Entre a Vida e a Morte

46- run away🌷

Com os olhos vidrados na janela do carro, eu ia prestando atenção em cada árvore que passávamos. Já cansada de contar arvores, decido quebrar o silêncio perturbador.

Eu- Para onde estamos indo?

Kira- Já estamos chegando.

Eu- Você falou isso a duas horas atrás.

Kira havia acordado minutos depois que arrumamos as coisas, perdi as contas de quantas vezes eu perguntei como ela sabia que eu estava tendo aquele sonho, mas a mesma só falava que me viu sufocar. Vivo há muito tempo com ela, e sei bem quando a garota está mentindo.

Jin estava dirigindo o carro e ao seu lado Kira o guiava com um mapa, Taehyung estava quieto demais, o que já estava me deixando preocupada.

Eu- Você está bem?

Taehyung- Ah..que..Sim, estou bem sim.

Eu- Okay né.

Namjoon não perdia uma oportunidade de dormir, o garoto não podia se encostar em algum canto que acabava dormindo. Sua calma e força de vontade me surpreendia.

Kira- Chegamos.

O lugar era rodeado por uma densa floresta escura, e a nossa frente havia um portão de ferro enorme. Kira desceu do carro e tocou na campainha da casa, escutamos um barulho enorme e logo depois o portão foi aberto revelando ao longe um chalé enorme.

O chalé tinha muitas luzes, na frente, uma escada enorme que dava para porta, sua porta era feita de madeira assim como todo o chalé. Adentramos a propriedade sem mais demora, e qual não foi a minha surpresa quando vi o senhor Jeon nos esperando logo na entrada.

Taehyung- Isso é sério? O que ele está fazendo aqui?

Jin- O chalé é dele.

Taehyung- Vamos voltar agora!

Kira- Se você quer ela viva, vai te cooperar - A menina falava apontando para mim - Por favor Taehyung, só alguns dias.

Taehyung bufou de raiva abrindo a porta do carro e saindo com muita raiva.

Kira- Acorda ele para nós?

Eu- Deixa comigo.

Tio Jin e Kira foi em direção aos dois rapazes que estavam prestes a começar uma briga. O mais velho dormia tão tranquilo que me dava pena acordar ele.

Eu- NAAAAAM.

Namjoon- AI MEU DEU...QUE...não fui eu.

Namjoon me agarrou parecendo uma criança perdida, e por um momento eu me arrependi de ter acordado ele daquela forma. Mas posso dizer que foi muito engraçado ao ponto de me fazer morrer de rir.

Eu- Calma Nam, já chegamos.

Namjoon- A sua pirralha, você me paga!

Descemos do carro na intenção de se juntar ao resto do pessoal, mas parecia que estavam prestes a começarem uma guerra.

Namjoon- É melhor você ir logo.

Eu- Porque eu?

Namjoon- Só você sabe conter a fera.

~°°°~

Jeon- Tudo o que eu mais queria era ela comigo, e você está me acusando de ter entregado ela para aquela vagabunda?

Taehyung- Você tem duas caras, eu não duvido nada.

Eu- JÁ CHEGA!

Os dois entrelaçaram os braços fazendo birra de criança.

Eu- Por favor, porém.

Taehyung- Teremos essa conversa depois, você não vai escapar.

Os meninos foram pegar as malas que estavam no carro, trouxemos apenas o que achamos que iriamos precisar, iríamos ficar por tempo indeterminado, pelo menos para despistar Ketryn. O futuro agora era incerto, talvez eu conseguiria quebrar a maldição e ter minha tão esperada vida ao lado do Kim Taehyung.

Eu- Ei..Senhor Jeon?

O maior se virou com um sorriso largo no rosto esperando que eu falasse.

Jeon- Sim?

Eu- É... An..deixa para lá.

Jeon- Tem certeza?

Eu- Eu ia dizer que estou muito grata por nos hospedá em sua casa.

Senhor Jeon se aproximou perto do meu ouvido assim dizendo - Faço isso por você, eles são uns chatos.

O chalé era enorme, completamente aconchegante, seus moveis todos cobertos por uma capa preta de couro, no centro da sala havia um tapete de urso, e em cada parede uma cabeça de servo. Sua escadaria toda de porcelana com os puchadores de madeira, suas cortinas também pretas combinando com os moveis, era maravilhoso.

Jeon- Todos vão ter os seus próprios quartos.

Taehyung- Não vão deixa-la sozinha.

Eu- Eu sei me cuidar.

Kira- Não vamos brigar agora né? Está tudo bem assim Jeon, muito obrigada.

~°°°~

Cada um de nós escolhemos os nossos quartos, Taehyung insistiu que queria dormir no quarto ao lado do meu, porque segundo ele, eu não sei me cuidar.

Como será o amanhã?

Eu aproveitei ao máximo da minha vida?

Bom, agora estou na varanda do meu quarto, falando sozinha, e acabo de perceber que não aproveitei ao máximos da minha vida. O que eu poderia aproveitar? Todos que achei que eram minha familia, na verdade mentiram para mim, mas eu não os culpo, foi para me proteger. Pelo menos eu acho.

Da vanranda do meu quarto dava para ver um piano, bem ao longe em meio a uns arbustos. Aprendi a tocar quando ainda tinha doze anos, meu pai havia me encorajado a fazer aulas, mas já faz dois anos que não sei o que é sentir uma tecla em meus dedos.

Isso..eu irei lá.

Abri a porta do meu quarto tentando fazer o mínimo de barulho possível, quando passo pela porta dos outros quartos, desço as escadas correndo com um enorme sorriso no rosto, lembro-me de quase tropeçar no meu próprio pé. Abri a enorme porta da sala, e foi difícil não fazer barulho, então o jeito seria correr mais rápido, assim eu não seria pega.

O piano era de marfim, no lado esquerdo estava gravado Bosendorfer, uma das melhores marcas da Alemanha. Os pés do piano eram contornados com desenhos feitos a mão, e suas teclas? Elas eram perfeitas, e branquinhas. 

Sentada no banco de frente ao piano, eu apenas retiro o faixa que amarra meu longo bebidou preto, enrolo a mesma em meus olhos, dando duas voltas. Esse é o único jeito que sei tocar sem sentir vergonha, mesmo não tendo ninguém perto de mim, a sensação de está em meio a uma platéia me deixa atônita.

Primeira tecla...

Fuja minha querida.

Segunda tecla...

FUJA....FUJA.

E com um grito ensurdecedor a faixa que antes cobria os meus olhos, havia caído no chão, e ao redor dos portões mulheres de preto me fuzilava. Seus olhos transbordavam raiva, e seus punhos estavam fechados com força. A frente de todas aquelas mulheres, Isrishina se destacava miseravelmente, ao contrário das outras seu vestido era branco.

Parecia impossível para elas atravessarem o portão, pois as mesmas só ficavam a me espreitar de longe.

Jin- O que você está fazendo aqui menina?

Eu- Eu..eu.

Jin- Não importa, vamos para dentro agora, Jesus, cadê suas roupas?

Ao olhar novamente para o mesmo canto onde todas aquelas mulheres estavam, não havia mais nenhuma no local. Como em um passe de mágica todas sumiram assim como apareceram.