65 - Giulya.

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*ALERTA GATILHO: Esse capítulo contém cenas fortes que podem gerar desconforto ao ler e te gerar reações emocionais. 

4 meses depois.

Sinto sua falta.
Cada dia.
Cada hora.
Cada minuto.
Cada segundo.

— A sua pensão é por mês, mas qualquer dinheiro que tu precisar pode tá acionando — o senhor falou me encarando, ele deve ser de algum cargo muito alto da facção

— Eu não quero! — falei sem graça, Nego me encarou sem entender — Digo, eu não vou precisar, sempre trabalhei e agora não vai ser diferente — suspirei

— Qual é, Giulya? Tu tá carregando a criança aí po, herdeiro ou herdeira do rk, que lance é esse de que não precisa? — Nego perguntou sério

— Compadre, eu realmente não quero, se eu vier a precisar..— o cara me interrompeu

— A lei é te deixar bem, tu era fiel do mano, ele morreu contigo, tá carregando cria dele, tu pode até não querer agora — levantou — Mas se tu precisar, num futuro mas pra frente, teu dinheiro vai tá aqui — concordei

Sai de lá toda estranha, mas com um alívio danado de saber que meu compadre que vai assumir tudo aqui, minha preocupação era ser uma pessoa desconhecida.

Entrei em casa e fui tomar meu banho, ainda é bem cedinho, hoje eu vou saber o sexo, tô nervosa abessa, uma ansiedade sem fim.

5 meses de gestação, de muito amor, muitas lágrimas, muita superação, cada dia que passa, fica mais difícil lidar com tudo isso mas eu tenho uma força tão grande dentro de mim.

A gente aprende tanta coisa, uma delas é se foi  assim, é por que é pra ser, eu me questionei muito, o por que? Mas eu também, reconheçi a mulher forte que eu sou, pensei no presente que estou carregando, que é o a minha maior força, o motivo de eu acordar e querer ser melhor todos os dias, e a gente segue em frente né? Por mais que doa, seguimos.

As vezes eu acho que a qualquer momento ele vai entrar por essa porta, com aquele sorriso, todo trajadinho, me falando o quanto sentiu minha falta, eu penso isso há meses, nunca aconteceu,  ele não voltou.

Remember those walls I built
Lembra daquelas paredes que construí
Well baby they're tumbling down
Bem elas estão desmoronando
And they didn't even put up a fight
Elas nem tentaram ficar em pé
They didn't even make a sound
Nem fizeram um som
I found a way to let you in
Eu achei um jeito de deixa-lo entrar
But I never really had a doubt
Mas eu nunca tive dúvida
Standing in the light of your halo
Sob a luz de sua auréola
I got my angel now
Eu tenho meu anjo agora

Minha mãe já estava me esperando na porta da clínica, estacionei olhando o retrovisor para conferir se o carro dos meninos da minha segurança estavam ali e eles estavam, estacionando logo atrás de mim.

Agora eu só ando assim, não saio mais da favela, só para fazer minhas consultas mesmo, e mesmo assim, com os seguranças atrás.

— Oi meu amor, como você tá? — ela falou me dando um beijo na testa

— Bem cansada, cada dia que passa essa barriga pesa mais — reclamei rindo, alisando minha barriga

Fomos caminhando para dentro e a medica ja me esperava, me atrasei um pouquinho, como sempre, troquei a roupa e deitei na cama, uma ansiedade, minhas mãos soavam de nervoso.

— Como anda esse neném? — ela perguntou me olhando — Alguma dor? Você tá com o rostinho mais cheio, isso é bom — concordei 

— Tenho dormido bastante e sentido bastante azia — ela concordou

— E essa cabecinha? Como está? — perguntou dando um sorriso

— Bem melhor do que da última vez — falei rindo

Além de médica, a Laura se tornou uma amiga e tanto, assim como meio mundo, ela sabe da minha história, sabe de quem eu era esposa e nunca me julgou por isso.

Ela começou a mexer nos aparelhos e em segundos o som do coraçãozinho já preenchia o ambiente. É sempre a mesma emoção, uma coisa aquecendo o coração, é inexplicável, um amor tão forte.

— Vamos lá, será que é uma princesinha ou um príncipe? — riu e eu suspirei — Calma mamãe, olha pra tela — pediu

Me ajeitei mais na cama e olhei a tela, onde já se viu a imagem meio borrada, ela foi mexendo em mim e com a outra mão digitava algo no computador.

Oi mamãe.
Eu sou o Richard. 
Eu te amo.

Meus olhos arderam e eu comecei a tremer, sem conseguir controlar minhas lágrimas, meu filho, meu menino, meu príncipe, meu mundo azul, meu Deus, eu serei mamãe de menino.

Eu mal conseguia enxergar a tela, meu coração tava tão acelerado, tudo tremia, um turbilhão de emoções, começou a vir o Riquelme na minha mente, o sorriso dele, o cheiro, o filho homem que ele sempre quis tá vindo ao mundo, o herdeiro.

Tu é trevo de quatro folhas
É manhã de Domingo à toa
Conversa rara e boa
Pedaço de sonho que faz meu querer acordar 💙👩‍👦

*Não esqueça seu fav e seu comentário.

Delírios - Livro 2.Onde histórias criam vida. Descubra agora