Dona de Mim

76°

Christopher

Era a hora do Alfonso ser preso e eu precisava ficar perto da Dulce. Cancelei todos os meus compromissos na empresa e logo cedo eu fui até o endereço da nova casa onde ela já estava.

Passei pela cerca e toquei a campainha ao chegar até a porta. Demorou um pouco até que ela surgisse, ainda de pijama e com uma cara de sono.

— Ainda estava dormindo? — franzi a testa.

— Demorei a pegar no sono. — explicou. — Entra. — ela deu espaço e eu entrei.

— O que achou da casa? — perguntei sentando no sofá.

— Perfeita. — sorriu. — Não acredito que me escondeu isso.

— O Alfonso pediu.

— Então... você vai vir morar aqui? Tipo, quando o bebê nascer? — coçou a nuca como se a pergunta lhe deixasse nervosa.

— Hm... não?

— Mas a casa é sua, você vai poder se quiser.

— Dulce, a casa é sua. O seu irmão comprou pra você. Não interessa que meu nome esteja na escritura.

— Sendo assim, obrigada.

— Já viu o quarto do Bernardo e do bebê? Eu ajudei a mobiliar.

— Ficou incrível!

— Eu preciso ser um bom pai, não é? — sorri.

— Você já é um ótimo pai. — falou com sinceridade. Eu segurei a mão dela e depositei um beijo.

Passamos a manhã conversando sobre as crianças e como seriam as coisas na nova casa. Não falamos sobre nós e eu nem me atrevi a alfinetar ela com os meus ciúmes ou a minha total incapacidade de deixá-la para trás. Hoje a Dulce precisava de paz.

Era quase meio dia quando a campainha dela tocou. Era Alfonso, provavelmente vindo se despedir. Eles se abraçaram por vários minutos e eu ouvi Dulce dizer "sinto muito" dezenas de vezes, como se ela fosse culpada por tudo. Mas não era.

— Está tudo bem, é só um ano. — ele falou, segurando o rosto dela. — Eu tive muita sorte. Agora eu só quero que você fique bem e saudável. Todos vocês. — olhou para mim. — Vai cuidar dela, não vai?

— Só se ela deixar. — eu ri de leve.

— Christopher, eu posso falar com você antes de ir? — ele perguntou.

— Pode. — depois de um último abraço em Dulce, eu fui com ele para a varanda da casa. — O que quer me dizer?

— Primeiro, eu quero te pedir perdão. Você é um cara incrível e se tornou um dos meus melhores amigos desde que voltei. É horrível ver que eu te decepcionei tanto.