Daqui a pouco você tá dando uma overdose de tanto se drogar e beber! PARA COM ISSO — falei jogando a garrafa na cama e indo pra cima dele — Você tem uma filha pra criar, porra! Você tem a mim, olha o teu estado! OLHA — gritei socando os peitos dele — Esse não é o Riquelme que eu conheço! Esse não é o MEU Riquelme! — solucei sentindo ele segurar meus pulsos — Para com isso! — murmurei baixo, mais pra mim do que pra ele

— Essa é a vida que eu escolhi pra mim, eu sempre soube que uma hora ia ser assim — me soltou e se afastou — Eu te amo porra! Eu te amo! Mas eu sou cheio de defeitos! — neguei com a cabeça encarando os olhos brilhantes dele, completamente fora de si

— Você não vai sair! — falei correndo pra bater a porta do quarto, ele tentou me empurrar mas eu empurrei meu corpo contra a porta, fazendo ela bater com força — NÃO VAI SAIR! Você não tá em condições! Você vai tomar um banho e descansar, tu passou a noite toda se drogando — ele botou a mão na minha boca

— Para de falar essa porra entendeu? EU NÃO SOU VICIADO, NÃO SOU — se afastou me dando as costas — Onde já se viu? Mulher querendo mandar em mim, tá achando que tu é quem? — virou pra mim

— Eu sou a sua mulher! Ou você entra na porra desse banheiro agora, ou eu meto o pé, e nunca mais olho na tua cara — ele me olhou surpreso, apontei pro banheiro, respirando fundo, nervosa

— Jae, Giulya Alves! — falou entrando no banheiro e batendo a porta com força

Eu deslizei ali mesmo, deixando o choro forte vir, que agonia desgraçada, escutei o chuveiro ser aberto e aproveitei para pegar um copo d'água na cozinha, bebi quase a garrafa inteira, quando eu entrei no quarto, ele estava jogado na cama dormindo, o chuveiro continuava ligado, desliguei e tirei a garrafa de cima da cama, comecei a arrumar a casa toda, arrumando o que dava pra arrumar, tomei um banho e peguei a pcx.

Cheguei na casa da Carina destruída, eu só choro, quase não consigo falar — Ele tá envolvido com drogas amiga! Ele quebrou a casa toda, tá completamente louco — solucei forte, ela negou com a cabeça desacreditada — Não é de hoje sabe? Faz  tempo, eu nem sei como ele tá conseguindo comandar as coisas.

— O Rafael tinha me falado, mas eu não quis acreditar! — ela falou chorosa — Aí irmã, isso é pica grossas, eu nem sei o que te falar — me abraçou

— Aí, sensação tão ruim! Ver ele se destruindo assim — ela concordou me amparando.

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Delírios - Livro 2.Onde histórias criam vida. Descubra agora