Delírios - Livro 2.

35 - Giulya.

Acordei com um barulho alto, levantei a cabeça procurando o Riquelme e ele não tá na cama, alguma coisa tocava em algum lugar do quarto e eu estava sem forças pra levantar e atender.

 — Inferno  — murmurei sozinha me levantando da cama

Encontrei o celular do Riquelme tocando em cima da cômoda do closet, era um número não salvo, tinha 4 ligações perdidas desse número.

 — Riquelme?  — chamei alto andando pelo quarto, indo em direção a porta, mas ninguém respondeu

- Alô? - atendi a chamada
- Quem é? - uma voz feminina perguntou baixo - Eu quero falar com o RK!
- Quem tá falando? - perguntei parando do lado da porta, com a mão na maçaneta
- É A Beatriz - revirei os olhos me preparando pra desligar - Só liguei para dar os parabéns ao mais novo papai do ano, avisa ele aí que eu to grávida! - falou rindo na chamada

Desliguei a ligação e na mesma hora o Riquelme abriu a porta, dando de cara comigo ali parada, ele riu botando a mão no peito.

 — Que susto, doidona!  — falou me encarando de pertinho

 — Beatriz acabou de ligar!  — falei séria , o sorriso dele sumiu — Ela pediu pra te dar os parabéns, papai do ano!  — a cara dele desmontou e eu joguei o celular em cima dele

 — Que palhaçada é essa? — perguntou segurando meu braço quando eu me afastei

 — Não sei, e nem quero saber! Liga pra ela e pergunta, só tô falando o que ela MESMA me falou — ele negou com a cabeça me soltando e saindo do quarto

— Essa filha da puta, tá maluca é? Sempre meti de capa, que porra é essa? Papai é o caralho — ele falou botando o celular no ouvido

Ele gritava e falava alto com um dos meninos: Vai atrás dessa piranha agora, eu quero ela na minha mão hoje, fui pro banheiro e tomei um banho me aliviando desse estresse.

Vagabunda não pode ver ninguém feliz que sofre, mas vai sofrer sozinha, se ela ta achando que eu vou bater cabeça por causa dela, ela tá muito enganada, aceita que perdeu que vale mais gata, pra quem aturou Vivian, aturar ela não é nada, superaaaa!

— Menor vai trazer ela aqui, quero saber que papo é esse, num fode porra — ele falou entrando no banheiro, tava vermelhos de raiva — Querem todas as formas fuder nós, tá vendo po, é isso que eu falo, piranha tenta me queimar de todo jeito — tirou a bermuda junto com a cueca — Tô cheio de ódio mermo— falou me abraçando, se molhando junto comigo

Fizemos um amor gostosinho de baixo do chuveiro, ele metendo devargazinho e eu só gemendo, tudo muito lento, cheio de carinho, eu amo.

— Tô pensando em ir lá na Carina — falei passando o pente no cabelo — Saudade da minha bebê — ele negou tomando um pouco de café

— Maior discussão dela com nego ontem lá no baile — falou acendendo um baseado — Carina bate umas neurose sem fundamento tá ligado, aí fode o menor po! — revirei os olhos, a mulher é sempre a louca né

— Se ele não desse motivos ela não batia neurose — ele me encarou prendendo a fumaça e soltando

— Motivos nenhum, meu compadre é tranquilão, se fosse pra pular cerca já tinha pulado, num pulou até agora, vai pular agora por que? — perguntou me dando selinho rápido

— Tá defendendo muito em, ram — impliquei rindo

— Coe, tu se importa da minha mãe tá trazendo a Victoria pra cá? brabão dela ficar o final de semana todo com a menina, tá ligado, quero sufocar ela não — falou sério, neguei, fazer o que né, é uma criança, não tem culpa de nada.

— Pode trazer, você é o PAI dela, Riquelme! — ele concordou

Peguei a pcx dele e dei um rolê pela favela depois do almoço, passei na loja e depois fui num salão fazer minha unha, as monas tudo olhando pra minha cara, tava nem entendendo.

Tentei a tarde toda ligar pra Alana e nada, mona tomou chá de sumiço legal, fico logo preocupada, Riquelme tava conversando com a mãe dele lá na casa dele e eu marquei da minha loja mesmo, tô nem um pouco afim de bater de frente com essa velha.

— Mona, geral comentando de você e de RK no baile — a menina que trabalha pra mim falou debruçada no balcão

— Povo fofoqueiro, falta do que fazer — falei rindo, eu goxxxxto é quando falam.

— Fofoqueiro nada tá, cena linda vocês dois, achei fofo não nego — a outra falou, gargalhei

— Deu minha hora, podem fechar um pouquinho mais cedo hoje tá? Tem pagodinho na praça, vão curtir — falei levantando, elas bateram palmas animadas

Peguei umas roupas e fui pilotando até a casa do Riquelme, quando cheguei lá dei de cara com a dona Rosana saindo, deu vontade de voltar pra trás.

— Giulya? — ela me olhou surpresa, desci da moto e botei a mochila nas costas

— Boa tarde! — falei sem dar muita confiança

— Não sabia que você e o Riquelme estavam juntos de novo — falou alto me fazendo parar de andar

— Estamos sim — ri debochada, ela concordou

— Que bom né? Espero que as nossas diferenças fiquem no passado! — falou me fazendo rir mais ainda

Não respondi nada só entrei, Riquelme tava brincando com a Victoria na sala, botei a mochila no sofá e sentei do lado dele.

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