63 - Giulya.

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*ALERTA GATILHO: Esse capítulo contém cenas fortes que podem gerar desconforto ao ler e te gerar reações emocionais. 

Flashback: uns anos atrás

Passei em frente a mesa do Riquelme e ele me encarou, meu estômago gelou mas virei a cara na hora, Deus me free, entrei no bar e pedi a chave do banheiro.

Me olhei no espelho e fiz meu xixizinho do jeito péssimo que dava, esses banheiros são uó.

Porra! — reclamei batendo de frente com alguém, o encontrão foi tão forte que o copo que tava na mão da pessoa molhou meu braço todo.

— Caralho, tu não olha por onde anda não? — a voz grossa falou, levantei a cabeça encarando o Riquelme, dei um passo pra trás me afastando.

— Tu que tromba em mim e eu que não vejo? Eu hein. — falei sacudindo o braço, o volume na cintura dele me dá medo e essa pose de arrogante então.

— Tá toda distraída aí po, presta atenção — falou sério, que medo

— E você não podia simplesmente desviar? — falei abusada, se esse homem faz alguma coisa comigo, eu tô fodida.

— Cheia de marra tu, tá indo com essa marra toda para onde? Se liga rapá — falou fechando a cara, porra, fudeu.

— Marra nenhuma aqui não, parceiro — falei sem conseguir me controlar — Tu me molhou toda e vem de ignorância? — revirei os olhos

— Parceiro? Sou parceiro teu? Posso fazer nada não, na próxima vez presta a porra da atenção. — falou debochado entrando no banheiro

Fim do flashback.

Solucei jogando minha cabeça pra trás, meu primeiro contato com o amor da minha vida nem sonhavamos em ser mamãe e papai, como pode esse homem ter me deixado? O Riquelme é de ferro, pode morrer não.

Eu escutei minha mãe falar com alguém sobre enterro, eu não quero ir em enterro de ninguém não gente, não é possível que isso esteja realmente acontecendo.

Eu tô dopada de suco de maracujá, se eu pudesse, tomaria um remédio para dormir, já que nem isso eu consigo.

— Olha pra mim, olha pra mamãe filha — minha mãe pediu carinhosa

—  Qual é a necessidade disso? Hein? — suspirei revirando os olhos

— Filha, por favor, se negar assim vai ser pior — minha mãe falou segurando minha mão, abaixada na minha frente

— Ele não seria capaz de me deixar — meus lábios tremeram — Toda hora alguém chega aqui, me olhando com pena — solucei e puxei o ar — Ele vai voltar mãe, eu sinto que vai — falei

— Ele não vai, meu amor! Ele já se foi  — minha irmã falou me abraçando de lado

— Para, para, por favor — pedi deitando a cabeça no ombro dela

— Ela não tem condições de ir — Alana murmurou para minha mãe

—  E-eu vou —  falei levantando a cabeça — Eu quero ver ele, mãe — pedi chorosa

Alana me deu banho, me vestiu e me obrigou a comer, as ruas estavam cheias, só se falavam nEle, se eu soubesse tinha ficado em casa.

— Você tem certeza que quer entrar meu amor? Você não precisa, pode ficar aqui fora — Carina falou me dando uma garrafa d'água

— E-eu quero — levantei da cadeira e respirei fundo

Eu vi ele, de longe, foi como se o chão se abrisse aos meus pés, eu não consigo entrar, mas eu vi, o choro preso na garganta, eu não consigo nem falar, quando me virei para sair da capela, eu vi ele de novo, vindo na minha direção, com as rosas na mão, tudo ficou preto e eu desmaiei. 

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Delírios - Livro 2.Onde histórias criam vida. Descubra agora