Dona de Mim

51º

Dulce

E quando achávamos que estávamos chegando a algum lugar, voltávamos a estaca zero. Toda a busca parecia um labirinto sem fim. Alfonso era ótimo em nos despistar.

Depois de mais um dia indo pelo ralo, voltei pra casa na hora do jantar e quando entrei, o lugar estava silencioso, exceto por vozes baixas que vinham do escritório.

Me aproximei da porta a ponto de ouvir Christopher proferir as seguintes palavras "Se eu namorasse com você, me importaria todos os dias. Você é maravilhosa".

Senti o sangue esquentar e subir até a minha cabeça. Aquela frase me assustou totalmente e eu tinha ainda mais medo do que ela significava.

Entrei no escritório e o clima pesou entre nós três, deixando o ambiente silencioso por um longo tempo.

— Bom... acho que nós já terminamos todos os relatórios.... melhor eu ir andando. — ela se levantou e arrumou sua bolsa. — Vejo você na empresa, Christopher. Tenha uma boa noite, Dulce. — falou passando por mim.

— Senhorita Saviñon pra você. — respondi de forma ríspida e ela me olhou surpresa.

— O-ok... — gaguejou. — Com licença...

Quando ela finalmente se retirou, eu voltei a encarar Christopher, que estava com um olhar despreocupado, porém muito sério.

— E então, seu irmão resolveu deixar você encontrar ele? Porque você sabe que só vai achar quando ele quiser que você ache. — sorriu de lado.

— O que ela tava fazendo aqui? — perguntei ignorando tudo o que ele disse sobre o Alfonso.

— Estava sendo a minha assistente. — respondeu como se fosse óbvio.

— Eu não sabia que assistentes tomavam vinho com seus chefes. E três garrafas? Uau! — apontei para as garrafas vazias sobre a mesa.

— Qual o problema? Ela também é uma amiga e nós não estamos no ambiente de trabalho.

— O problema é toda essa situação inconveniente! — berrei com raiva. — Ou você ficaria tranquilo se me pegasse aqui bebendo vinho e chamando Allan Morgan de maravilhoso?

— Por que você tá comparando a Fuzz com o Allan? — franziu a testa. — Os dois são pessoas completamente diferentes!

— Qual a diferença?

— Ela não é má! Não estava aqui por interesse próprio, veio me trazer relatórios e além disso, fui eu quem sugeri que tomássemos vinho, não ela!

— Ah, então o safado é você! — cruzei os braços.

— O que?? Como pode falar isso?? — perguntou com indignação. — Eu nunca faria nada disso com você!!