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Christopher

Depois de uma caminhada de duas horas com Christian, retornei para a minha casa. Maitê e Dulce arrumaram a mesa do café da manhã e eu fui direto para a cozinha preparar a comida.
Percebi que durante todo o café, Dulce ficou um pouco calada, como se estivesse pensando em alguma coisa.

— Que tal se a gente revezasse e começasse também a servir café da manhã? — Christian sugeriu. — Eu juro que se essa fosse a primeira refeição do meu dia todos os dias eu nem iria pensar no que comer mais tarde.

— Eu fico grato, mas teria que ir trabalhar de madrugada pra deixar tudo pronto. — falei. — Além disso, a gente só faz almoço em três dias da semana e pra mim está ótimo.

— Por que não contratam mais um chef? Ele pode cuidar dos almoços, assim a gente faz todos os dias. Christopher fica com os jantares. — May olhou para Dulce.

— Bem, quem manda na cozinha é o Christopher. — Dulce respondeu.

— Eu acho que eu não quero outro chef. — sorri sem jeito.

— Ciúmes da sua cozinha? — Christian riu.

— Claro que sim. — respondi.

— Tudo bem, sem mais chefs. — Dulce ficou de pé. — Eu vou acordar o Bernardo, já está tarde. Me lembre de não deixá-lo jogar videogame até tarde de novo. — ela saiu.

— May, aconteceu alguma coisa? — perguntei me referindo à Dulce.

— Eu sei, ela tá esquisita. Deve ter sido a visita daquele homem.

— Que homem?

— Acho que o nome dele era Alfred. — deu de ombros. — Enfim, eles conversaram e ela ficou assim depois que ele foi embora, mas não me disse nada e eu não quis perguntar.

— E quando achamos que os problemas acabaram... — Christian indagou.

{...}

Por volta das 10 da manhã, eu vesti meu uniforme e desci as escadas. Às sextas e aos finais de semana, nós servíamos o almoço.

Vi Dulce sentada no sofá, amamentando a Marie, enquanto na televisão, um desenho animado passava, prendendo a atenção de Bernardo que estava deitado nas almofadas no chão.

Ela ainda vestia o pijama de mais cedo, o cabelo estava preso num rabo de cavalo desarrumado e eu notei que os seus óculos estavam tortos. Seu olhar era tão distante que eu duvidava que ela estivesse prestando atenção na televisão.

— Amor? — me aproximei.

— Sim? — ela me olhou.

— Não vai trabalhar?

— Não. A Annie consegue segurar as pontas pra mim.

— Está tudo bem? — apoiei meus braços na cabeceira do sofá para ficar mais perto dela.

— Por que não estaria?

— Desde que eu voltei da caminhada você parece um pouco distante.

— Eu só quero ficar um pouquinho em casa com as crianças, ok?

— Ok. — assenti. — Quando eu voltar, vamos conversar sobre Alfred. — vi ela respirar fundo.

— A May te disse?

— Sim.

— Não tem muito o que saber.

— Então, me conta agora. — dei a volta e sentei ao seu lado.

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