Delírios - Livro 2.

56 - Carina.

2 semanas depois.

Terminei de passar o protetor solar e botei a Melody na pisicininha, tá toda serelepe ela, brincando abessa na areia, se bobear tá até comendo areia e a gente num tá vendo.

Viajar é bom, mas nossa casa é 10x melhor, papo reto, tô morrendo de saudade de dormir na minha cama e cagar no meu banheiro, já estamos duas semanas aqui e pra mim tá de bom tamanho.

Se a intenção era fortalecer nosso relacionamento, parabéns, Rafael conseguiu, estamos bem, 10x melhor que antes, não foi dessa vez que o inimigo conseguiu fazer ciranda.

Minha família é blindada, tenho total certeza disso, podem até tentar fazer a destruição, mas não vão conseguir não.

— Aí sei que já tô parecendo chata, mas quero ir pra casa já, Rafael — falei a agoniada olhando ele quase dormindo na cadeira de praia

— Nós vai po, calma, todo dia tu fala isso, nem parece que tá curtindo — ele falou meio grogue

— Aí amor, eu to né, mas já tamo aqui duas semanas — ele riu pegando o celular

— Tô ligado, preta! — falou tirando o óculos — Mas tô esperando a confirmação pra fazer aquela parada lá, tá ligada, hoje mermo vocês podem tá voltando pro Rio, mas eu vou tá ficando pra missão — concordei

— E essa missão é o que? Aí toma cuidado em Rafael, pelo amor de Deus — falei preocupada, dá logo vontade de chorar

— Calma minha deusa, rainha, primeira dama, fica tranquila que o pai é brabo — me deu um selinho

— Papapa pa pa — Melody resmungou entrando no meio da gente, tá demais essa garota cara, agora que tá andando, pinta o 7 com a nossa cara

Voltamos para a pousada, lugar lindo demais, tô muito apaixonada, se eu pudesse e tivesse condições ia fazer uma casa nesse naipe.

Viver na nossa agitação, na nossa vida é ótimo, mas passar uns dias longe, respirando novos ares é outra coisa também, sem confusão, sem estresse, a gente até esquece um pouco da nossa real realidade mas eu amo a minha favela, não troco por nada.

— Aí, tu vai arrumando as coisa aí, que eu vou encontrá o di óculos — Rafael falou saindo do banheiro, só de toalha

— Vai demorar? Quem vai levar a gente? — perguntei ajeitando a Melody adormecida na cama

— Vou não, vou rapidão — falou vestindo a bermuda — Tu vai dirigindo po, na volta eu volto com os mano — concordei

Ele me deu um beijo e saiu, fico preocupadíssima por que aqui ele não anda armado, a cidade é tranquila, não tem nada, só gringo, mas só do fato dele ter ido encontrar o di óculos, boa coisa não é, parece que algo realmente sério vai acontecer e isso me preocupa muito, por que ele não é de me contar nada relacionado à essas missões.

Catei tudo que tem pra catar, tô morrendo de  saudade da minha gravidinha, depois dessa história da gravidez dela ser de risco, toda hora eu mando mensagem, aí sou chata mesmo, encho o saco mas é só preocupação mas a Giulya amaaa!

O Rafael chegou vinte minutos depois, com 3 mochilas enormes, nem falei nada mas é aquilo né curiosidade fica como, foi só ele entrar no banheiro que eu fui fuxicar, abri uma por uma, um monte de armas, fechei na mesma velocidade.

— Vai ó fofoqueira — ele falou em assustando, porra!

— Aí que susto, caralho! — falei séria, ele riu

— Tá metendo a mão no bagulho aí sem permissão po, vou te deixar logo careca — falou me abraçando

— Duvido — debochei abraçando o pescoço dele — Promete que você vai voltar bem pra casa? — perguntei manhosa

— Quando foi que eu não voltei? Confia, preta! — falou rindo, me dando um cheiro no pescoço

— Tô falando sério, amor — ele me encarou — Se cuida, por favor, Rafael! — concordou

— Já deu tudo certo, fica  pensando nisso não — me deu uma selinho

— Eu te amo, te amo muito, eu preciso de você, sua filha também! — falei segurando o rosto dele

— E eu vou sempre tá aqui po, fica mec, mozão, vocês são minha vida — falou em beijando

Vim embora com o coração na mão, sensação horrível, trauma de toda missão que ele vai fazer, parece que sempre algo ruim vai acontecer, vontade imensa de chorar, até quando isso cara? Até quando vou passar por esses sufocos? As vezes só queria um pouco ele longe disso tudo.

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