58º

1.9K 147 37
                                    

Dulce

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Dulce

Sabia que provavelmente Christopher havia me esperado o dia inteiro. Com a esperança de que eu mudasse de ideia. E eu tentei. Tentei levantar daquela cadeira e ir até lá resolver tudo.

O que me travava era o meu medo. Tinha medo de perdê-lo. Christopher era perfeito demais pra mim, tão perfeito que era possível que fosse fácil ele se cansar e simplesmente ir embora. Ninguém nunca me amou de verdade por tanto tempo assim e a ideia de perder ele me fazia entrar em pânico.

Minhas mãos deslizavam no volante do carro de tão suadas que estavam. A minha ida para casa foi regada de tensão e pensamentos negativos.

Quando finalmente entrei em casa, avistei Christopher sentado no sofá, cabisbaixo, com os cotovelos apoiados no joelho e sua mãos unidas. Deduzi que estava ansioso, já que tremia incessantemente sua perna esquerda.

— Oi? — eu disse. Ele me olhou de forma séria.

— Eu te esperei na minha sala, mas você não apareceu.

— A gente já tinha conversado tudo o que tinha pra conversar. — cruzei os braços.

— Eu tô tentando insistir aqui. Quero te entender, então, me ajuda.

— Quer saber? Eu não suporto a ideia de que mais alguém te queira! Tem noção do quão insuficiente eu me sinto? Lógico que existem milhões de mulheres melhores do que eu e seria muito fácil uma delas te conquistar. Eu sou facilmente trocável!

— Isso é insegurança. Mas de onde vem esse sentimento? — ele suspirou. — Você é única e eu sempre te disse isso. Mas não adianta eu ficar dizendo se você não é capaz de enxergar isso em si mesma.

— Como eu posso enxergar isso? Todo mundo que eu amo e que diz me amar vai embora. Sempre acho que não consigo manter as pessoas perto o suficiente, que não tomei cuidado o suficiente! Eu não quero perder você. — minha fala era rápida e desesperada. Ele ficou de pé e me analisou antes de dizer mais alguma coisa.

— Quando alguém não recebe amor de verdade na vida, não é capaz de identifica-lo. Eu não conheci o seu pai, mas eu conheço a sua mãe e apesar de ela estar tentando ser uma boa pessoa agora, ela era terrível. Sempre tentando te dizer o que fazer, como se só fosse capaz de te amar se pudesse ter controle sobre você. E eu não te culpo por pensar que essa é a forma certa de amar. Eu tô disposto a te ajudar, nós podemos crescer juntos. Se... você prometer que eu vou ter a liberdade profissional que eu tenho direito.

— Eu... — comecei a sentir as lágrimas queimarem em meus olhos. — Desculpa... — neguei com a cabeça, sentindo as gotas escorrerem por minhas bochechas.

— É uma pena... — vi ele desviar o olhar e esfregar um dos olhos, como se tentasse não chorar. — Creio que isso esclareça tudo. — de trás do sofá, ele pegou uma mochila e uma mala.

Dona de Mim Onde histórias criam vida. Descubra agora