19 - Carina.

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Enchi meu copo e comi mais um pouco de queijo da mesa de frios, Gabriel falava abessa do meu lado e eu nem dei atenção, minha cabeça tava latejando e todo hora meu pensamento ia no Rafael.

Odeio quando eles saem pra missão assim do nada, ainda mais de madrugada, na última missão que o Rafael fez de madrugada e do nada, aconteceu o que aconteceu, tenho trauma real.

Encarei a mulher do VN que me encarava igual, esse ranço dela por mim não passa nunca, fazer o que, tem que engolir que o marido já foi nosso.

— Vamos dar uma voltinha — falei pro Gabriel, aproveitar um pouquinho que o maridão não tá

Gabriel e Thauan vieram atrás de mim, Giulya não quis brotar, ficou em casa, mona boba, logo hoje que eu to soltinha no baile da minha comunidade, nascida e criada aqui, conheço cara por cara.

— Vou arrocha com teu marido, vou postar no Facebook e ainda vou marcar você — a menina cantou quando eu passei — Chifruda original então pega a visão, hoje é dia tbt, tbt com teu maridão — riu

— Entra pra dentro gata! Piadinha quando eu passo é fácil, quero ver bater de frente — falei encarando ela,  ela me encarou de volta com dois olhos arregalados, sou mãe, mulher mas não TO MORTA NÃO, me atenta só pra ver se eu não acabo com esse baile

— Bora Carina! — Gabriel falou me puxando — Tá maluca mona, sossega! — falou rindo

— Tô na sede dessas lanchinho, doida pra rasgar a cara de uma — falei séria, olha, começo logo me tremer

Entrei no camarote com o cão nas costas, tô pra confusão mesmo, mandei uma mensagem pro Nego e nem chegou, odeio quando isso acontece.

— Já quer guiar né? Tá com essa cara de cu! — Thauan falou rindo, revirei os olhos

— Quero fuderrrrr — falei debochada

— Xocotó, ninguém precisa saber disso não — falou me fazendo rir

Bebi minha garrafa de beefeater pink sozinha, desceu igual água, já tava no meu auge, dançando como se não houvesse amanhã.

A mona do Rick me encarando abessa, encarei igual, já tô doida pra arrumar um problema, demônio ainda atenta a cabeça do ser humano.

— Que quié mona? Perdeu alguma coisa aqui? — perguntei para ela e pra mona que tava com ela

— Tenho olho pra olhar — a outra mona disse rindo igual uma hiena

— É mas não fica olhando muito não que daqui a pouco eu te deixo sem ele, não fode porra! — falei estressada, a mona do RK catucou a outra e saiu arrastando ela pra fora do camarote

Levantei meu copo e botei a mão na grade, empinei bem a bunda e rebolei, senti uma mão segurar meu cabelo e puxar pra trás, tentei me virar mas o aperto era forte.

— Eu em missão e tu jogando a porra toda pro alto? Qual foi Carina? — Rafael falou no meu ouvido

Me virei pra ele quando ele soltou meu cabelo, ele tava sério e completamente equipado, me tremi todinha.

— Missão, Uhum! — debochei me virando para mesa

— Quero te amostrar um negócio, deixa esse copo aí e vem! — falou pegando na minha mão

Só deixei ser levada, eu tentava dar uns goles no meu copo mas tava impossível, Rafael andava rápido no meio das pessoas e eu derramando bebida nos outros, o dia já tava claro, devia ser umas 5h40 da manhã.

Chegamos no final do campo, onde tava  concentrado uma grande quantidade de pessoas, no meio delas uma CRIANÇA, dormindo no colo do Riquelme.

Meu corpo travou e passou mil e um pensamentos na minha cabeça — Quem é aquela criança Rafael? — perguntei parando de andar

— Vem cara! Só anda — ele falou me olhando meio que rindo, soltei minhas mãos e cruzei os braços

— Que palhaçada é essa? Dá pra você me explicar? — falei sem paciência

Ele me puxou pelo braço rindo, todos olharam pra gente, parando completamente de conversar, Rafael parou de andar e me puxou pra frente.

— Já tá batendo neurose tu? Caralho, chatona — Rick falou rindo e arrumando a criança no colo — Preciso de uma ajuda tua, comadre — encarei ele

— De quem é essa criança, Riquelme? — perguntei preocupada

— Minha filha po, minha princesa — ele falou todo bobo, meu coração apertou e eu me aproximei

A criança é a CARA do Riquelme, tudinho, me abaixei e fiz um carinho no rosto dela — Cadê a mãe dela? — perguntei me levantando

— Deve tá no fim do mundo umas horas dessas! — Rafael falou acendendo um cigarro

— Vocês....meu Deus? Riquelme? — perguntei  séria me embolando nas palavras, o Riquelme que ria

— Ela tá viva, bem, aconteceu nada disso não! — RK falou levantando com a criança no colo — Só fizemos a busca da minha princesa mermo, aquela lá o que é o desprezo — ele falou ficando sério

— Você roubou um filho de uma mãe? Você viu mesmo necessidade disso?— perguntei sem conseguir me controlar, Rafael me encarou sério — Imagina a dor dela por tá longe da filha? Cara, pior, a criança super acostumada e apegada a mãe. — neguei com a cabeça desacreditada

— Ow Carina, qual foi? Nada haver isso aí po — Rafael falou me repreendendo

— Qual foi? Cara, olha a vida agitada de vocês! Quem vai criar essa criança, dar o amor que SÓ A MÃE DELA DAVA? Eu entendo até tua revolta RK, ela não tinha o direito de meter o pé com a tua filha não! — falei prendendo o cabelo, todo mundo me encarava — Mas é mãe, mãe é mãe independente de qualquer coisa, acho que isso deveria ser resolvido na melhor forma! — suspirei inconformada

Todos me encaravam, o Riquelme olhava pro nada e o Rafael parecia que ia me engolir a qualquer momento.

— Tu pode tá levando ela lá pra ficar com a Melody? Até eu agitar as paradas aqui — RK falou pra mim, concordei

Peguei a criança do colo dele em silêncio, Rafael foi me acompanhando até o carro, quando nós entramos eu encarei ele.

— Rafael, sei que o Riquelme é nosso parceiro, mas ele precisa pegar responsabilidade com a vida, filho é bom, é legal mas não é ser só bom e legal não!  — falei olhando pra janela

— Cada um com a tua vida, Carina! Vou ajudar o mano por que ele me ajudou pra caralho quando nós precisamos — neguei com a cabeça

Preferi meu silêncio, pegamos a pista e fomos direto pra casa, tô um poço de estresse, o álcool no sangue então, só ajuda.


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Delírios - Livro 2.Onde histórias criam vida. Descubra agora