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Dulce

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Dulce

Depois da nossa discussão, Alfonso não falou mais comigo. E no dia seguinte do nosso julgamento final, eu e ele sentamos um ao lado do outro, sem nem trocar um "oi". Cada um estava com um advogado diferente e pela expressão dos que assistiam, já haviam notado nossas desavenças familiares.

Aquele julgamento se arrastou em discursos longos que nos detonava e outros que nos defendia. Estava claro que a minha situação era melhor do que a do meu irmão. E por mais que ele fosse um completo imbecil, a ideia de vê-lo atrás das grades doía em mim.

Eu olhava constantemente para trás, em direção à minha mãe, que estava com seus olhos inundados em lágrimas. Desviei meu olhar até Christopher, que já estava me encarando de forma apreensiva.

— O júri tomou sua decisão final. — proferiu o juiz. — A família Saviñon's terá todos os seus bens bloqueados para futuras investigações. Se for constatado que a origem da fortuna é ilegal, tudo será doado ao governo. — apertei forte a minha coxa. — Uma pergunta, Senhorita Saviñon. Consta nos registros que vocês passaram a Saviñon's Publicity para o nome de Allan Morgan. Isso confere?

— Sim.

— E por que fizeram isso?

— A verdade? Nós já prevíamos que iriam bloquear tudo o que era nosso e trocamos o dono da Saviñon's. Eu não queria que os meus funcionários ficassem sem emprego.

— Neste caso, não podemos bloquear a empresa sem uma autorização de seu dono. — ele deu de ombros. — Continuando. O senhor Alfonso Saviñon deverá pagar uma indenização de 20 milhões de dólares para a ONG responsável por amparar as vítimas deste caso. Deve pagar até o fim das próximas 24 horas.

— 20 milhões? — meu irmão arregalou os olhos. — Eu não tenho isso tudo, eu fali! Só trabalhei por dois meses na empresa, só tenho cerca de 3 milhões.

— Se o valor não for efetuado, será condenado a cumprir um ano de pena numa prisão.

— O que? Dulce, você tem dinheiro. Me ajuda. — me encarou com súplica.

Senti o peso daqueles olhos sobre mim, duvidosos sobre a minha resposta. Alfonso não falou comigo o dia inteiro e quando falou, era pra pedir que eu o salvasse mais uma vez. Será que eu era isso pra ele? Um meio de se salvar?

— Não. — eu disse, causando um falatório bem alto.

— Ordem!! — o juiz gritou e aos poucos, o barulho cessou.

— "Não"? — ele me olhou chocado. — Vai deixar eu ser preso?

— Precisa aprender que o dinheiro não pode fazer tudo por você. — ele negou com a cabeça, incrédulo com a minha decisão.

— Eu te odeio. Te odeio. — falou entredentes.

Senti vontade de chorar, mas eu não iria. Ele precisava aprender a ser gente. Se eu pagasse sua indenização de mão beijada, ele não pararia pra pensar nos outros.

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