61 - Nego/Carina.

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*ALERTA GATILHO: Esse capítulo contém cenas fortes que podem gerar desconforto ao ler e te gerar reações emocionais. 

Nego.

- Rick acordou, Rick acordou - Maiquin gritou vindo na nossa direção, com maior sorrisão

Geral levantou, maior afobação, tamo daqui da lage, 2 dias já que o mano tava desacordado, papo reto, graças a deus acordou.

Fui andando rápido, nós tá do outro lado do morro, entrei na casa, passei pela sala e entrei no quarto que o Rick tá, Maiquin mais VN vieram atrás.

- Acordou viado, graças..- a voz do VN falhado - RK? - chamou preocupado

Fui em direção da cama, tocando o rosto dele com a palma da mão, bem pálido, a boca toda suja de sangue, mas algo tava errado, ele tinha se mexido na cama.

- Rick? Riquelme! - balancei ele rápido, sentindo o corpo mais mole que o normal, botei a mão no coração, ainda batendo - Rick, PORRA! - gritei pegando o radinho -Arruma uma ambulância, uma médica, qualquer bagulho desse, agora - falei pros moleques

- Acorda irmão, acorda porra - VN falou sacudindo ele, desesperado - Tu matou ele seu filho da puta? - foi na direção do Maiquin que olhava a cena congelado, agarrou o menor pela camisa e jogou na parede - Tu matou ele né seu desgraçado! - VN falou transtornado

- Que isso VN, tá maluco porra, onde que eu ia fazer um bagulho desse? Tá doido? - Maiquin falou empurrando o VN pra trás e botando a mão nos olhos - E-eu tava aí po, ele pediu água, aí eu fui lá avisar que ele tinha acordado pra vocês, ele tava bem po, e-eu não fiz isso - falou desesperado

Me ajoelhei perto da cama e minha garganta começou a apertar, não sei quanto tempo eu não choro, mas essa porra é foda - Reage irmão, bora porra, tu é o RK caralho - implorei abaixando a cabeça e me debruçando na mesinha do lado da cama - Tu não pode morrer cara, que isso, num faz uma porra dessa não Rick - murmurei baixo, Di óculos e mais 3 manos entraram no quarto

- Vai atrás de uma ambulância, Maicon - Di óculos falou tirando o boné - Nós num vai deixar ele morrer não, ele forte porra, vai resistir - gritou se aproximando da cama

Maicon saiu correndo, e nós no desespero sem saber o que falar, do nada, entraram duas minas, todas de branco.

- E-e - uma delas tentou falar, me levantei

- Salva ele, nós num sabe o que tá acontecendo, pelo amor de Deus - falei nervoso

Elas aproximaram da cama e começaram a mexer nele, de longe eu vi a troca de olhares entre elas, uma suspirou, me olhou sem graça.

- Óbito! - falou baixo na minha direção - E-ele tá morto! - VN socou a parede com força, sendo segurado pelo di óculos, ele começou a se debater e geral começou a falar

- Essa porra tá errado po, o coração dele tava batendo agorinha - falei sério

- Ele tá gelado, n-não tem batimento, n-nem coração batendo - uma delas falou - P-pode ter sido uma impressão de vocês, n-não tem pulsação.

- Ele tava falando com Maiquin po, ele falou agorinha, que porra é essa - gritei - Tá de sacanagem com a nossa cara? - perguntei indo pra cima delas

- Calma irmão, calma - Maiquin falou me empurrando pra fora - Respira, irmão, porra, calma

Sai chutando tudo que vi pela frente, meu corpo vacilando, minhas vistas ardendo, caralho, não acredito nessa porra, que perturbação é essa parceiro? Que sonho é esse?

Carina.

Encarei o Rafael sem entender, vendo o semblante dele bem abatido e ele levantar da cama rápido, com a mão no peito, assustado.

Ele tá bem estranho, desde que chegou hoje cedo, falou pouco e deitou pra descansar, eu nada falei, deixa ele esfriar a mente.

- Rafael.. - tentei falar, ele me interrompeu levantando da cama

- Cadê o RK Carina? Cadê meu mano? - perguntou sério, meu coração acelerou e eu sentei na cama, ja sentindo minha garganta apertar

- Como? Hã? - perguntei nervosa, me enrolando com as palavras

- Tu vai ter que conversar com a Giulya - falou sério me olhando parado perto do guarda roupa - O Rick, e-ele, ele, caralho, ele morreu - meus olhos encheram de lágrimas

- Meu Deus, como eu vou falar isso pra minha amiga cara? A gravidez dela ja é de risco - Ele balançou o ombro e se virou pro guarda roupa, minha cabeça doia, eu abracei ele por trás

- Tenta parecer o mais calma possível, preta, nem eu sei papo reto - falou se virando pra mim e me abraçando forte - Carina, ele tava todo perfurado, 3 tiro nas costas, 2 de atravessaram e um alojado, ia ficar aleijado que o cara falou - sequei meu rosto e deitei a cabeça no ombro dele, meu Deus, não!

- Cara, eu não posso falar isso pra Giulya, não posso mesmo, nem tenho estruturas - falei sincera me soltando dele, nervosa, tô zonza, um choro preso, uma vontade de sair correndo

- É melhor você contar do que ela ficar sabendo da boca de alguém de fora, favela fofoca corre rápido - falou sério jogando umas roupas na cama, ele tava rígido, uma postura estranha, parecia nem acreditar no que ele mesmo tava falando - Preciso ver como tá as coisa aqui, tu pensa sobre isso entendeu, é assuntos sério, ela vai se assustar de qualquer jeito - concordei

Ele foi pro banheiro e eu suspirei, tadinha da minha amiga cara, que inferno, tanta perturbação, nem na gravidez ela pode ter paz? Eu tô com tanto medo de contar isso pra Giulya, meu coração se aperta só de pensar, não quero ela em risco não.

Riquelme, seu desgraçado, por que tu se foi? Que porra! Seu filho da puta, volta fora gente, por favor, tua mulher e tuas crias precisam de você.

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Delírios - Livro 2.Onde histórias criam vida. Descubra agora