37 - Giulya.

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Observei o Riquelme, bem mais agitado que o normal, ele mordia o próprio lábio com tanta força a ponto de sangrar, aquilo de fato, me incomodava muito, dava pra ver nitidamente que ele não estava em seu estado normal.

A Victoria brincava distraída com a Melody, vez ou outra minha atenção ia nela e no quão doce e frágil essa criança é, uma parte de mim, vê isso tudo no futuro e em como essa criação longe da mãe pode afetar na vida dela, o Riquelme vive na vida louca dele, e não dá amparo algum à essa criança, ele é completamente pipa voada.

— Como tá sendo o dia de mãedastra? — Carina falou rindo do meu lado, me dando uma garrafa de Heineken

— Boa, ela é fofa — falei balançando o ombro indiferente — O que houve com você e o nego? — ela fez cara de ranço

— Tô cansada sabe amiga? Ele tá mais ausente que o normal, meu medo é ele tá me chifrando por aí — ela falou entortando a boca — Nunca peguei nada de suspeito, mas tu sabe como é cabeça de mulher né — concordei

— Aí amiga, o Nego é tão cabeça, acho que ele não faria nada que te magoasse não, ele gosta muito de você — ela concordou

— Mas tu confia em macho? Por que eu não — falou me fazendo rir

— Tá certa mesmo, confiar jamais — falei olhando o Riquelme se aproximar — A maluca da Beatriz ligou hoje falando que tava grávida do Riquelme — falei negando com a cabeça — Nem sei qual foi o desfecho da história mas, coisa boa não deu

— Tem mulher que perde a linha por causa de pau e água né? Deus me livre, ele nunca levou ela à sério, sempre foi chacota — concordei

— Antes fosse pau e água amiga! É o malote forte mesmo — falei dando um gole na minha cerveja

Ele me abraçou pela cintura e cheirou meu pescoço — Bora partir? Tô cansadão — concordei procurando a Victoria com o olhar

— Já tá na hora de criança dormir também né? — falei me soltando dele, peguei a Victoria no colo, que já tava toda desarrumada e fui me despedir do povo

Entrei no carro fazendo carinho no cabelinho dela, não esperou nem chegar em casa e já tava dormindo, enquanto o Riquelme estacionava eu fui entrando com ela, acordei ela e dei um banho.

— Mamamamam — ela falou com as mãos no meu rosto — Dadadada — gargalhei penteando o cabelo dela — Fo-me — murmurou devagar

— Vou pegar um danone pra você tá bom, só fica quietinha meu amor, pra mim poder pentear seu cabelo, pra dormir bontinha, cheirosa — falei terminando de botar a chuchinha

— Chei-ro-sa? — perguntou me encarando, concordei — Danone — falou fazendo biquinho

Ri pegando ela pela mão e sentando ela no sofá, vez ou outra ela solta umas palavras, questiona as coisas que a gente fala, peguei um Danone e dei à ela, Riquelme entrou em casa uns vinte minutos depois, bem sério.

— Vou ter que sair pra uma missão aí — falou sério — Minha irmã tá aí, alguma merda aconteceu — meu coração apertou

— A Rayane? Como assim amor? Do nada? — perguntei ninando a Victoria que me encarava com os olhos caidinhos

Ele concordou e foi pro quarto, voltou me deu um beijo e saiu, a Victoria já dormia no meu colo com o rosto no meu pescoço, botei ela na cama, rodeando ela de travesseiros e fui tomar um banho, já se passava de 00h40, meu celular tocou, o nome da Alana apareceu na tela.

- Alô? - Atendi botando no viva voz, me secando com a toalha 
- Giulya? Giulya? Cara, tu não sabe o que aconteceu - ela falou com voz de choro
- ALANA, O QUE HOUVE?
- Tô no hospital! - ela falou rápido
- O que houve Alana? No hospital fazendo o que? - perguntei botando meu top
- Sei nem como te falar isso cara..a Júlia tava grávida.. .- murmurou baixo, vesti meu short de dormir e sentei na cama, olhando a Victoria toda esparramada
- Fala logo porra, você me liga a essa hora e fica de cu doce pra dar a notícia, cadê minha mãe, ela tá bem? - perguntei preocupada
botando a ligação no modo normal
- Tá, não é nada com ela não - ela tossiu - Cara, a Julia foi fazer um negócio, deu tudo errado, sei lá, deu reação nela, ela tá toda ruim aqui no hospital - dei um pulo da cama
- COMO É QUE É? ALANA, ELA TÁ VIVA? MEU DEUS - sai do quarto
- Tá, Tá, tá falando, tá viva! - ela falou alto - Acabei de falar com a mãe dela, ela tá vindo pra cá, to te falando mas não comenta nada com a minha mãe não pra não preocupar ela, se ela pergunta fala que eu to ai
- Nada disso! Vou falar sim, vocês são doidas? Se alguma coisa ruim acontece? Cara, vocês tão com a cabeça aonde hein? Puta que pariu - falei puta
- Tô ligada mana, mas graças a deus não aconteceu, vou caçar alguma coisa pra comer aqui e depois te ligo, beijos!
- Beijos - falei desligando

Fui pro quarto e deitei, cara, Alana e Julia juntas só da merda, desde de novas é isso eu nem sabia que Julia tava grávida, tá vendo, elas fazem as coisas sem pensar nas consequências, olha a merda que dá, que nada de ruim aconteça né? Só Deus mesmo.

Acabei não conseguindo dormir, fiquei vigiando a Victoria que dormia abessa, uma sensação ruim, uma dor no peito estranha.

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Delírios - Livro 2.Onde histórias criam vida. Descubra agora