34 - Alana.

15.4K 1.2K 104
                                    

Levantei olhando em volta, caralho, eu só faço besteira, levantei da cama, fui andando pelo quarto, muita coisa espalhada, muita roupa jogada pelo chão, bofe relaxado, Deus me livre.

Tocava uma música na sala e eu não me atrevo nem em ir lá, quero só guiar doida pra minha casa mesmo, entrei no banheiro e joguei uma água no corpo, botei a mesma roupa do baile, procurei um chinelo e achei, um três vezes maior que meu pé.

— Bom dia — Maiquin falou encostado na porta do quarto, meu coração veio na boca com o susto

— Tá doido bofe? Que susto! — reclamei vendo ele rir da minha cara

— Tá distraidona aí, se atenta po — falou acendendo um cigarro e sentando na cama

— Preciso guiar pra casa, tenho compromisso — falei arrumando o coque do meu cabelo, ele concordou

— Firmeza, quer que eu te deixei em algum lugar? — neguei olhando a mensagem da Julia, ela tava me esperando na entrada

Sabe aquela coisa de querer ir e não ir, ele começou a me envolver ali, me beijar, descendo beijos e chupões pelo meu pescoço, me atiçando, se não fosse a Julia me ligando, o famoso replay ia rolar.

— Brota no pagode mais tarde? — perguntou destravando a porta do carro, olhando pra frente

— Provavelmente, se eu não receber um convite melhor pela minha área — ele riu debochado, aí gente.

— Vai receber não, vai tá vindo ficar comigo — me olhou, revirei os olhos dando um sorrisinho

— Veremos — ele segurou meu queixo e me deu um selinho

Desci do carro e fui saindo, entrei no carro da Julia que estava estacionado, a mona tá pálida, morrendo de medo, falei pra ela não fazer isso que isso pode dar besteira, mas ela não escuta ninguém, eu vou apoiar né? É minha parceira pra caralho, minha amiga, tá precisando de ajuda, é um ato desesperador, só quem se vê nessa situação entende.

— Vai dar tudo certo irmã, fica assim não! — falei segurando a mão dela, ela ligou o carro

— Tô morrendo de medo, se eu morrer, fala pra minha mãe que eu amo ela, que nervoso, Alana! — coçou a testa e botou a mão no volante

Chegamos no local lá,  fim do mundo, lugar horrível, comecei a sentir um medo, um aperto no coração, sensação estranha, lugar estranho, mais entranho ainda quando pediram nossos celulares, aquilo já tava me deixando meio puta.

— Você pode sentar aqui, ela está terminando uma paciente — a menina falou, concordamos

Não passou nem três minutos e saiu uma mulher da sala, parecia sentir muita dor e tava sendo amparada por mais duas pessoas, ela foi direto para um corredor, sumindo das nossas vistas, minha cabeça latejou e eu encarei a Julia preocupada.

— Vamos? — a menina perguntou pra Julia, levantei juntinho, deixo ir sozinha nada — Você fica, só entra na sala quem realiza o procedimento! — falou pra mim

— Mas ela não..— Julia tentou falar mas foi interrompida

— Não, não pode! — a menina falou ignorante

— Tem certeza, pelo amor de deus? Eu te amo! — falei baixinho para ela

Dei um beijo na bochecha dela e me sentei na  cadeira, observando ela entrar na sala, uns homens, que pareciam seguranças do local, me encaravam sérios e aquilo já tava começando a me incomodar, mas me sentir intimidada, jamais bebê, eu sou cria favela.

Passou 50 minutos e nada, minha bunda já tava doendo de tanto ficar sentada, balancei a perna nervosa, chegaram mais duas mulheres para fazer o procedimento também, eu olhava para a porta que a Julia entrou preocupada, nervosa, o único barulho que se escutava era do ar condicionado.

— Demora assim mesmo? — perguntei preocupada para a menina da recepção

— Sim! — ela respondeu sem me olhar

— Você pode me devolver meu celular? — perguntei me debruçando no balcão, ela me encarou com cara de ranço

— Não! As normas da clínica são essas, tem como você se sentar? — bufei batendo a mão no balcão e me afastei, uma mulher bem mais velha saiu da sala que a Julia entrou e parou no balcão

Ela cochichava com a recepcionista, a cara da recepcionista era de pavor e aquilo foi me apavorando mais ainda — Liga agora, emergência precisamos de uma ambulância! — escutei ela falar, minha cabeça rodou e eu me apoiei na parede.

*Não esqueça seu fav e seu comentário

Delírios - Livro 2.Onde histórias criam vida. Descubra agora