24 - Carina.

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Escutei alguém bater no portão, olhei para Melody dormindo no chão da sala, subi correndo pro quarto botei a Melody deitada, por mais que os tiros tenham parados, não sou doida, desci e fui andando para fora meio escaldada, confio em ninguém não, tá doido, entrar aqui  e fazer alguma maldade comigo e com a minha filha.

Abri um pouco o portão e vi uns meninos que fazem a segurança do Rafael parados me encarando — O que foi? — perguntei séria

— Po dona Carina — uns eles falou meio sem graça — Eeeer, o RK mandou vim aqui chamar a senhora por que — ele coçou a barba

— Por que o que? Cadê o Rafael? O que aconteceu? — perguntei, ele me olhou meio sem graça, sai pra fora, meu coração acelerado

— O Nego tomou uns tiros mas ele tá consciente, já tá sendo medicado — um deles falou de uma vez só, botei a mão na cabeça e respirei fundo, ele tá bem.

— Tiro aonde gente? Fala as coisas direito, ficam de enrolação, aonde ele tá? — perguntei preocupada, minha voz já se alterando

— Tá lá em cima, na barriga e na perna, senhora num precisa se estressar não, vai dar tudo certo po — falaram, neguei seria

— Eu vou lá, quero ver meu marido — eles concordaram

Entrei em casa vomitando tudo de nervoso, momentos que eu odeio, odeio viver assim nessa balança, já pensou? Perder o homem da minha vida! Minha vida acaba junto, Deus me livre, eu amo esse homem com toda força que há em mim, não me imagino sem.

Limpei tudo e peguei a Melody, chamei minha vizinha que sempre cuida dela pra mim e deixei ela lá, entrei no carro, minhas mãos tremem de nervoso, fui dirigindo, favela tá tranquila, o pós é sempre meio tenso, agora parece tenso o dobro.

Nem tive cabeça para estacionar, joguei o carro na calçada de qualquer jeito e desci, fui caminhando para dentro, senti minha vista ficar toda preta e desmaiei.

— MORTO, O RAFAEL TÁ MORTO CARINA, MATARAM O MEU ÚNICO FILHO — minha sogra gritou me sacudindo — MEU FILHO, MEU MENINO, MATARAM MEU MENINO.

— ME SOLTA, EU P-PRECISO VER ELE, MEU MARIDO, POR FAVOR! — falei me debatendo, me seguravam com forças — P-por favor, é meu marido, por favor — O homem branco, alto e de jaleco negou

— A culpa disso tudo é sua, você ao invés de mudar a cabeça dele para ele largar essa vida, você só alimentou a permanência dele no tráfico — ele falou para mim

Abri os olhos com força encarando a Giulya me olhar preocupada, eu estou sentada em uma cadeira, numa sala.

— O Rafael, cadê o Rafael, irmã — falei tentando levantar, ela me olhou triste

— Ei ei, calma! Ele tá bem! — ela falou segurando minha mão — Tá melhor? Sim? — concordei

Ela me ajudou a levantar e me levou até uma cama, o Rafael me encarou, os lábios pálidos e o semblante abatido, completamente diferente do meu Rafael.

— Amor, como você tá? — perguntei chorando, sem cautela, minha vista tava embaçada já

— Preta, liga pra minha mãe — ele pediu baixinho — Não dá pra mim ficar aqui, eu to todo fodido, Carina — solucei botando a mão na boca — Eu preciso ir para um hospital — concordei

— E-eu vou ligar agora, tá bom, você vai melhorar, calma! — falei me afastando

Minha sogra faltou cair pra trás, a foda seria, como sair com ele, a bomba veio quando eu descobri que o tio do Riquelme tava morto.

Minha preocupação só aumentava e a hora passava, ninguém tinha uma solução para nada — Eu vou descer com ele! — levantei cansada, RK me encarou — Ficar aqui agonizando que ele não vai! — vesti meu casaco e peguei a chave do carro 

— Tu tá achando que é assim? Simplesmente descer? O cara é procurado, tu não vai poder levar ele pra qualquer hospital não, Carina! — VN falou sério

— Eu levo ele pra longe, foda se, morrer aqui
que ele não vai! — Giulya concordou comigo

Rick organizou tudo, foi eu, Rafael e mais um menino, a cada reclamação de dor dele, eu corria mais, graças a Deus fui muito bem treinada por ele, pilota de fuga sou eu, fomos parar em um hospital bem longe, a mãe dele já estava lá esperando.

Tenho certeza que tudo ficará bem, ele bambeia mas não cai não, o livramento foi real, mais uma vez!

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Delírios - Livro 2.Onde histórias criam vida. Descubra agora